Há algumas semanas escrevi uma coluna intitulada “Vista e seu índice” na qual eu abordava, embora de forma superficial, a capacidade de Vista indexar arquivos e como usá-la para selecionar um grupo de arquivos baseado em praticamente qualquer tipo de critério. Estes conceitos são essenciais para entender os tópicos que serão abordados hoje, de modo que acho recomendável a quem não leu a referida coluna que faça uma breve consulta a ela antes de enveredar aqui pelos tortuosos caminhos das pastas virtuais.
Embora em outras máquinas que uso regularmente e onde também o Vista está instalado eu já esteja recorrendo à indexação e criação de pastas virtuais, nesta que estou usando para escrever esta coluna ainda adoto o sistema hierárquico de arquivos herdado do Windows XP e migrado integralmente para ela. A tendência é que, assim que eu desenvolva a necessária proficiência nas demais, passe a usar também aqui a indexação. Porém, no momento, o que se vê nesta máquina é uma organização típica em árvore. A única peculiaridade é que todas as pastas que contêm documentos estão “penduradas” na pasta “Documentos”. São, sem exagero, centenas de pastas contendo milhares de documentos em uma estrutura em árvore.
Tenho razões para isto. Para explicá-las, facilitar o entendimento do que vem a seguir e para que as imagens da distribuição de pastas nesta máquina não venham a suscitar espanto ou dúvida, uma pequena digressão sobre meus hábitos de organização de arquivos adquiridos após anos de prática e seguindo o método de tentativa e erro. Todos os meus documentos, sem exceção, estão em uma única unidade de disco, um disco rígido totalmente independente daquele usado pelo sistema e que, nesta máquina, assumiu o identificador “D:”. Este disco – e seus antecessores – vem me acompanhando de máquina em máquina por anos a fio. Quando troco de micro, removo o disco do velho e instalo no novo, “apontando” a pasta “Documentos” para ele. Quando o espaço em disco começa a escassear, compro um disco novo de maior capacidade, transfiro para ele uma imagem do antigo e substituo um pelo outro. Por isso ainda mantenho, pelo menos por enquanto, a organização hierárquica. No mais: alguns dos nomes de minhas pastas começam com “A” ou com “A_A”. Faço isso para trazê-las para o topo da árvore – ordenada alfabeticamente – e facilitar a consulta. Geralmente elas correspondem às pastas consultados com maior freqüência. Finalmente: como vocês verão, os nomes de arquivos das colunas contêm a data da publicação no formato ano-mês-dia, e não no formato usual. Faço isso porque desta forma a ordenação alfabética passa a coincidir com a ordenação cronológica, facilitando a consulta. Isto posto, vamos ao que interessa...
Antes de tudo é preciso que um ponto importante seja entendido: no que toca a Vista e no que concerne à execução de uma pesquisa ou busca por um arquivo, o fato de todos eles estarem em uma única pasta ou organizados em pastas dentro de pastas é absolutamente irrelevante. Por isto o conteúdo desta coluna não será afetado pelo fato de, nesta máquina em particular, os arquivos ainda estarem ordenados hierarquicamente. E vou tentar explicar porque para que os conceitos fiquem claros.
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Figura 1: caixa Pesquisar |
Como mostra a Figura 1, no canto superior direito de toda janela do Windows Explorer de Vista, há uma caixa de entrada de dados “Pesquisar”. Esta caixa é sensível ao contexto. Isto quer dizer que se eu “navegar” até uma pasta de terceiro ou quarto nível e, por meio desta caixa de pesquisa, solicitar a busca de um arquivo, a pesquisa será feita exclusivamente no conteúdo daquela pasta e nas que a ela são subordinadas. Minha pasta “Documentos” situa-se no disco “D:”, subordinada à minha pasta de usuário BPiropo (de sistema), localizada na raiz deste disco. Portanto a pasta ACP2002, que aparece selecionada na Figura 1, situa-se no sexto nível hierárquico, mais precisamente em “D:\Users\BPiropo\Documents\A_ColunaDoPiropoETrilhaZero\ACP2002”. Pois bem: se eu digitar na caixa “Pesquisar”, digamos, a palavra “teclado”, o resultado será o exibido na Figura 2. Que mostra, ainda em uma janela do Windows Explorer, os arquivos em cujo conteúdo existe a palavra “teclado”, porém apenas dentre os que estão armazenados na pasta ACP2002 e suas subordinadas. Isto fica claro examinando a caixa de endereços da janela que exibe o resultado da pesquisa, assim como a estrutura em árvore que eu solicitei que fosse exibida abaixo dela (no Windows Explorer do Vista o painel que exibe a estrutura em árvore, por desnecessário, é opcional e por padrão não exibido). Os três arquivos mostrados no painel da direita são os únicos a conter a palavra “teclado”, mas apenas entre aqueles contidos na pasta ACP2002 e subordinadas.
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Figura 2: resultado de pesquisa efetuada na Figura 1 |
O que quer dizer isso? Simples: como todas as minhas pastas de documentos são subordinadas à pasta “Documentos” de Vista, se eu solicitar uma pesquisa tendo como ponto de partida a pasta “Documentos”, ela será feita em todos eles, não importando em que pastas eles estejam armazenados. Se todos estivessem atabalhoadamente jogados na pasta “Documentos” sem qualquer tipo de organização em árvore, para Vista, no que toca à pesquisa propriamente dita, não faria a menor diferença. Todos eles seriam pesquisados do mesmo jeito.
Manter uma hierarquia de pastas implica um critério de organização. E dependendo de como cada um de nós organiza coisas, a estrutura é mais ou menos complexa.
Por exemplo: eu poderia manter todos os originais de minhas colunas escritas para o Fórum PCs em uma única pasta. Pasta esta que acumularia tudo o que se referisse ao assunto, seja originais de textos, material auxiliar, figuras, o diabo. Daria menos trabalho na hora de gravar. Mas daria muito mais trabalho na hora de encontrar um determinado arquivo. Por isso, na falta de melhor opção, nestes últimos anos os venho mantendo em pastas diferentes, estruturadas hierarquicamente. E separadas por ano de publicação e por tipo, como documentos, imagens e material auxiliar. O resultado é um emaranhado danado de pastas, Na hora de gravar dá algum trabalho, mas quando eu preciso consultar uma coluna publicada no FPCs, digamos, em 2006, sei exatamente onde procurar o documento que a contém: na pasta “Documentos\A_AForumPCs\AFPC2006\”. Veja, na Figura 3, o conteúdo desta pasta.
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Figura 3: minha pasta “Documentos\A_AForumPCs\AFPC2006\” |
Mas e se eu jogasse todos os meus arquivos de documentos, sem qualquer preocupação de organização, na pasta “Documentos”, como fazer para encontrar uma determinada coluna dentre as que escrevi para o ForumPCs, digamos, em 2006?
Não conheço (suficientemente) outros sistemas operacionais que não o Windows e suas versões, portanto se qualquer outro conseguir fazê-lo com igual ou maior facilidade, favor poupar-me dos comentários. Desde já deixo claro que acredito e concordo que são, sejam eles quais forem, os melhores sistemas operacionais do mundo, portanto mantenham-me longe de discussões irrelevantes. O que quero tentar expor aqui é como a coisa funciona em Vista. Onde basta selecionar a pasta “Documentos” e entrar na caixa “Pesquisar” com “fpc2006 Nome:*.doc” (assim mesmo, porém sem aspas; veja na Figura 4). O resultado é imediato (desde que, naturalmente, sua pasta “Documentos” esteja entre os itens incluídos na indexação; leia a coluna citada no primeiro parágrafo para saber do que se trata e, se já sabe, saiba também que é possível incluir ou excluir qualquer local da lista dos indexados).
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Figura 4: resultado da pesquisa em “Documentos” por “fpc2006 Nome:*.doc” |
Compare as figuras 3 e 4. Á primeira vista parecem a mesma coisa. Pelo menos os painéis que arrolam os arquivos são exatamente iguais e contêm a mesma lista de arquivos. No entanto as duas janelas representam coisas totalmente diversas.
Enquanto a Figura 3 mostra o conteúdo de uma pasta em um sistema hierárquico convencional, como fica fácil verificar examinando-se sua barra de endereços, a Figura 4 mostra algo completamente diferente: um resultado de pesquisa na pasta Documentos, como também se pode verificar por sua barra título. Mais que isso: ela parece uma pasta, mas não é. Repare: na estrutura hierárquica que aparece na parte inferior do painel esquerdo da Figura 4, o que aparece destacado é um novo objeto com um ícone que lembra uma pilha de documentos. Cujo título é “Documento”.
Seria isto a tal “pasta virtual”?
Ainda não. Mas será assim que clicarmos no ícone “Salvar pesquisa” que aparece na barra de ferramentas no alto dos painéis. Ao fazê-lo, abrir-se-á uma janela solicitando um nome para o objeto. Escolherei um nome idêntico ao da pasta que contém aquela mesma lista de arquivos, que como sabemos é “AFPC2006”. Isto feito, clicarei em OK e voltarei a examinar a janela do Windows Explorer no mesmo modo de exibição (“Lista”). Aqui está ela na Figura 5 (não se deixe enganar pela aparente diferença do painel dos arquivos: a lista corresponde exatamente aos mesmos arquivos das figuras 3 e 4, a única mudança foi sua disposição porque alterei as dimensões para que o painel inferior esquerdo pudesse exibir mais conteúdo).
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Figura 5: Pasta virtual |
Examine a figura. Embora contendo a mesma lista de arquivos, repare que ao contrário da Figura 4 esta já não é mais uma janela de pesquisas (a caixa “Pesquisar” agora está vazia). Mas também não é uma pasta “pendurada” na pasta Documentos. Trata-se de um objeto situado abaixo de outra subdivisão, a pasta de sistema “Pesquisas” que, como pode ser percebido no painel inferior esquerdo, ocupa o mesmo nível hierárquico da pasta “Documentos”, subordinando-se diretamente à pasta do usuário “BPiropo”, como se pode constatar igualmente examinando a caixa de endereços da janela. Além disso, tive o cuidado de me referir a ela como “objeto” porque não é uma pasta. Pelo menos não é uma pasta comum, como se pode deduzir do exame de seu ícone, azulado, completamente diferente dos ícones amarelados das pastas da estrutura hierárquica.
O objeto “BPiropo\Searches\AFPC2006” é uma pasta virtual. Que, aparentemente, abriga exatamente o mesmo conteúdo da pasta “AFPC2006” da estrutura de pastas (mas poderia abrigar os de quaisquer outras, dependendo do critério usado na pesquisa que a gerou).
Por que “aparentemente”? Porque na verdade este objeto não contém arquivos, mas apenas “ponteiros” para arquivos, ou atalhos. E é gerado dinamicamente, cada vez que se o abre.
Se achou esta última frase complicada e não foi pela inusitada – porém correta – construção “se o abre”, não se preocupe, logo seu sentido será esclarecido.
Na próxima coluna, naturalmente.
E, espero eu, a última desta série.
B.
Piropo