< Coluna em Fórum PCs >
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09/02/2009
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< Windows 7 Beta IV: O novo Windows Explorer > |
As grandes diferenças entre Vista e Windows 7 se escondem no Windows Explorer. E o uso do verbo "esconder" não é um mero recurso estilístico, mas intencional. Porque algumas destas mudanças são tão radicais e profundas que, ao que parece, a MS não apenas pouco as menciona - e quando o faz, fa-lo (que língua danada a nossa...) de forma superficial para não chamar a atenção sobre elas. Parece que foi além e procurou escondê-las, fazendo com que as duas interfaces de Windows Explorer (Vista e Windows 7) mantivessem tal semelhança formal que as diferenças funcionais se tornassem pouco visíveis. E ao que parece, funcionou, porque exceto para alguns analistas particularmente perspicazes, como Paul Thurrot (veja < http://www.winsupersite.com/win7/win7_preview_03.asp > aqui sua análise sobre o WE), elas passaram praticamente despercebidas. As mudanças foram tão profundas, porém apresentadas com tal sutileza, que seria necessária uma longa série de colunas apenas para detalhá-las. O que, para quem ainda não tem acesso à (ou não quis instalar a) versão beta do Windows 7, seria uma leitura tediosa e cansativa. Então vou tentar controlar minha habitual verborragia e procurar focalizar apenas os pontos principais. Quem sabe volte ao assunto quando Windows 7 estiver disponível, o que talvez demore menos do que a MS tem deixado entrever (creio que ela se cansou de atrasar lançamentos e agora quer se redimir surpreendendo o mercado com a liberação do produto final antes do prometido posto que, pelo que pude perceber desta versão beta, o produto está praticamente acabado).
Veja, na Figura 1, dois aspectos da interface do WE, o de cima sem o painel de visualização, o de baixo com ele. Repare no painel da esquerda (de ambas as imagens). Parece bastante com o do WE de Vista, pois não? No alto um objeto chamado "Favoritos" contendo três outros objetos, “Desktop”, “Downloads” e “Recent Places”, abaixo quatro outros objetos que podem ser explorados clicando-se sobre eles e navegando através de sua hierarquia. Mas preste atenção no novo “Favoritos”. Em Vista ele era um painel que podia ser usado sozinho quando se ocultava o painel de navegação abaixo dele. Em Windows 7 ele é apenas um objeto que, após a instalação, por padrão contém apenas aqueles três elementos. É verdade que no que toca à operacionalidade o objeto "favoritos" não mudou muito: o usuário pode inserir nele atalhos para seus objetos favoritos (ou eliminar dele atalhos para os que não se interessar) e navegar entre eles. Mas do ponto de vista do sistema, o fato de “Favoritos” não mais ser um painel faz uma diferença significativa. Ele continua cumprindo sua função, mas já não mais é concebido para ser usado sozinho, E os outros quatro elementos do painel de navegação? Bem, sobre "Computer" e "Network" (Computador e Rede) não há muito o que dizer: são idênticos aos correspondentes de Vista e das versões anteriores de Windows e cumprem as mesmas funções. É clicar neles e navegar, como de hábito, pela hierarquia de pastas de seu computador e pelos objetos da rede. Mas os outros dois... Bem, antes de falar nos outros dois, vamos às "perfumarias" - ou aos itens que podem ser classificados como "vigor juvenil" (que como sabemos, segundo o Houaiss significa "frescura"). Repare nas duas imagens da Figura 1 e note o pequeno ícone sobre o qual repousa o cursor do mause. Pois basta clicar nele para passar de um tipo de exibição para o outro (ou seja, exibir e esconder o painel de visualização). Parece que isso não tem muita importância (mesmo porque foi preservada a possibilidade de alterar a forma de exibição dos painéis – de todos eles, inclusive o de visualização e um novo, o “libraries” sobre o qual falaremos mais tarde, através do menu "Organize >> Layout"). Mas não é assim. Pois como, dependendo do tipo de objeto que se esteja exibindo, este painel pode ser uma ajuda ou um estorvo, é bom ter uma forma fácil de exibi-lo e ocultá-lo e o pequeno ícone é mais que bem-vindo.
Outra inequívoca demonstração de vigor juvenil é a exibida na Figura 2: quando se manda "empilhar" imagens segundo certo critério (no caso da figura, data), o WE não mais mostra no painel principal, como em Vista, uma pilha de molduras opacas, mas a real pilha de miniaturas de imagens, discerníveis e com suas proporções respeitadas, no tamanho escolhido pelo usuário. Além disso, na medida que se alteram as dimensões da janela, as miniaturas vão se "ajeitando" dinamicamente para ocupar o menor espaço. Tudo isso pode não ser muito útil, mas é impressionante o que a equipe de desenvolvimento da interface Aero tem conseguido para tornar a interface de Windows mais atraente e, vigor juvenil ou não, é inegável o prazer de se trabalhar com uma interface bonita e bem acabada. Bem, agora ao que interessa: os objetos "Homegroup" e "Libraries". [Neste ponto se impõe um comentário. Definitivamente não me agrada escrever sobre o que não conheço e que ainda não testei. Neste caso, porém, serei obrigado a fazê-lo posto que só se pode criar um "homegroup" ("grupo doméstico"?) quando todas as máquinas do grupo estão rodando Windows 7. Que, como está em versão beta, só instalei em uma das máquinas de minha rede doméstica. Portanto não foi possível criar um grupo (exceto o de um único membro, que usei para obter imagens, mas grupo de um só não é exatamente o que a MS pretendia quando criou o conceito). Por outro lado, os conceitos de "homegroup" e "libraries" estão de tal modo entrelaçados que é impossível falar de um sem mencionar o outro. Vamos, então, ainda que superficialmente, tentar explicar o que vem a ser um "homegroup" frisando, no entanto, que meu conhecimento sobre o assunto ainda é bastante superficial]. "Homegroup" tem a ver com compartilhamento. Aliás, ao contrário de outros conceitos também pertinentes a redes de computadores, que costumam ser mais abrangentes, "homegroups" têm a ver exclusivamente com compartilhamento. Um "homegroup" é um conceito novo criado para que usuários leigos, sem conhecimento de configuração de redes e quejandas, possam de forma rápida e simples criar um mecanismo eficaz e intuitivo de compartilhamento de recursos. Na verdade, ele executa apenas três funções aparentemente singelas:
Em suma: um "homegroup" é uma espécie de "grupo de trabalho", porém muito mais fácil de criar e de configurar e limitado exclusivamente ao compartilhamento de recursos. Criar um "homegroup" é uma tarefa que não exige qualquer conhecimento técnico. Basta abrir o objeto "Network and Internet" do painel de controle e clicar em "HomeGroup" para abrir uma janela parecida com a mostrada na Figura 3 com os recursos de seu computador que você deseja compartilhar com o grupo (que podem ser selecionados; repare que "Documentos" não vem selecionado por padrão, mas pode ser incluído entre os recursos a serem compartilhados) e o botão "Create now". Clique nele, entre com uma senha (que é gerada automaticamente pelo sistema, mas que pode ser posteriormente alterada) e seu grupo está criado. Mais simples, impossível (no entanto, sua verdadeira amplitude somente poderá ser avaliada depois que falarmos sobre as "libraries").
Pronto, é só isso. Mais simples, impossível: o grupo está criado (o resto, naturalmente, não é mais com você mas com os demais membros do grupo que também têm que “se coçar” e ajustar as permissões em suas máquinas, ora bolas). Agora é começar a compartilhar os recursos. Note que, depois de criado, todas as características do grupo podem ser alteradas ou reconfiguradas. Basta abrir o objeto correspondente no "Control Panel >> Network and Internet" (ver Figura 4, obtida do "grupo do eu sozinho" criado nesta máquina) para adicionar pastas e dispositivos, obter e alterar a senha, se separar do grupo, alterar configurações avançadas de compartilhamento (se existe alguma dificuldade para os leigos, ela estaria escondida aqui, mas pode-se passar a vida convivendo com um grupo sem jamais clicar neste atalho) e, o que é mais importante, incluir novas "libraries".
Mas lá vem o Piropo de novo com este papo de "libraries". Afinal de contas, o que vem a ser isso? Bem, a palavra "library" vem do latim "liber/libri" que significa "livro" e que deu, em português, "livraria", ou local em que se vende livros. Mas o curioso é que, traduzida para o português, a palavra inglesa “library” significa "biblioteca", portanto não o local onde se vende, mas onde se coleciona ou armazena livros (palavra que também deriva de "livro", porém vem do grego "biblion"). E, embora pareça, isto não é uma mera demonstração de cultura inútil, mas o prenúncio de um problema. Porque sou capaz de apostar que a equipe de “localização” da MS desastradamente traduzirá para o português "libraries" como "bibliotecas", o que seria uma tradução literal e infeliz do termo. Porque, no Windows Explorer do Windows 7, o termo "libraries" se refere a conjuntos ou "coleções" (palavra que, por sinal, seria uma tradução bem mais adequada) não de livros, porém de arquivos e pastas que trazem algo em comum (veja, na Figura 5, que embora o usuário possa criar tantas "libraries" quantas lhe aprouver, por padrão o sistema oferece quatro; que são, respectivamente, coleções de documentos, músicas, imagens e vídeos).
Mas isto não seria aquilo que no Vista ou nas versões anteriores do Windows chamamos de "pastas"? Definitivamente não. Mesmo porque o conceito de "pasta" ("folder") foi mantido no Windows 7, assim como sua organização hierárquica. E aí está a Figura 6 para não me deixar mentir: nela está selecionada a pasta "Program Files" do "diretório raiz" da unidade de disco C, onde instalei Windows 7. Que mostra, no painel da direita, todo o conjunto de pastas que contém. Que por sua vez haverão de conter novas pastas e arquivos. Portanto o conceito de "folder" permanece intocado e, no que toca a suas pastas, os usuários poderão continuar a criá-las, copiá-las, removê-las de suas unidades de disco e nelas poderão continuar a armazenar os arquivos que bem entenderem.
Então Windows 7 manteve o conceito de "pasta" como “coleção de pastas e arquivos” e criou um novo, o de "libraries"? Sim e não. Porque, embora pareçam ao usuário (e se comportem como) coleções de objetos, as "libraries" são na verdade coleções de ponteiros, ou seja, coleções de objetos que se referem (ou apontam) para objetos. Mas a superposição de dois conceitos tão semelhantes não vai gerar confusão? Afinal, a MS tentou algo semelhante em Vista com as "pastas virtuais" e, tanto quanto se sabe, pouca gente as usa (presumo eu justamente porque o conceito não foi compreendido pelos usuários menos experientes) Bem, se vai ou não gerar confusão, não sei. Mas, sinceramente, espero que não. Porque, pelo menos quando bem explicado, o conceito de "libraries" é mais fácil de ser absorvido do que o de "pastas virtuais". E oferece um meio admiravelmente simples e eficaz de se organizar arquivos para facilitar sua abertura ou consulta. Aliás, segundo creio, foi justamente para debelar a confusão causada pelo conceito de pastas virtuais que a MS lançou o de "libraries". Então, vamos deixar de lero-lero (ainda se usa isto? se não, para quem não sabe, é o mesmo que blá-blá-blá) e explicar logo em que consiste o conceito de "libraries"? Vamos. Mas como a explicação demanda tempo e espaço, não caberá aqui e terá de ser deixada para a próxima coluna. Que, em compensação, eu prometo que demorará menos que esta para ser postada. B. Piropo |