< Coluna em Fórum PCs >
|
||
31/06/2008
|
< Vista: por que tantas colunas sobre ele? > |
Minha intenção hoje era dar prosseguimento à série de colunas sobre Vista abordando o sistema de arquivos WFS que adota uma forma – tanto quanto me é dado saber – inovadora de gerenciar arquivos. Seria, caso fosse lançado com o Vista, certamente um dos maiores focos de discussão e certamente daria muito que falar devido à abordagem que usa para manejar arquivos, absolutamente diferente de todas as versões anteriores e cujo conhecimento, penso eu, é de interesse tanto para aqueles que pretendem adotar o novo sistema quando for lançado como para os que se manterão cuidadosamente longe dele – em geral um número significativo quando se trata de algo novo ou diferente. Em princípio, não costumo orientar minhas colunas com base nos comentários das anteriores. E esta atitude não significa desatenção ou desprezo a tais comentários que, quando não tentam ressuscitar a velha briga entre tribos, são bastante pertinentes e – tanto os “contra” quanto os “a favor” – agregam bastante conteúdo à coluna propriamente dita e são todos lidos com o mesmo respeito e consideração. Ajo assim porque, do contrário, me seria impossível manter um mínimo de planejamento sobre os assuntos das próximas colunas, já que os temas seriam escolhidos ao sabor dos comentários. Poucas vezes violei esta regra que impus a mim mesmo e quando o fiz foi por razões que considero relevantes. Como relevante é a razão que me leva a violá-la mais uma vez: o comentário do colega de Fórum Phiron, que não conheço, mas que, de acordo com o cadastro, é de Montes Claros, Minas Gerais. Aqui vai seu comentário, na íntegra, sem a troca ou acréscimo de uma única vírgula. Saboreiem-no. “Antes de mais nada, gostaria de dar os parabéns ao Piropo, pois como as pessoas sensatas podem perceber, muitos dos recursos do Vista são inovadores e úteis, como foi demonstrado nas colunas anteriores do autor do artigo, mas antes de mais nada, devemos ter em mente, que a microsoft e demais empresas e produtores de software não projetam programas pensando em nós meros mortais dos países subdesenvolvidos, eles produzem pensando nos mercados europeus, japonês e americano! então, muitas vezes o que para nós parece "pesado" para eles não é! o que fez o vista não ser totalmente aceito nesses mercados não foi exatamente o "peso" mas sim a questão da funcionalidade vs preço, veja bem, até agora eu não vi nada de muito significativo que poderia, por exemplo, fazer um usuário que use software legalizado comprar o vista e encostar a licença do XP ou mesmo, como eu um usuário Linux resolver comprar o Vista! Apesar de instrutiva e verdadeira essa coluna excelente foi estragada com a frase final:"tente isso em qualquer outro so"! , não querendo desmerecer ou desafiar, mas sinceramente eu não creio que o Piropo tenha grandes conhecimentos em outros S.O. para fazer essa afirmativa, primeiro porque ele é pró-Vista nos seus comentários podemos perceber um tom de parcialidade e segundo porque ele é uma pessoa provavelmente muito atarefada e ocupada e não tem tempo de ficar testando os diversos sistemas operacionais que existe! eu acredito que seria mais feliz se ele tivesse dito "Desconheço ferramenta tão eficaz em outro S.O.", sim porque como já foi dito em sistemas unix essa ferramenta de indexação existe e é muito eficaz, não conheço em modo gráfico, porque realmente gosto e uso muito o shell, mas tem o comando # updatedb que faz a indexação de arquivos, nunca cronometrei mas dependendo do HD e quantidade de dados demora um pouco, e depois o comando $ locate, não sei se tem a mesma qualidade ou rapidez do sistema do vista, que pelo preço tem por obrigação ser um produto da mais alta qualidade, mas funciona muito bem! Eu sou professor e digito diversos trabalhos dos meus alunos e provas no computador, e realmente eu tenho muitos arquivos e esse comando é uma mão na roda, como foi citado existe o tracker para o linux, eu nunca usei, mas dizem que é muito bom. A cópia do vista que eu testei foi a RC1 e funcionava muito mal na época, mas gostei muito do visual, infelizmente no meu notebook veio a versão SE e não tem como avaliar o Vista por essa versão, e como é muito limitada instalei o Ubuntu 7.10, infelizmente eles vendem com a caixa fechada e mesmo após tentar comprar a versão Pelo menos Home Premium mas não teve jeito... Portanto eu peço ao grande Piropo Que seja mais imparcial nas suas colunas, porque suficientemente técnico você já é!” Um comentário bem educado, muitíssimo bem embasado e que, penso eu, deve ser lido com respeito e atenção. E merece algumas considerações. Antes de tudo, o que mais me despertou atenção foi a afirmação que “Apesar de instrutiva e verdadeira essa coluna excelente foi estragada com a frase final:"tente isso em qualquer outro so"! , não querendo desmerecer ou desafiar, mas sinceramente eu não creio que o Piropo tenha grandes conhecimentos em outros S.O. ... eu acredito que seria mais feliz se ele tivesse dito "Desconheço ferramenta tão eficaz em outro S.O.". E a razão de destacar este item (que, aliás, já havia sido apontado em outros comentários) é simples: quanto a ele, Phiron está coberto de razão. Seja ao afirmar que meus conhecimentos relativos a outros sistemas operacionais são extremamente parcos – pois de fato o são – seja, sobretudo, ao declarar que a frase citada foi mal empregada (embora, para ser franco, eu não creio que ela tenha “estragado” a coluna, mesmo respeitando sinceramente a opinião do Phiron). Mas tanto concordo que a frase – com a devida menção à razão da substituição – já foi substituída na coluna original. Era uma frase prenhe de soberba e arrogância, sentimentos que reprovo nos outros e por isso evito cultivar. Assim, com a correção na coluna anterior, vão, nesta, minhas desculpas pelo deslize. Mas o comentário do Phiron merece considerações adicionais que interessam sobretudo àqueles que têm o (mau?) hábito de ler minhas colunas. Então vamos a eles. No que diz respeito ao campo dos sistemas operacionais, não sendo eu um profissional da área nem professor desta disciplina (leciono Arquitetura – ou Organização – de Computadores, mais ligada a hardware), meu conhecimento mais extenso se limita àqueles com os quais mantive contato na qualidade de usuário. Começando com o DOS do MSX, meu primeiro micro há pouco mais de duas décadas, e se estendendo ao MS-DOS 3.2 (que, penso eu, veio instalado em meu primeiro XT), MS-DOS 3.3, ao malfadado MS-DOS 4, ao mais que bem-vindo DR-DOS 5.0 e depois, já na era das interfaces gráficas, às versões de Windows 3.x, ao excelente OS/2 em todas as suas versões de 2.0 em diante e, a partir de Windows 98, às versões de Windows que a sucederam: 98SE, 2000, XP e, agora, Vista. Vale mencionar, pela ausência, as versões Windows 95 que não usei porque na época usava o OS/2, e Windows ME que não usei por não ser usável. Mas, por dever de ofício (no caso, colunista de informática) conheço um pouco de ambas. Já quanto aos sistemas operacionais da linha Apple-MacIntosh e todos os derivados do Unix, incluindo o Linux e suas diversas distribuições, tem Phiron inteira razão: meu conhecimento é pouco mais que nulo. Não os conheço porque jamais os usei e não os usei porque não tive interesse em usar. Portanto, afirmações genéricas de minha parte sobre “qualquer outro sistema operacional” são totalmente descabidas. Mas o que é um sistema operacional? Deixando de lado as questões de natureza técnica, filosófica e, neste caso particular, até mesmo ideológicas, um sistema operacional é um produto comercial como qualquer outro. Vende-se nas lojas, compra quem quer – ou quem tem dinheiro suficiente para comprar – e ninguém é obrigado a usar este ou aquele. Mais ou menos como sabonete e automóvel. Portanto, afirmar que sou “pró-Vista” e que em meus “comentários podemos perceber um tom de parcialidade” é mais ou menos o mesmo que afirmar que sou “pró-Fiat” porque meu carro, que conheço bem, é um modesto Pálio e daí inferir que por via de conseqüência sou “anti-Volkswagen”. Ou que, em vista do sabonete que costumo usar, sou “pró-Phebo” e, portanto, “anti-Palmolive”. Não sou uma pessoa de natureza religiosa (e não vai aqui qualquer falta de respeito a seja qual religião for, muito pelo contrário: sei que o sentimento de religiosidade é importante e que pode ajudar muito nos momentos difíceis, mas não fui contemplado com ele). Porém se eu fosse, digamos, evangélico, isto certamente não faria de mim “anti-católico”, “anti-muçulmano” ou “anti-umbandista”. Certamente respeitaria a todas as religiões que não a minha como respeito hoje. E, quando ainda havia futebol que valesse a pena ser assistido no Brasil, o fato de eu torcer por um clube não me fazia ser inimigo dos torcedores dos demais, apenas adversário. Comportamento esperado de qualquer pessoa minimamente civilizada mas que, por alguma razão, está cada vez mais raro no mundo em que vivemos. Sem chegar ao extremo de mencionar o fato de que nas grandes cidades há pessoas que disparam armas de fogo contra outras, desconhecidas, apenas porque elas ousam envergar camisas de um clube de futebol “inimigo”, tenho reparado que a tendência das pessoas se agruparem em “tribos” devido à característica inerentemente gregária da espécie humana tem evoluído para que estas tribos, sejam elas quais forem, adotem um comportamento cada vez mais belicoso. O raciocínio que domina certas mentes (e deixo claro que não me refiro aqui ao comentário do Phiron, educadíssimo e muito amistoso) parece tender para o raciocínio tacanho que conclui, primariamente, que “se não é da minha tribo, é meu inimigo e, portanto, desprezível”. Um sentimento que se estende não apenas às torcidas de futebol, mas às religiões (vide o estrago que os fundamentalistas, quaisquer que sejam suas extrações, estão causando pelai) e, ao que parece, já há algum tempo, a certos produtos. Inclusive e notadamente aos sistemas operacionais. O que remete novamente ao ponto anterior: como se escolhe um sistema operacional? No que me diz respeito, escolho como qualquer outro produto. Avalio suas qualidades, verifico se elas atendem minhas necessidades e expectativas, peso a relação custo/benefício e, depois de examinar alguns fatores complementares como beleza, facilidade de uso e coisas que tais, decido pela compra ou não. E note que este critério vale para qualquer produto, seja ele um sabonete, um carro ou um sistema operacional. É claro que sua aplicação fornece resultados diferentes para cada indivíduo. Minhas necessidades e expectativas são diferentes das suas, assim como meu senso estético e outros fatores de avaliação. E, quem respeita as diferenças, entende que distintas pessoas escolham diferentes produtos. E que todas elas merecem igual respeito. Pois bem: baseado naqueles critérios, escolhi Vista como meu sistema operacional. Evidentemente eu poderia continuar usando o XP. Ele também atende minhas necessidades e expectativas. Mas as razões que me fizeram migrar para o Vista foram as mesmas que me fizeram passar do DOS 3.2 para o 3.3 e do Windows 98SE para o XP: cedo ou tarde estariam obsoletos. E não (apenas) porque a MS assim o queira e obrigue a obsolescência do sistema anterior para aumentar suas vendas, mas (principalmente) porque a indústria do hardware evolui, a do software também e dentro em breve os programas que preciso exigirão as novas funcionalidades incluídas no Vista. Então, se cedo ou tarde deverei adotá-lo, melhor cedo do que tarde para que eu possa aprender a usá-lo antes de meus leitores que, caso venham a cogitar fazer o mesmo, não abandonarão este velho escrevinhador e terão uma fonte de consulta que os ajude a decidir. Então uso Vista porque quero, ou seja, porque escolhi usá-lo. E conheço Vista porque o uso. Será que por isso pode-se “perceber um tom de parcialidade” em meus comentários sobre ele? Bem, se eu uso o sistema é porque gosto dele (não faria sentido se fosse o contrário) e encontro nele certas qualidades. Que acho natural mencionar. Mas, a meu ver, isso não configura parcialidade. Parcialidade seria tentar convencer os leitores que não usam o Vista a fazê-lo, apontando suas qualidades e contrapondo-as aos defeitos dos sistemas operacionais usados por eles. Coisa que, por mais que eu tenha escarafunchado minhas colunas anteriores, não me lembro de jamais ter feito. Muito pelo contrário: poucas pessoas defendem, como eu, a absoluta liberdade de cada usuário usar o sistema operacional que melhor lhe aprouver. E isto inclui, naturalmente, Vista. Como inclui os SO da linha Mac e todos os derivados do Unix.
Então, por que escrevo tanto sobre o Vista? Teria eu o eleito “o melhor de todos os sistemas operacionais”? Definitivamente não. Na verdade, para surpresa de alguns, os sistemas operacionais (reiterando: dentre os que conheço) que considero “melhores” sequer eram da Microsoft. Foram eles, em seu devido tempo, o DR-DOS 6.0 da Digital Research, um primor na arte de “espremer” a limitada memória dos velhos 80286 até seu último byte, e o OS/2 da IBM, o mais estável SO com interface gráfica que já conheci. Este último, caso não tivesse sido jogado ao leu pela IBM e tivesse sido atualizado em versões sucessivas, eu estaria usando até hoje. Não foi a toa que escrevi um livro inteiro sobre ele. Escrevo tanto sobre Vista por duas razões. A primeira é que o conheço relativamente bem já que, por ser o sistema operacional que elegi para meu uso, procurei obter o máximo de informações possíveis sobre ele, oriundas das fontes mais variadas (inclusive livros – sim, ainda há quem os leia) publicados por autores independentes. Pois, como sabem os que me lêem, não gosto e não costumo escrever sobre coisas que não conheço. A segunda é bem mais prosaica: a ignorância que cerca o produto, grande parte dela alimentada por comentários de “adversários” (ou “inimigos”?) da MS. Que não é uma religião nem um clube de futebol, é apenas uma empresa que desenvolve software e emprega os meios que estão ao seu alcance (alguns deles, diga-se a bem da verdade, bastante criticáveis, porém tanto quanto eu saiba, nenhum ilegal) para garantir sua supremacia no mercado. Como fazia a IBM quando dela era esta supremacia e como faz qualquer outra empresa em qualquer outro ramo de negócios que domine o mercado onde seus produtos são comercializados. Então, a coisa é simples: em termos de “assunto”, Vista não apenas é um que eu conheço como também é um em torno do qual paira um desconhecimento generalizado, seja porque o produto é novo, seja porque é naturalmente complexo, seja porque este desconhecimento é alimentado por opiniões “contrárias” ao produto – por mais que me custe entender com se pode ser “a favor” ou “contra” um produto comercial. Portanto não vejo razão para parar de escrever sobre algo que conheço e que existem pessoas que desconhecem e gostariam de conhecer um pouco mais. É para isso que servem as colunas de informática. Notem bem que não quero convencer ninguém a usar (ou deixar de usar) Vista ou qualquer outro sistema operacional. Se meu amigo (caso ele me permita tratá-lo assim) Phiron até agora não viu “nada de muito significativo que poderia, por exemplo, fazer um usuário que use software legalizado comprar o vista e encostar a licença do XP ou mesmo, como eu [ele, Phiron] um usuário Linux resolver comprar o Vista” tanto melhor para eles. Isto significa que o usuário citado e o próprio Phiron estão contentes com o sistema operacional que usam que, provavelmente, roda satisfatória e rapidamente todos os programas de que eles necessitam e atende perfeitamente suas expectativas. Portanto desejo sinceramente que eles continuem assim, felizes e contentes com seus sistemas. Se possível, para sempre. Ou, mais realisticamente, por tanto tempo quanto a evolução do hardware e do software (e, no caso do Phiron, do próprio Linux, de que se declara usuário) permitirem que suas necessidades e expectativas sejam atendidas. Por outro lado ninguém, nem mesmo os mais ardorosos admiradores da Microsoft (que, como os “inimigos”, também existem e são igualmente aguerridos) é obrigado a migrar para Vista. Podem continuar, por exemplo, com o XP, que acaba de receber um novo alento com a liberação de seu terceiro “pacote de serviços” (SP3) até que seja lançado o sucessor de Vista, o já esperado Windows 7 que, segundo Bill Weghte, vice presidente da MS, < http://www.computers.net/content/windows-7-could-be-shelves-2010 > será lançado em 2010 (o que, em minha opinião, significa que poderemos contar com ele dentro de três a quatro anos). Porém aqueles que pretendem mudar, se vierem a cogitar sobre o uso de Vista, talvez encontrem, nestas modestas colunas que venho escrevendo sobre o assunto, informações que os ajudem a adotá-lo – ou fugir dele – com algum conhecimento de causa. Portanto, tornando a coisa mais simples: minhas colunas sobre Vista não se destinam a convencer ninguém a usá-lo ou deixar de fazê-lo. Em nenhuma delas, espero, os leitores encontrarão qualquer sugestão minha neste sentido. Nem são “a favor” de Vista e, por inferência, “contra” os demais sistemas operacionais. Para mim não faz sentido ser contra ou a favor de produtos comerciais, apenas analisá-los quando for o caso. Seu objetivo é esclarecer. Nada mais que isto. Comentários (inclusive os “contra” e “a favor”) serão sempre bem-vindos. Principalmente aqueles que trouxerem eventuais correções ao texto da coluna (não tenho qualquer pretensão de ser o dono da verdade e cometo erros como qualquer outra pessoa – e em número bem maior do que gostaria de admitir). Mas, por favor, não vejam em meus escritos quaisquer conotações de propaganda, sugestão de uso ou juízo de valor comparativo, exceto quando devidamente explicitado (ou seja, quando eu estiver efetivamente comparando o produto A com o produto B). E tenham sempre em mente que o “melhor” sistema operacional é aquele que o usuário escolheu, desde que esteja satisfeito com ele. E, bem sei eu, este sistema nem sempre é o Vista. B. Piropo |