Sítio do Piropo

B. Piropo

< Coluna em Fórum PCs >
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26/10/2009

< Frescuras de Windows Sete III: F8 >


Atenção: os usuários que estiverem interessados nas funcionalidades de Windows 7 podem – e devem – pular o trecho em itálico. Se não o fizerem, leiam-no por sua própria conta e risco e, por caridade, abstenham-se de reclamar que ele diverge do tema.

Toda vez que se escreve neste Fórum sobre Windows um pequeno grupo dos devotos de Linux se alevanta para defender o indefensável: que um sistema operacional que, embora gratuito, não consegue empolgar sequer cinco porcento dos usuários é “melhor” que Windows, que detém 90% do mercado embora custando caro. E o fazem, sempre, de forma caracteristicamente indelicada, arrogante e profundamente desagradável, agindo como se fossem detentores da verdade única e que o restante da humanidade não passasse de um bando de pascácios que não consegue perceber o quanto eles são superiores. Eu não sei qual é o exato sentido que eles atribuem ao adjetivo “melhor”, mas vou tentar evitar que a discussão inócua continue nos comentários a esta coluna fazendo as considerações abaixo e solicitando que os demais leitores, que estão interessados em aprender a usar Windows 7 de forma profícua em seu trabalho diário e cansados de discussões estúpidas e grosseiras que chegam a conter insinuações de suborno, concordem formalmente com tais considerações, o que, se os (poucos e mesmos de sempre) beócios que insistem em postar comentários com o igual conteúdo possuírem um mínimo de inteligência (sobre o que tenho dúvidas, embora ainda nutra esperanças), fará com que desistam de postá-los por inúteis, já que desde já eu e os demais usuários de Windows concordamos com a coletânea de pérolas e dogmas do culto ao Linux abaixo transcrita, postada por seus devotos e copiadas sem qualquer alteração mantendo o português (?) original:

1) 100% das coisas do 7 foram criadas pela Apple e pela equipe do KDE.
2) Convergencia, nada mais que isso, prova que o linux anda no caminho certo.
3) Apesar dos avanços que foram feitos no Windows, acho que faltou um pouco de crédito a Apple e a turma do Linux, que já vem empregando a anos esse tipo de funcionalidade.
4) Ainda falta mt coisa a ser copiada do Linux (que a Microsoft fará a cada novo windows).
5) A maior prova de reconhecimento é a cópia não é mesmo?
6) 100% das "frescuras"... são copiadas mesmo, maioria do OS X.
7) Não quer dizer que a MS não crie, só copia muito mais do que cria. Todas essas firulas já pertencem ao mundo linux a muito tempo.
8) Windows 7 é a Cara do Conectiva 10 de 2004 com as features do KDE 4.
9) 15 anos depois do KDE e GNOME o Windows adotou uma ferramenta de captura de tela.
10) todas essas frescuras mencionadas já pertencem ao compiz tem 2 anos

E, finalmente mas não menos importante:

11) é muito triste ter conhecimento e ser ao mesmo tempo teimoso e sem educação (parece que o cavalheiro se referia a mim, mas presumo que o adágio se aplique igualmente a todos os que compartilham das mesmas qualidades, ainda que usem Linux).

Sendo assim e já que, repito, todos estamos de acordo em relação às assertivas acima, solicito aos interessados que não voltem a postá-las. E peço encarecidamente aos moderadores que, já que todos estão de acordo com elas, caso comentários contendo as mesmas afirmações ou outras dela derivadas e com elas consoantes venham a ser postados adiante, que os movam o mais rapidamente possível para um local onde as pessoas que estão especificamente interessadas neles possam se deliciar com as profundas verdades ali contidas e poupem delas os usuários de Windows.

Atenção: o texto acima não se dirige a todos os usuários de Linux, entre os quais sei que há gente séria e decente por conhecer muitos. Dirige-se apenas e exclusivamente aos beócios grosseiros, arrogantes e estúpidos que postam comentários estapafúrdios e defendem o sistema com fé cega, faca amolada, histeria, parcialidade e fanatismo. Se você se sentiu de alguma forma atingido com seu conteúdo é porque, por sua conta própria, se enquadrou entre os destinatários.

Agora, ao trabalho.

Antes de prosseguir com a discussão das funcionalidades incorporadas ao Windows 7 que batizamos aqui de “frescuras de Windows” convém abordar uma questão que vem sendo apontada por alguns leitores nos comentários às colunas anteriores: algumas destas funcionalidades já haviam sido incluídas na versão anterior, Windows Vista.

É verdade. Mas ainda assim julgo conveniente abordá-las, e por duas razões.

A primeira é que muitos dos usuários Vista (como, para lhes ser franco, eu mesmo, que vinha usando o sistema há três anos) desconheciam muitas delas e sempre é bom tomar conhecimento de funcionalidades desconhecidas mesmo quando não são novidades. E a segunda é que, considerada a pequena aceitação do Vista pelo mercado e os comentários positivos que Windows 7 vem provocando entre seus usuários, é provável que muitos migrem diretamente do XP para o 7 o que fará com que, para eles, estando ou não presentes no Vista, elas sejam novidade. Mas agradeço, sim, aos leitores que apontarem que esta ou aquela “frescura” já vinha deste os tempos do Vista.

Agora, mãos à obra que falta pouco.

F8: As bibliotecas

Ao que parece uma das grandes novidades de Windows 7 são suas “Bibliotecas”. Abra o Windows Explorer e ele mostrará no painel direito um conjunto de Bibliotecas e, no esquerdo, um conjunto de atalhos (cujos itens que exibe podem ser objeto de configuração por parte do usuário, portanto o que aparece na Figura 1 pode ser diferente do que aparece em sua tela).

Figura 1: Windows Explorer aberto nas Bibliotecas.

Mas o que são essas tais “Bibliotecas”? Uma das respostas possíveis seria simplesmente: mais um passo (desta vez, ao que parece, com maior chance de ser bem sucedido) da MS no sentido de implementar o novo sistema de arquivos WinFS, não mais hierárquico, porém “centrado em documentos”. É verdade, mas para quem não está interessado em sistemas de arquivos nem tem conhecimento técnico sobre o assunto pode parecer uma resposta tanto hermética. Outra, seria: “um continente (objeto que contém, ou “container”) de ponteiros (ou referências) para pastas e arquivos de um sistema de arquivos hierarquicamente estruturado”, mas esta parecerá ainda mais hermética. Então vamos falar uma linguagem que todo o mundo entende: as Bibliotecas representam a forma que a MS desenvolveu para que, em Windows 7, você encontre seus arquivos com facilidade não importa onde os tenha armazenado.

[Todas as explicações acima estão corretas e fazem sentido; mas como aqui estamos muito mais interessados em “como usar” as coisas do que em deslindar “o que elas são”, vamos deixar todo e qualquer aspecto técnico de lado. Porém quem quiser ter uma ideia mais detalhada de “o que são” as bibliotecas e entender direito esse negócio de continentes de ponteiros e estruturas hierárquicas e não hierárquicas, pode dar uma olhada na coluna Windows 7 Beta VI: Usando as "libraries", escrita ainda nos tempos da versão beta de Win7 mas cuja essência continua valendo]

A questão que mais aflige os usuários prestes a migrar – ou recém migrados – para Win7 quando se fala em Bibliotecas é saber como lidarão com elas. Isto porque todo o mundo está acostumado a trabalhar com seus arquivos dentro de suas pastas que ficam dentro de outras pastas que ficam dentro de unidades de discos ou outras pastas que ficam dentro... (e assim por diante; incidentalmente: esta é a ideia de “estrutura hierárquica”). Como se orientar com as tais bibliotecas?

Pois tem um jeito tão simples que mal dá para acreditar.

O ponto essencial no que diz respeito a bibliotecas é que elas podem receber pastas. E basta entender isto para que uma pessoa acostumada há anos com suas pastas passe a usar as bibliotecas de forma absolutamente indolor.

Se você acabou de instalar Windows 7, abra o Windows Explorer, clique com o botão direito em cada uma das quatro bibliotecas fornecidas por padrão (Documentos, Imagens, Músicas e Vídeos) e escolha “Propriedades”. Repare que todas mostrarão, perto do alto da janela que então se abre, um painel intitulado “Locais de bibliotecas” que contém, por padrão, duas pastas: uma privada, do usuário, e outra pública.

Se você está começando agora a usar computador, não terá arquivos de dados (sim, eu sei que a probabilidade de eu estar escrevendo para alguém que satisfaça esta condição é desprezível, mas deixe-me continuar o raciocínio). Mas cedo ou tarde os terá. Provavelmente seus primeiros arquivos de dados conterão textos, imagens, músicas ou vídeo (e não é por outra razão que estas são as quatro bibliotecas incluídas por padrão). Quando você os salvar, se não especificar qualquer local, eles serão gravados em uma daquelas pastas privadas, dependendo de seu conteúdo (ou seja, se for um arquivo musical será gravado na pasta privada da biblioteca músicas) a menos que você explicite que quer compartilhá-los com os demais usuários que tiverem acesso a seu computador – e nesse caso ele será gravado na pasta pública correspondente. Mas você sequer tomará conhecimento disto. Porque o objetivo das Bibliotecas é fazer com que você não mais se aporrinhe com este negócio de pastas. Quando você quiser abrir um arquivo de músicas, o procurará na biblioteca “Músicas”. Se for de texto, na biblioteca “Documentos”, e assim por diante. Esqueça esse negócio de pastas.

Mas e a grande massa de usuários que tem toneladas de arquivos armazenados em pastas dentro de pastas dentro de... (aquilo tudo de novo), como “esquecer esse negócio de pastas”? Não dá. Porque, se ele esquecer, nunca mais achará seus arquivos.

A solução é de uma simplicidade atroz: nesse caso, não esqueça esse negócio de pastas. Em vez disso, inclua-as nas bibliotecas correspondentes e continue vivendo como sempre viveu.

E pode?

Mas claro que pode!

Vou dar um exemplo que pode ser esclarecedor já que corresponde exatamente ao que foi feito nesta máquina que vos fala.

Quem leu a coluna “Hábitos de trabalho I I” sabe que, por segurança e conforto, mantenho sempre os arquivos de dados em uma unidade de disco (física) diferente daquela usada para o sistema operacional e arquivos de programas. Então, todos os meus documentos de texto estavam metodicamente distribuídos em centenas (milhares?) de pastas dentro de pastas dentro de... (meu deus, isso de novo!) e assim vai, todas elas no disco D:. Os de musica, vídeo e imagens, naturalmente, seguiam o mesmo critério. Agora, na Figura 2, reparem nos “Locais de bibliotecas) das “Propriedades” de minhas bibliotecas:

Clique e amplie...

Figura 2: Propriedades de bibliotecas.

Note que em cada uma das bibliotecas incluídas por padrão pelo sistema há uma nova pasta (incluída por mim, naturalmente, clicando no botão “Incluir uma pasta” e selecionando a pasta desejada). Apenas isso. Incluir uma nova pasta em cada biblioteca foi todo o necessário para eu voltar a achar meus arquivos.
Que pasta? Ora, a pasta de meu disco antigo que continha todas as demais pastas, respectivamente, de documentos, música, vídeos e imagens.
Como eu faço agora para encontrar um documento?
Exatamente da mesma forma que fazia antes. Só que, para exibir a árvore hierárquica das pastas que contêm documentos, em vez de clicar em “Meus documentos” ou coisa que o valha, eu clico na biblioteca “Documentos”. O resultado é o que aparece na Figura 3.

Clique e amplie...

Figura 3: Biblioteca “Documentos” aberta.

Qual é a diferença?

Bem, eu poderia simplificar muito as coisas simplesmente escrevendo “nenhuma”. Porque para quem simplesmente desejar manter velhos hábitos e continuar usando a mesma estrutura hierárquica de pastas das versões anteriores, Windows 7 não criará qualquer obstáculo e não haverá qualquer diferença entre a forma com agia antes e depois de instalá-lo no que toca a encontrar arquivos. E com um pouquinho de trabalho extra para configurar o Windows Explorer, quem assim o desejar pode até continuar tendo acesso às velhas unidades de disco C: e D: e todos os seus arquivos, pastas e pastas dentro de... (ah, meu deus, outra vez não...) pois é; Basta dar uma olhada no painel esquerdo da janela da Figura 3 e reparar não somente neles como também nos computadores da rede e coisa e tal. Mas afirmar isto seria uma simplificação. Porque, na verdade, as bibliotecas oferecem possibilidades interessantes de agrupar arquivos por assunto, por metadados, o diabo.

Mas o ponto realmente importante é: os usuários que quiserem continuar a trabalhar como se as bibliotecas não existissem podem fazê-lo sem qualquer dificuldade, pois não precisam aprender absolutamente nada de novo. As coisas continuam a funcionar exatamente como eles estavam acostumados (desde que tomem uma única e simples providência: incluir a pasta de maior nível hierárquico de sua antiga estrutura – e apenas ela – em cada uma das bibliotecas correspondentes).

Este ponto é tão importante que, contrariando meus hábitos, vou fechar esta coluna apenas com ele. E explico por que.

De todas as novidades incluídas na interface de Windows 7 o uso das bibliotecas talvez seja a única que, definitivamente, não merece a classificação de “frescura”. Ela é, na verdade, um passo importante no sentido da implantação de um novo sistema de arquivos.

O sistema de arquivos é um componente crucial de um sistema operacional. Ele integra o que há de mais importante no SO. E está muito perto do cerne do sistema.

Mudar um sistema de arquivos implica mudanças severas em todo o sistema operacional. Particularmente quando se trata de alterar radicalmente o chamado “paradigma” sobre o qual ele se apóia (no caso em tela: abandonar um sistema em estrutura hierárquica para adotar um novo sistema centrado em documentos). Conseguir fazer isso sem traumas entre os usuários mais antigos e ferrenhamente agarrados a seus velhos paradigmas é quase um milagre.

E parece que a MS está conseguindo isso.

Então, se você migrou recentemente ou está cogitando em fazê-lo no futuro próximo e estava com receio de “encarar” o novo paradigma das bibliotecas, fixe-se nesta coluna. Ela servirá, espero, para lhe demonstrar que a migração pode ser indolor e que todos os seus conhecimentos na operação e uso de seu sistema hierárquico de arquivos serão preservados e poderão continuar a serem usados. Ou seja: dá para seguir em frente usando as bibliotecas exatamente da mesma forma como se usavam as suas bem conhecidas pastas.

E se, mais tarde, você decidir mergulhar de cabeça no novo sistema e se dedicar a explorar as facilidades adicionais que o uso das bibliotecas pode oferecer (por exemplo, agrupar arquivos de acordo com seus metadados), poderá consegui-lo com um mínimo de dificuldades. Porque, como sempre, se bem explicada a coisa é muito mais simples do que parece.

Por esta razão, hoje deixaremos as coisas como estão. E na próxima coluna veremos mais umas tantas frescuras, incluindo certos atalhos de teclado muito, mas muito interessantes mesmo...

 

B. Piropo