Sítio do Piropo

B. Piropo

< Coluna em Fórum PCs >
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16/03/2009

< Windows 7 Beta VIII: Um assunto controverso >


E então? Afinal, com o Windows 7, como ficamos? As mudanças foram muitas e significativas em relação ao Vista como quer a Microsoft: Ou é “a mesma coisa que o Vista” como dizem alguns? Ou, ainda, é diferente, “pero no mucho” (não o bastante para justificar uma nova versão, talvez um pacote de serviços) como sugerem outros? E, tendo mudado – seja muito, seja pouco – mudou para melhor ou para pior?
Bem, o problema é que as respostas a estas perguntas variam radicalmente dependendo do interlocutor. Pergunte a um entusiasta de Windows e ele lhe dirá que tudo é absolutamente novo na novíssima versão do sistema operacional e que as mudanças não somente foram grandes como também conseguiram o aparentemente impossível: melhorar o que já era perfeito. Pergunte a um desses inimigos figadais do Bill Gates que destilam ódio quando ouvem falar na MS e ele responderá que o produto é essencialmente o mesmo, que mudanças, se houve, foram poucas, afetaram apenas a interface e por isso são desprezíveis e cosméticas. E que continua tudo a lesma lerda.
Bem, diante de diferenças de opinião tão radicais parece impossível acreditar que ambos estão certos. Um dos dois certamente haverá de estar errado.
Mas estará mesmo?
Talvez não. É certo que a maioria das mudanças havidas entre o Vista e o Windows 7 se situa na interface do sistema com o usuário. E é assim porque assim quiseram os usuários, já que o lançamento do Windows 7 terá por objetivo preencher os anseios dos insatisfeitos com o Vista e, conforme o resultado das pesquisas da MS, grande parte desta insatisfação tem a ver com a Interface.
Mas será que mudanças que se restringem à interface são desimportantes? Para quem acha que sim talvez valha a pena examinar com atenção a Figura 1 que mostra a interface de Windows 1.0 lançado em novembro de 1985, apenas seis gerações antes da beta atual.

Figura 1: Interface com o usuário de Windows 1.0.

Sim, seis gerações posto que afinal estamos agora no Windows 7, pois não? O que deveria ser Windows 4 chamou-se Windows 95. O candidato a Windows 5 recebeu o nome de Windows 98. E a versão que está atualmente no mercado, o Windows XP, seria o Windows 6. Agora, ao que parece, a MS vai acabar com este excesso de “vigor juvenil” (que como sabem os que habitualmente leem esta coluna, segundo o Houaiss é sinônimo de “frescura”) e voltar a batizar o sistema com o número de sua geração. Entre o Windows 1 e o Windows 7 há apenas seis gerações e entre ele e o XP, cinco. E vale a pena reparar como, em tão poucas gerações, a evolução da interface transformou um produto virtuamente inútil no SO mais utilizado em microcomputadores.
E já que falamos na Figura 1: aqueles ícones grandes que aparecem na base da tela representam os programas que estão sendo executados naquele momento, ou seja, são aquilo que mais tarde seria convertido na atual barra de tarefas, que as más línguas dizem que a MS copiou do “Dock” da Apple. Acho um pouco difícil porque, segundo o
< http://news.cnet.com/2300-1012_3-10000600-4.html?tag=mncol >
artigo da Cnet News de onde a figura foi obtida, ela antecede em 15 anos o lançamento do Apple Dock (quem discordar, favor enviar reclamações diretamente para o autor do artigo na CNet, a afirmação é dele). E já que citamos o artigo (cujo título é “Images: What Windows 7 might have looked like” ou “Imagens: com que o Windows 7 poderia ter parecido”), sugiro uma consulta a ele para que se tenha uma idéia de como o desenvolvimento de uma nova versão evolui com o tempo. Penso que vocês acharão instrutivo.
Outro ponto importante tem a ver com compatibilidade. E, talvez para justificar aqueles que dizem que o Windows 7 nada mais é que o Vista de roupa nova, provavelmente Windows 7 será a versão que menos problemas de compatibilidade apresentará com a anterior. Isto porque, do ponto de vista de “ambiente para rodar programas” (o que é diferente de “ambiente de interface com o usuário”), de fato pouco mudou entre o Vista e o Windows 7. Isto porque este último usou o mesmo modelo de compatibilidade (“compatibility model”) usado pelo primeiro, o que garante que tudo o que roda no Vista rodará no Windows 7. Com uma melhoria interessante: programas que não rodam no Vista (ou que rodam, mas apresentam problemas de compatibilidade) poderão rodar no Windows 7 sem qualquer interferência do usuário. Isto porque assim que o sistema detectar alguma dificuldade em um programa para se instalar ou rodar, o “solucionador de problemas de compatibilidade de programas” ("Program Compatibility Troubleshooter”) entrará automaticamente em ação. E, segundo a MS, ele é capaz de resolver sozinho a maioria dos problemas de compatibilidade.
Mas voltemos às perguntas lá de cima. As diferenças nas respostas não se resumem aos membros dos dois grupos radicais alí citados, mesmo porque sua radicalidade os torna impermeáveis a qualquer argumentação. Suas opiniões são sólidas como rocha e não iriam mudar apenas devido ao mero detalhe de os fatos não as confirmarem. Afinal, fé é fé e não faz sentido discutir dogmas. Mas, como eu disse, as diferenças de opiniões se manifestam mesmo fora daquele meio, em um seleto grupo de analistas equilibrados e respeitáveis. E este fato é tão notável que motivou um artigo de Shane O´Neill no respeitável sítio CIO intitulado
< http://advice.cio.com/shane_oneill/windows_7_reviews_radically_different_early_opinions_surface >
“Windows 7 Reviews: Radically Different Early Opinions Surface” (“Análises do Windows 7: aparecem primeiras impressões radicalmente diferentes”) onde o autor cita algumas destas opiniões opostas emitidas por analistas sérios chegando a afirmar que “não vê tantas discordâncias desde o debate Obama x McCain”.
De fato, basta comparar os títulos de dois artigos sobre o assunto publicados na mesma época (28/10 e 12/11/2008, respectivamente), o último de Preston Galla no ComputerWorld:
< http://www.computerworld.com/action/article.do?command=viewArticleBasic&taxonomyName=
[Continua da linha anterior. N.do. W.M.] Operating+Systems&articleId=9119378&taxonomyId=89&pageNumber=1
>
“Windows 7 in-depth review and video: This time Microsoft gets it right” (Revisão detalhada do Windows 7 e vídeo: desta vez a Microsoft acertou”, o primeiro de Randall Kennedy no InfoWorld,
< http://weblog.infoworld.com/enterprisedesktop/archives/2008/10/windows_7_oops.html?source=NLC-DAILY&cgd=2008-10-29 >
“Windows 7: Oops! Microsoft did it again!” (“Windows 7: opa, a Microsoft fez a mesma coisa novamente”) para perceber que as opiniões dos analistas estão longe da unanimidade (exceto talvez em um aspecto: como, na nova versão, o sistema ficou bastante mais “leve”, parece que há alguma concordância sobre o fato de que o desempenho do Windows 7 é melhor se comparado ao do Vista; ver artigo de Eric Krangel no Silicon Alley Insider,
< http://www.businessinsider.com/2009/1/windows-7-review-consensus-its-a-faster-vista-msft >
“Windows 7 Review Consensus: It's A Faster Vista” ou “Consenso nas análises de Windows 7: é um Vista mais rápido”).
E não é apenas “lá fora” que as opiniões divergem. Basta revisar os comentários postados nas colunas desta série.
Dentre os comentaristas, colunistas e jornalistas que escrevem sobre informática há alguns que merecem especial deferência por seu equilíbrio e imparcialidade das análises. Destes, dois honraram este colunista com seus comentários. Ambos são respeitadíssimos profissionais do ramo (ou seja, não apenas escrevem sobre o assunto como dedicam sua vida profissional a ele) e amigos muito queridos. Em mim, que os conheço bem e que, imerecidamente, fui brindado com a amizade de ambos, despertam não apenas respeito como admiração. Me refiro aos grandes Mestres André Gurgel e Flávio Xandó. Pois bem: quem leu os comentários de ambos postados nas colunas anteriores certamente notará que suas opiniões divergem significativamente em relação ao Windows 7.
Sabendo, como eu sei, que ambos são honestos e buscam sempre ser imparciais em seus escritos, como encarar isto? Seria possível afirmar que um dos dois estaria errado?
Certamente que não. Cada um – assim como os analistas internacionais acima citados – forjou sua opinião baseado em suas convicções sobre os aspectos do produto que examinaram e, graças às diferenças de interpretação inerentes à natureza humana, estas opiniões divergem. E divergem não porque um esteja errado e o outro certo, mas apenas porque cada um deles atribui distintos pesos e importâncias a diferentes características dos produtos. O que faz com que o mesmo produto apresente facetas quase opostas a cada um deles.
Isto posto, voltemos ao tema. Se aquelas perguntas do primeiro parágrafo provocam respostas tão distintas e por vezes conflitantes, então como respondê-las? Sobretudo sabendo que as respostas serão publicadas em um Fórum onde há membros que apoiam as duas correntes de opinão (alguns, diga-se de passagem, ferrenhos e radicais em seus pontos de vista)?
Não sei. Mas vou tentar listar alguns fatos, sempre citando as fontes e, como é inevitável com questões deste tipo, oferecer minha opinião sobre elas buscando ser o mais isento possível. Afinal, esta é a diferença entre colunista e repórter: colunistas têm direito a opinar, mesmo que sua opinião seja estapafúrdia. Então, vamos adiante.
E vamos começar avaliando o ponto que parece dispertar maiores controvérsias: entre as versões Vista e Windows 7 o sistema operacional mudou ou não?
Bem, eu sei que prometi encerrar a série de colunas com esta. Mas, nestes últimos dias sobrevieram fatos interessantes que me forçaram a quebrar a promessa. A série não se encerrará nesta coluna e, possivelmente, nem na próxima. Mas as razões que me levaram a isto certamente merecerão a aprovação dos leitores (pelo menos assim espero) tão logo eles tomem conhecimento delas. Então vamos aguardar um pouco mais e abordar os tópicos finais a partir da próxima coluna.
Em contrapartida – e garanto que esta promessa não será quebrada – afirmo que a próxima coluna será postada muito, muito breve. É esperar para ver.
Até lá.

 

B. Piropo