< Coluna em Fórum PCs >
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28/01/2008
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< Hábitos de trabalho I > |
O objetivo desta coluna é compartilhar com vocês alguns hábitos de trabalho que adquiri ao longo de mais de vinte anos de uso diário de um computador pessoal e que têm facilitado bastante minha vida. Mas, antes que comece a chover críticas e opiniões contrárias (que, como sempre, eu lerei com atenção e respeito, mas com as quais poderei ou não concordar) quero ressaltar que são hábitos adquiridos por mim, adequados ao meu modo de trabalhar e que, a meu juízo, tornaram a execução de algumas de minhas tarefas mais fáceis ou seguras. O que não quer dizer que sejam igualmente úteis para os demais leitores e, portanto, devam ser adotados por todos. Não são sugestões, portanto. Apenas uma tentativa de compartilhar com vocês um pouco de minha experiência pessoal. Quem achar que uma ou outra dessas idéias pode ajudar (mesmo porque nenhuma delas é nova ou original), se sinta à vontade para usá-las. Quem as achar “ridículas”, “bestas”, “um luxo desnecessário” ou “desperdício de recursos”, fuja delas como o diabo da cruz. Mas poupe-me das diatribes. E aos que acham esta nota desnecessária, informo que depois de alguns anos escrevendo neste Fórum e de quase centena e meia de colunas publicadas, aprendi que qualquer opinião, seja qual for o assunto, provocará reações do tipo “isso é uma rematada tolice” ou coisa parecida, portanto este intróito é perfeitamente cabível. Em suma: os que discordarem do conteúdo da coluna devem se sentir inteiramente à vontade para manifestar sua opinião, mas sempre tendo em mente que não estou tentando convencer seja quem for a adotar os hábitos e procedimentos que descreverei a seguir. Agora, ao que interessa. A idéia de abordar este tema me veio à mente justamente depois de publicar a última coluna da série sobre um destes hábitos, o uso de dois monitores. As razões pelas quais o faço e o modo de fazê-lo foram detalhadamente discutidas ao longo da série, portanto não cabe aqui voltar a elas. Cabe apenas repetir que o fato de poder abrir um editor de texto em um monitor e um navegador de internet em outro, ambos em tela cheia, facilita extraordinariamente a vida de quem escreve sobre temas técnicos e precisa fazer seguidas consultas a enciclopédias, dispositivos de busca e outras fontes de consulta na Internet. E a possibilidade de mover todas as barras de ferramentas e janelas auxiliares para o segundo monitor, ampliando a área de edição, ajuda bastante a quem usa programas gráficos ou editores de apresentações. Então, por que não compartilhar isto com os leitores? O resultado foram as três colunas acima citadas que, juntas, até agora receberam mais de dez mil visitas e suscitaram mais de cem comentários. Portanto, ao que parece, o tema despertou algum interesse. Então por que não compartilhar outros tantos hábitos que, penso eu, têm facilitado a minha vida nestes últimos anos? Um deles é o uso, já há alguns anos, de um mause de roda (“wheel mouse”) e cinco botões (notar que a roda funciona também como um botão). O que torna perfeitamente válida a pergunta: “mas pra que tanto botão?”. Já explico. Mas antes vejamos com que se parece o bichinho.
Aí está ele, na Figura 1. Um mause ótico, naturalmente, que hoje em dia não tem mais cabimento usar mauses de esfera (ou “bolinha”, para quem prefere). Seus botões estão assinalados com as setas. Os de número 1 e 2 são os dois botões tradicionais, nos locais habituais: o “principal” à esquerda e o “secundário” à direita (se bem que isso pode ser configurado neste e em qualquer outro mause). Os de número 3 e 4 situam-se nas laterais, um deles, o da direita, visível no mause exibido na Figura 1, o outro oculto por se situar do lado oposto. E, finalmente, o de número 5 é a própria “roda” situada no centro do mause que, além de permitir o rolamento da tela (e outras gracinhas, como o aumento e redução do tamanho do texto e imagens quando combinado com a tecla “Ctrl”, nos programas que admitem esta função), pode ser “clicada” e funciona como um botão adicional. Agora, voltemos à pergunta: “pra que tanto botão?”. Bem, os dois primeiros para as funções de sempre: selecionar, clicar, arrastar e abrir menus de contexto. O que importa, portanto, são os outros três. Para que servem? A resposta mais abrangente seria, simplesmente, “para o que você quiser”. Literalmente. No mause mostrado na Figura 1, instalado o gerenciador (“driver”) adequado, cada botão pode ser configurado para executar mais de trinta diferentes ações preestabelecidas que vão desde navegar entre janelas abertas, executar funções como “sair do programa” ou “desfazer” até simular o acionamento da tecla “Shift”. Sem falar nas ações que você mesmo pode “inventar”, como invocar qualquer programa ou simular o acionamento de qualquer combinação de teclas (“atalho de teclado”). Basta configurar. Em suma: escolha o que deseja fazer com eles (usando a janela mostrada à direita da Figura 1, que pode ser invocada clicando-se no objeto “Mouse” do Painel de controle) e eles, obedientemente, farão o que você mandar. Eu mesmo, há anos, uso estes dois botões para copiar e colar objetos para e da Área de Transferência de Windows (“clipboard”), mas você poderá descobrir outro uso mais afeito às suas necessidades. Copiar e colar, para quem edita textos grandes, usa citações e precisa recorrer a estas operações freqüentemente, é uma benção. Marco o trecho desejado na origem, aciono o botão lateral direito (para copiar), passo para o outro programa, clico com o botão principal no ponto desejado e aciono o botão lateral esquerdo (para colar). E isto funciona para textos, imagens ou qualquer outro objeto que possa ser copiado na Área de Transferência. A coisa vicia tanto que, quando trabalho em máquinas de terceiros com mauses comuns, me vejo a toda hora apertando as laterais do bichinho até me dar conta que ali não há botões. O quinto botão, a “roda”, também pode ser configurado para executar qualquer uma das dezenas de funções disponíveis. Eu o uso para invocar o excelente dicionário (na verdade um soberbo conjunto de dicionários) Babylon, sobre o qual já escrevi aqui mesmo neste Fórum. É mover o cursor para cima de uma palavra em qualquer ponto da tela, premir a rodinha e ler seu significado nos idiomas que tiver escolhido. Sem falar, naturalmente, na facilidade que a roda oferece para “rolar” textos na tela. Pois bem: discutido o mause, convém discutirmos o teclado. E discutir o teclado significa, basicamente, falar sobre seu formato e sua quantidade de teclas. No que toca ao formato, há duas alternativas: o formato clássico, retangular, e um dos diversos formatos “ergonômicos” disponíveis. Ergonomia, neste contexto, significa a “otimização das condições de trabalho humano, por meio de métodos da tecnologia e do desenho industrial” (dicionário Houaiss). Aplicá-la aos teclados é fundamentalmente encontrar um formato e uma disposição de teclas que reduza o esforço do usuário ao digitar. E, em busca deste graal, os desenhistas industriais têm dado asas à imaginação, desenvolvendo formatos estranhíssimos como os três exibidos na Figura 2, exemplos de notáveis rasgos de criatividade da mente de seus idealizadores. O da parte superior da figura é um teclado Kinesis Evolution, ajustável, o do centro um teclado Maltron Ergonomic e o da parte inferior é um teclado também Kinesis, porém modelo “Contoured”. Se você desejar conhecer os preços e detalhes sobre estes teclados de formato tão original ou se quiser admirar outros tantos, ainda mais originais, dê uma espiada no sítio do < http://www.artlebedev.com/everything/optimus/price-compare/ > Art Lebedev Studio. Há alguns quase inacreditáveis.
Usar ou não um teclado “ergonômico” é essencialmente questão de gosto. Se você digita com os dez dedos, talvez se sinta mais confortável com um deles. Cujo formato não precisa ser tão radicalmente revolucionário como os exemplos da Figura 2. Pode ser mais simples como o mostrado na Figura 3, um dos modelos da linha “Natural” da Microsoft (a MS batizou seus teclados ergonômicos de “naturais”).
Este é o meu formato preferido por permitir manter os pulsos fixos, apoiados na borda mais larga da parte de baixo, enquanto os dedos vagam livremente pela área alfanumérica do teclado sem a necessidade de mover os braços. Acredite: além de bastante confortável, cansa muito menos. Mas, repito, é única e exclusivamente uma questão de gosto pessoal e só ajuda a quem digita com os dez dedos. O segundo ponto a considerar na escolha do teclado é a quantidade das teclas que oferece. Nos velhos tempos do AT, teclado de micro da linha PC tinha obrigatoriamente 101 teclas. Depois apareceram os de 102 teclas, com uma tecla a mais que podia ser programada mas ninguém sabia como (quer dizer, quase ninguém; se você soubesse desenvolver uma rotina que capturasse a interrupção do teclado e entrasse com o caractere desejado poderia fazer o que bem quisesse com ela, mas não eram muitos os usuários capazes disso). Depois apareceu o “teclado Windows” com pelo menos mais duas teclas na linha da barra de espaço. E, por fim, aparecerem dezenas de diferentes modelos de teclados com dezenas de teclas adicionais, algumas de finalidade preestabelecida, outras programáveis. E cada um (pelo menos em tese) otimizado para um tipo de atividade: multimídia, navegação na Internet, o diabo. Cada empresa oferece um ou mais modelos (só a MS fabrica mais de vinte tipos diferentes), ergonômicos ou não. Vale a pena usar teclado com tanta tecla? Depende. Entre outras coisas, naturalmente, é uma questão de gosto. Mas não somente. Um pouco de bom senso sempre ajuda. Um teclado com um número não exageradamente grande de teclas adicionais, com algumas delas programáveis (que serão empregadas para efetuar as tarefas mais comuns, como carregar os programas mais freqüentemente usados), pode ser uma ajuda e tanto. Se você conseguir um que não tenha teclas demais (cuja finalidade você acabará inevitavelmente esquecendo) e ofereça alguma flexibilidade de programação, terá um pouco de trabalho a mais durante o período de adaptação mas, ultrapassada esta etapa que não há de ser longa, pode ganhar bastante em produtividade. Eu escolhi para meu uso exatamente o teclado mostrado na Figura 3, com cinco teclas programáveis, duas setas para facilitar a navegação na Internet, algumas (poucas) teclas pré-programadas como as que carregam a calculadora (que uso muito), os programas de correio eletrônico e navegador, controle de volume do alto-falante e um inestimável controle de tamanho de texto e imagem (bem no centro, entre as duas metades do teclado alfanumérico, rotulado “zoom”) que ajuda um bocado (não apenas para aumentar o tamanho dos objetos e torná-los mais visíveis como também para reduzir o tamanho de janelas e imagens fornecendo uma visão global de seu conteúdo). Além de tudo isso ele oferece também a possibilidade de “fixar” as finalidades das teclas de função (F1 a F12) para executar operações preestabelecidas. Por exemplo, a tecla F5 passa a executar a função “Abrir” seja qual for o programa e a tecla F10 aciona a correção ortográfica. Eu, francamente, achei esta idéia meio besta. Mas como seu uso não é obrigatório (basta abster-se de acionar a função), simplesmente a ignoro. Mas quem sabe existe quem goste dela... O seu teclado preferido não há de ser o mesmo porque seus hábitos e necessidades certamente serão diferentes dos meus. Mas, nos dias de hoje, com as possibilidades oferecidas pelo mercado, certamente você encontrará um teclado mais eficaz e confortável que o “queixo-duro” convencional. Basta procurar um pouco e se adaptar a seu uso. Vistos monitor, mause e teclado, vamos falar um pouco sobre discos rígidos. Mas isso fica para a próxima coluna. B. Piropo |