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B. Piropo

< Coluna em Fórum PCs >
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23/03/2009

< Windows 7 Beta IX: Nova versão >
<
ou pacote de serviços? >


Prometemos avaliar o ponto que parece despertar maiores controvérsias quando se fala na versão Windows 7: comparando-a com o Vista, há diferenças suficientes para justificar o fato de ela ser uma nova versão?
Pois então mãos a obra.
Há, na rede, um “blog” dedicado exclusivamente a discutir as características do Windows 7. Chama-se < http://blogs.msdn.com/e7/ > “Engineering Windows 7”. Em 26 de fevereiro passado foi nele postado um artigo denominado < http://blogs.msdn.com/e7/archive/2009/02/26/some-changes-since-beta.aspx > “Some Changes Since Beta for the RC” que focaliza 36 mudanças incluídas no produto apenas entre os estágios Beta e RC (de “Release Candidate”, ou candidato ao lançamento). Algumas mudanças foram sutis, quase imperceptíveis, mas nem por isso deixam de ter sua importância. Por exemplo: quando uma janela em segundo plano requer a atenção do usuário, o botão correspondente pisca e muda de cor. Alguns usuários se queixaram que aquele botão piscando ininterruptamente era incômodo e desviava demais a atenção de tarefas importantes que eventualmente estivessem sendo executadas. Para atender estas queixas, no Windows 7 Beta o botão passou a piscar apenas três vezes. Usuários do beta passaram então a reclamar que muitas notificações do Outlook ou do Messenger passavam despercebidas porque três piscadelas era pouco e não bastavam para chamar a atenção para a notificação. Na versão RC a equipe de desenvolvimento passou a fazer o botão piscar sete vezes, usando um tipo de variação de luminosidade em onda quadrada (que chama mais a atenção que a de onda senoidal até então usada) e alterando a cor do botão para um laranja mais vivo.
Isto é uma mudança digna de nota? Pergunte aos membros de cada uma das duas tribos citadas no início da coluna anterior e o primeiro lhe dirá que sim, já que uma das características do interface foi alterada e, o que é mais importante, isto foi feito para atender os reclamos dos usuários. O outro lhe dirá que, francamente, fazer um botão piscar três ou sete vezes não é mudança que mereça sequer ser mencionada quando se trata da transição entre versões. E, pior: ambos estarão certíssimos (além de terem todo o direito de exprimirem sua opinião, direito que deve ser respeitado por mim e por todos). O que serve para ilustrar diversos pontos. Primeiro: não deve ser fácil para a equipe de desenvolvedores atender todas as queixas do conjunto de usuários. Segundo: não parece, mas tem gente que dá tanta ou mais importância a este tipo de detalhe que ao sistema de arquivos usado (principalmente aqueles que não fazem ideia do que seja um “sistema de arquivos” – e nem por isso deixam de ser usuários e são menos merecedores de atenção). E, finalmente, tanto os que dão uma resposta quanto os que darão a outra estão sendo absolutamente sinceros já que esta foi a opinião que formaram ao examinar o problema. Portanto, como se vê, a questão é mais complicada e multifacetada do que parece à primeira vista.
Já as outras 35 mudanças citadas (enfatizando: não são diferenças entre o Vista e o Windows 7, são diferenças entre duas versões intermediárias do mesmo Windows 7, a Beta e a RC), embora ainda ligadas à interface, parecem mais importantes (no sentido de “dignas de nota”). Um exemplo: alguns usuários vinham reclamando que a tecla “Windows” de seus teclados tinha pouca utilidade. Por isso, desde os tempos do Vista (e, para lhes ser honesto, eu nem havia me dado conta disso) a MS atribuiu-lhe uma nova função: combinada com um número, ela abre o programa correspondente da barra “Iniciar rapidamente”. Por exemplo: se o ícone do, digamos, Windows Explorer é o terceiro a partir da esquerda nesta barra, acionar a combinação “Windows+3” carrega o WE. Pois bem: os que acompanham estas colunas desde o início sabem que o Windows 7 fundiu a barra “iniciar rapidamente” (“quick launch”) com a barra de tarefas. Os ícones dos programas mais usados, juntamente com os dos programas que estão abertos, agora permanecem lado a lado a partir do botão “Iniciar” (cujo aspecto também mudou).  E a versão Beta do Windows 7 incluía esta facilidade. Pois na versão RC ela foi aperfeiçoada: se diversas janelas do mesmo programa estiverem abertas, repetir sucessivamente a combinação “Windows+Número” irá saltar entre elas até a desejada (uma espécie de “Alt+Tab” incrementado, se é que me entendem). Além disso, o atalho agora pode ser combinado com Shift, Alt ou Ctrl para obter efeitos específicos. Isto é uma grande mudança? Provavelmente haverá quem ache que sim e quem ache que não. Mas para o usuário que dedicar alguns minutos a seu aprendizado ela pode fazer um bocado de diferença e facilitar muito o uso do micro.

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Figura 1: novas interfaces tipo Faixa de Opções.

Se você se der ao trabalho de consultar o artigo do < http://blogs.msdn.com/e7/ > EW7 acima citado, entre as 36 mudanças encontrará algumas que afetam o Painel de Controle, o Media Player, o Explorer e suas “libraries” e até mesmo ligadas ao desempenho do sistema. E isto apenas entre as versões Beta e RC. Portanto, mudanças houve. Algumas, embora de grande monta, não foram mencionadas nas colunas anteriores. Não pretendo detalhá-las nesta, mas não custa listá-las:

  • Windows 7 oferece suporte nativo a operação tipo “toque” (“touch”) em qualquer micro cuja tela seja sensível ao toque, com todas as balançadinhas e animações tipo iPhone e, como esta função faz parte do próprio ao sistema, funciona com todo e qualquer aplicativo;
  • Os aplicativos Windows 7 não mais usarão menus, usarão a Faixa de Opções (“Ribbon”) lançada com o Office 2007 (Paint, WordPad e outros que vêm com a versão Beta já são assim como mostra a veja Figura 1);
  • A conexão a redes sem fio foi brutalmente simplificada;
  • Foi acrescentado o painel “Dispositivos” para centralizar tudo aquilo que diz respeito a ajuste e configurações de todos os dispositivos conectados e reconhecidos pelo sistema (incluindo escâneres, câmaras digitais e quejandas);
  • Combinando a função “library” com o sistema de buscas é possível efetuar buscas em outras máquinas da rede que compartilhem recursos com a sua;
  • O uso de memória foi otimizado e o sistema exige menor capacidade de memória para ser instalado;
  • O suporte a multimídia foi ampliado;
  • O desempenho do sistema foi significativamente melhorado.
  • E, para os que alegam que nada mudou no cerne (“kernel”) do sistema, além do suporte nativo a telas sensíveis ao toque, o Windows 7 suporta acionadores de discos BlueRay, a nova versão Bluetooth 2.1 e os protocolos UWB (Ultra Wideband) e WUSB (Wireless USB).

Está tudo muito bom, está tudo muito bem, mas as mudanças, grandes ou pequenas, justificam o lançamento de uma nova versão do sistema ou não passam de melhorias que poderiam muito bem integrar um pacote de serviços (que, no caso, seria o Service Pack 2, ou SP2) do Vista?
Em princípio eu poderia dizer que também isso depende de opinião. Mas não me parece ser o caso. Penso que a MS teve, sim, sólidas razões para lançar o produto como uma nova versão do sistema e não como pacote de serviços. A questão é que estas razões nada têm a ver com aspectos técnicos. Foram exclusivamente razões de mercado.
Seguinte: nem o mais ardoroso admirador do Windows Vista irá defender a posição de que o SO foi um sucesso de vendas. Mais de um ano após seu lançamento (e, para manter consistência, recorrendo sempre à mesma fonte de estatísticas, nosso velho conhecido < http://www.w3schools.com/browsers/browsers_os.asp > W3Schools,) sua fatia de mercado continua patinando abaixo de 20% (17,2% em fevereiro passado, para ser exato), bem acima dos concorrentes não MS, mas muito abaixo do XP, a versão anterior de Windows que deveria substituir mas que ainda detém 69% do mercado. Ou seja: inegavelmente o mercado não gostou do Vista.
Por que?
Bem, pergunte a vinte pessoas e ouça vinte respostas diferentes. Pergunte a mim, que não faço parte do grupo dos que não gostaram (eu uso o sistema desde a versão beta e estou muito satisfeito com ele) e eu simplesmente não saberei responder. Mas, independentemente das razões, o fato é indiscutível: como produto, do ponto de vista estritamente comercial, o Vista pode ser considerado um fiasco.
Diante desta inegável constatação, qual foi a atitude da MS?
A única que, a meu ver, seria a escolha sensata: investigar, entre os milhões de usuários e não usuários tanto do Vista quanto do XP, quais seriam os pontos que despertavam maior repulsa, onde se situavam as maiores reclamações, o que incomodava mais os usuários, em suma, que fatores estavam contribuindo para que o produto vendesse tão pouco (repito: a palavra chave aqui é “vender”, já que se trata de uma questão de mercado). E procurar eliminá-los.
Assim foi concebido o Windows 7. O que justifica o fato de a maior quantidade de alterações terem sido feitas na interface: a maior parte das queixas tinham a ver com ela.
O que é, então, o Windows 7? Em minha opinião, é um Vista revisto e melhorado.
E será que mudou muito? Bem, esta questão só faz sentido do ponto de vista técnico. Do ponto de vista mercadológico, pouco importa que tenha mudado muito ou pouco. O que importa é o que mudou. E qual foram os objetivos das mudanças.
Ora, as mudanças foram orientadas justamente para atender os desejos do mercado. E, presumivelmente, atenderam. Afinal, quando a MS quer descobrir de que os usuários gostam ou não gostam em seus produtos, fique certo, descobre com extrema precisão. E não porque, como pensam alguns, está permanentemente espionando as máquinas alheias, mas graças aos milhões de usuários que, consciente ou inconscientemente, aderem seus programas de investigação de preferências. 
Então vamos lá: apenas a título de argumentação, aceitemos o fato de que a MS tenha de fato conseguido seu objetivo e que o Windows 7 seja um Vista mais atraente sob o aspecto comercial. Sendo assim, a MS agora disporia de um produto que, em tese, poderia ter boa aceitação no mercado.
Mas o mercado é caprichoso e, suas razões, misteriosas. Algumas – e das mais relevantes – incluem aspectos insuspeitados. Como, por exemplo, o nome do produto.
Muito bem. Diante desta situação, se você fosse a pessoa responsável por decidir se aquilo que resultou na revisão do Vista seria um “pacote de serviços” do próprio Vista, que não obteve boa aceitação no mercado, ou se deveria se livrar do nome “Vista” e adotar um nome que enfatizasse se tratar de uma nova geração do produto, o que você escolheria?
Pois é. Então nem cabe discutir se, do ponto de vista técnico, Windows 7 merece ser considerado uma nova versão ou apenas um pacote de serviços. Isto o mercado já decidiu: será uma nova versão e temos conversado. E se tem uma coisa que a MS soube aprender ao longo de seus trinta e tantos anos de vida é que não vale a pena brigar com o mercado.
Portanto será Windows 7 e quem não gostar que vá se queixar ao bispo. Ou a Bill Gates, que segundo pensam alguns, na hierarquia divina está bem acima dele.
E quanto a mim, o que eu achei do Windows 7? E, sobretudo, o que pretendo fazer com ele? Vou passar a usá-lo imediatamente mesmo em versão Beta ou RC1 a ser brevemente lançada ou vou ficar com o Vista?
Por partes: mesmo sem achar que as mudanças foram revolucionárias em relação ao Vista, gostei muito de trabalhar com o Windows 7 (todas estas colunas foram digitadas nele). Gostei das alterações, sobretudo da inclusão das “libraries”, das grandes mudanças da Barra de Tarefas e dos ajustes automáticos do tamanho das janelas simplesmente arrastando-as pela barra título para as bordas da tela. Não tive qualquer dificuldade em me adaptar às novidades do sistema e, por já estar habituado à Faixa de Opções do Office 2007, também não me foi difícil habituar com as novas versões dos programas desenvolvidos para Windows 7. Em resumo: gostei.
E o que farei com ele?
Bem, por alguma razão que nada tem a ver com o SO propriamente dito, mas são devidas a algum problema ou de hardware ou de configuração da máquina ou do sistema que não consegui descobrir, nesta máquina que vos fala o Windows 7 funciona muito bem, exceto sob um aspecto: o acesso a disco pelo WE (e, curiosamente, somente pelo WE) passou a ser muito lento. O que tem feito com que eu continue usando mais o Vista instalado na outra máquina da rede que o próprio Windows 7. Na verdade, o tenho usado quase que apenas para escrever esta série de colunas.
Então, vou manter a versão Beta instalada nesta máquina e, de quando em vez, pretendo explorá-la um pouco mais para descobrir novos detalhes aqui e ali. E tão logo a versão RC for liberada, pretendo instalá-la no lugar da Beta.
Se, com ela, o problema de acesso a disco for resolvido, farei como fiz com o Vista: irei usá-lo prioritariamente, instalando nele os programas que uso com maior frequência. Se não, esperarei o lançamento da versão final, continuando até então com o uso esporádico.
Mas quando for lançada a versão comercial, certamente passarei a usá-la.
Pois é isso. E, neste ponto, tudo indica que a série acabou. Pelo menos o assunto parece ter-se esgotado.
Mas eu espero que não tenha acabado. E, se as coisas ocorrerem como eu espero, ainda haverá mais uma coluna. E ela será bastante útil e elucidativa.
Vamos ver...

 

B. Piropo