< Coluna em Fórum PCs >
|
||
11/05/2009
|
< Windows 7 RC > |
No segundo semestre de 2005 eu instalei pela primeira vez a versão beta então disponível do Windows Vista. Achei interessante e escrevi uma coluna sobre o assunto (mais especificamente sobre o conceito de pastas virtuais, então uma novidade). A versão era razoavelmente estável, mas não me senti seguro para usá-la em meu trabalho diário. Deixei de lado. Na medida que a MS liberava sucessivas versões beta elas eram devidamente instaladas em minha máquina de testes e destrinchadas. Até meados de 2006, cerca de seis meses antes do lançamento oficial, quando achei que o nível de estabilidade e confiabilidade das novas versões era suficiente para garantir que poderiam ser usadas sob um risco mínimo de perda de dados. Neste momento instalei a versão mais recente então disponível de tal forma que ela rodasse definitivamente na máquina – ainda na de testes, porém conectada à minha máquina de trabalho através da rede doméstica. E passei a trabalhar com ela. Esta foi a forma que encontrei de usar o Vista em meu trabalho rotineiro sem pôr meus dados em risco, pois se algo ocorresse com a versão beta (afinal, beta é para isso mesmo), quaisquer danos eventuais se restringiriam aos arquivos da máquina de teste, preservando meus arquivos de dados em um disco rígido seguramente instalado na outra máquina. No final da última coluna que publiquei aqui no FPCs sobre o Twitter mencionei que o “Release Candidate” do Windows 7 estava disponível e que breve eu escreveria sobre ele. Para quem não sabe: “Release Candidate” significa “candidato ao lançamento”. Em geral é o nome que recebe a última versão beta, aquela que é liberada pouco antes do efetivo lançamento do produto. Para receber esta qualificação é necessário que o desenvolvedor considere o produto virtualmente “pronto”, praticamente em condições de ser posto no mercado. E não se deve esperar alterações que não sejam muito superficiais entre a versão “Release Candidate” e a chamada “Versão 1.0” do produto, a primeira versão comercial a ser liberada. Em resumo: o fato de a MS haver liberado a versão “Release Candidate” de Windows 7, se não for uma estratégia de mercado da empresa para indicar que está mais avançada do que de fato estaria no desenvolvimento da nova versão, é sinal seguro que o sistema operacional está praticamente pronto, faltando apenas alinhavar os detalhes finais, como por exemplo a “localização” (o estranho nome adotado pela MS para “tradução”) do Windows 7 para os demais idiomas em que será lançado (se bem que o “Language Pack”, ou pacote de idiomas, já foi liberado para francês, alemão, japonês e espanhol). Corri então para instalá-la na minha máquina de teste. E como se trata de uma “máquina de 64 bits” (Intel Core2 duo 6230) escolhi a versão “x64” do Release Candidate. Os que leram minhas colunas anteriores sobre Windows 7 talvez se recordem que a instalação anterior – também de uma versão x64 – demorou mais de doze horas. E, depois de instalada, o acesso a disco mostrou-se mais lento que o esperado. Eu mencionei ambos os fatos na coluna, mas como se tratava de uma versão beta instalada em uma máquina montada por mim mesmo, ou seja, um conjunto de dispositivos não necessariamente concebidos para funcionarem em harmonia, debitei a demora na instalação e a lentidão de acesso a disco na conta da combinação de versão beta com máquina “montada” – mesmo porque, todos os comentários feitos pelos demais usuários sobre o assunto denotavam estranheza tanto no que toca à demora da instalação (que, segundo a maioria, costumava demorar menos de meia hora) quanto no que concerne à lentidão de acesso à disco – que, por sinal, não era tão grande assim. Como tudo o mais funcionou nos conformes, escrevi a série de colunas sobre Windows 7 que alguns de vocês leram e deixei o assunto de lado para tratar de coisas mais urgentes. Pois há um par de semanas lá fui eu instalar novamente o “Release Candidate” na mesma máquina. E, para minha surpresa, a instalação não demorou doze horas. Demorou quase vinte e quatro. Pior: depois de instalado, cada vez que eu tentava abrir uma janela do Windows Explorer, parecia que estava assistindo um filme (de terror) em câmara lenta. Coisa assim de alguns minutos. Ou seja: a lentidão do acesso a disco aumentou a ponto de tornar o sistema inservível. Mas que diabos de “Release Candidate” seria este, Deus meu? Sei lá. Mas sei que desisti dele. Daquele jeito não dava nem para testar. E como o computador de meu filho, também uma máquina de 64 bits, mas de núcleo único e bem mais lenta que minha máquina de testes, estava me fazendo uma visita para fins de manutenção e atualização, resolvi aproveitar o disco rígido onde eu havia instalado o RC do Windows 7 para aumentar a capacidade de armazenamento da máquina do meu filho, figura altamente merecedora não só pelas muitas qualidades pessoais mas especialmente por ser o pai da menina mais linda do planeta, D. Júlia, minha neta (ver Figura 1; discordâncias quanto ao fato de ser ela a menina mais linda do planeta serão premiadas com uma passagem só de ida para o Afeganistão). Então, mãos à obra.
Com a firme intenção de reformatar o disco rígido para remover quaisquer vestígios da instalação do RC e sobrepor uma nova cópia de Windows, abri a máquina, instalei o disco rígido, coloquei um disco de instalação de Windows no acionador de CDs e liguei a trapizonga. Sem sequer me dar conta que havia esquecido de alterar a ordem dos discos de inicialização no “setup”. Resultado: em vez do programa de instalação a máquina carregou o RC de Windows 7. E carregou rapidamente? Sim. Rápido como quem furta. Bem, já que mesmo contra a minha vontade o treco estava carregado – ainda que em uma máquina bem mais lenta – resolvi dar uma olhada e ver como ele se comportava. O bicho voava. As janelas do Windows Explorer explodiam na tela imediatamente depois do clique do mouse. Os programas eram carregados em um piscar de olhos. Diabos... O que seria aquilo? Não sei. Era mais uma manifestação do que eu costumo chamar “manha digital” (cuidado, não confunda com “manhã”, é “manha” mesmo, sem til). Sem que nem porque, sem qualquer razão que o justifique, o computador resolve fazer manha e simplesmente, sem mais aquela, ou se recusa a funcionar ou funciona mal. Já vi coisas deste tipo acontecerem tantas vezes que nem mais me impressiono com elas. Simplesmente as aceito como mais uma manifestação da lei da perversidade universal da matéria, também conhecida por “lei da aporrinhação máxima” ou lei de Murphy. Coisas da vida. Mas, aquela manifestação em particular foi benéfica. Pois me fez perceber que a lentidão na outra máquina nada tinha a ver com o Windows 7. Nem com a máquina, que estava funcionando muito bem (por sinal, ainda está). O problema era apenas a combinação daquela versão em especial com algum dispositivo do hardware da máquina teoricamente mais rápida. E então? Então vamos tentar novamente. Porém com outra combinação. Resolvido o problema da máquina do pai da D. Júlia, voltei ao problema do W7 RC. Eu poderia tentar descobrir exatamente o que não combinava com o que através do método da tentativa e erro mas isso, além de consumir um tempo que eu não tinha, iria dar um trabalho de cão. Em vez disso resolvi começar pelo mais simples: instalar a versão “x86” desenvolvida para máquinas “de 32 bits” mesmo em uma máquina “de 64 bits”. Isso porque eu desconfiava que, fosse qual fosse a incompatibilidade, a maior probabilidade era ter sido causada por um gerenciador de dispositivo (“driver”) mal comportado, já que versões de 64 bits são mais exigentes no que toca a este componente de software. Peguei então o novo disco rígido que havia separado para a máquina reserva, encaixei-o nela e instalei a versão x86 do Windows 7 RC. Quanto tempo demorou? Não sei. Como gato escaldado tem medo de água fria (e como a instalação do Windows 7, à exemplo da instalação de Vista, não exige acompanhamento), dei a partida na instalação e fui dormir. Na manhã seguinte, ao acordar, a instalação estava feita. O que, evidentemente, não quer dizer que tenha durado toda a noite. Pode ser que tenha terminado nos quinze minutos alegados pelos demais usuários, quem sabe? O que sei é que a coisa funcionou e com a versão x86 o sistema parou de fazer manha: após entrar com o nome do Grupo de Trabalho para inserir a máquina na rede o Windows 7 RC revelou-se em todo seu esplendor. Um sistema operacional rápido, interface bonita e, tanto quanto me foi possível perceber até agora, bastante confiável. Depois de dois ou três dias apenas futucando aqui e ali para ver se encontrava alterações visíveis entre a versão beta anterior que eu havia testado e esta RC (não encontrei; se há grandes alterações, não são visíveis) resolvi botar o bicho para trabalhar. Comecei instalando nele o Office 2007, meu principal instrumento de trabalho. O pacote acomodou-se no novo sistema como se tivesse sido desenvolvido para ele. O que é bom, mas não significa grande coisa em termos de compatibilidade já que ambos são produtos da MS. Como será que o RC se comportaria com os demais programas que uso regularmente? Fui instalando um a um. Comecei pelos utilitários mais simplesinhos porém indispensáveis, como o WinZip e o ScreenShot Pilot (um magnífico “freeware” para captura de telas). Sem problemas. Depois, passei para os mais complicados. O Google Earth instalou sem tugir nem mugir e ficou nos trinques. Depois, o FxFoto, um shareware da Triscape tão bom que um dia pretendo escrever sobre ele. E segui adiante, um a um, sem qualquer problema. Então resolvi fazer o teste supremo e instalar o que tenho de mais exigente e que não foi desenvolvido pela MS: a suíte de aplicativos Master CS4 da Adobe, um formidável – em todos os sentidos – pacote de programas gráficos que além do Adobe Acrobat inclui pérolas como o Photoshop, o Flash e o Fireworks (instalei a versão de teste, ou “trial”, para não “queimar” minha licença, mas a única limitação desta versão é que só pode ser usada por um período limitado; de resto, é tão completa – e tão exigente na instalação – quanto a versão comercial). Ao contrário do que tinha ocorrido quando instalei o mesmo pacote na versão beta do Windows 7, onde só funcionou nos conformes no modo de compatibilidade, desta vez, no RC7, ele acomodou-se tão à vontade que parece ter sido concebida para funcionar nele. E está funcionando desde então sem apresentar uma falha. Com tudo isto, nem vou me dar ao trabalho de descobrir qual foi a causa da “manha” (embora o faça talvez um dia, quem sabe, apenas para matar minha curiosidade). Porque com o W7 RC x86 tenho tudo o que preciso para trabalhar: um sistema sólido, aparentemente estável, compatível com todos os programas e pacotes que uso no meu dia-a-dia. E que tem se mostrado ainda mais rápido que o próprio Vista. O resultado é que me mudei de mala e cuia para a máquina reserva e nestas duas últimas semanas passei a trabalhar apenas com o Windows 7 RC (esta coluna foi inteiramente digitada nele). E como devo viajar dentro de um par de semanas, precisei adiantar um bocado de trabalho. O que me fez passar boa parte dos últimos dias batucando neste teclado que vos fala. E, salvo alguma ocorrência inesperada – afinal, um RC ainda não é o produto final – pretendo continuar por aqui mesmo. Problemas encontrados? Até agora, surpreendentemente, nenhum. Nada. A rede funciona nos conformes, os periféricos foram compartilhados sem queixas, os programas rodam sem um pio. E depressa. O resultado disso é que doravante somente vou retornar ao Vista – que continuo achando muito bom, diga-se de passagem – quando precisar de ilustrar alguma coluna com uma ou outra captura de tela ou descrever procedimentos passo a passo. Fora disso, vou ficar por aqui mesmo, no Windows 7. Desta forma, quando o produto for lançado (e eu duvido que a MS espere até o próximo ano para fazer o lançamento) já estarei classificado na categoria de usuário experiente. Meus arquivos de dados? Bem, esses continuam na outra máquina, que não sou besta nem nada. Afinal, como eu disse, por mais próximo que esteja do produto final, um Release Candidate ainda é, tecnicamente, uma versão beta. E com versões beta, por mais fé que se tenha nelas, não se brinca. Mas, afinal, rede serve para isso mesmo. Os arquivos ficam lá, mas eu os uso (abro, edito e gravo) daqui. A máquina de trabalho tem funcionado como servidor de arquivos. Como diria o cara que caiu do vigésimo andar quando passou pelo terceiro, “até agora, tudo bem”. E se porventura o uso diário do RC me aprontar surpresas – sejam boas ou más – vocês serão os primeiros a saber. B. Piropo |