< Coluna em Fórum PCs >
|
||
09/10/2006
|
< Segurança no Vista I: Instalando o RC2 > |
Ultimamente tenho falado muito do passado e, com isto, acabo por esquecer do presente. E é no presente que as coisas acontecem. Então, para que não percamos o passo com o que anda ocorrendo por aí, avancemos um par de séculos dos tempos de Babbage para os de Vista. Sim, voltarei a falar de Vista. E o que me levou a isto foi um comentário recente do Ricardo Almeida postado em uma de minhas antigas colunas sobre a “usabilidade” de Windows Vista ressaltando que nem todas as novidades do sistema se limitam à sua aparência. Para ilustrar, Ricardo lembra as inovações no campo da segurança citando especificamente o livro de André Machado e Alexandre Freire “Como Blindar seu PC”, recém lançado pela Editora Campus Elsevier, que contém um capítulo inteiro sobre o Vista. Achei o tema pertinente e decidi abordá-lo. Evidentemente, haverá discordâncias. As de sempre, que eclodem cada vez que me atrevo a escrever sobre Vista. Acostumado a elas, o máximo que posso fazer é aconselhar a quem o assunto incomodar ou desagradar que, misericordiosamente, se abstenha de ler as colunas e dedique seu valioso tempo a ocupações mais nobres. Já aos que estiverem interessados nas novidades no campo da segurança que o novo sistema da MS trará, desejo uma boa leitura e prometo fazer o possível para abordar o assunto de modo que ele se torne inteligível inclusive (e principalmente) para não especialistas. E como resolvi testar a compilação mais recente do sistema, começarei abordando sua instalação. Isto posto, mãos à obra. Antes de entrar no tema das colunas, vejamos a quantas anda o sistema operacional que, depois de umas tantas idas e vindas, a MS prometeu liberar para o público no próximo Janeiro de 2007. Os “beta-testers” oficiais de Windows Vista receberam recentemente (mais especificamente em seis de outubro de 2006) a autorização para transferir e instalar o chamado “RC2”, ou “Release Candidate 2” que, segundo as notícias oficiais do < http://blogs.msdn.com/winbr/default.aspx > “Inovações à Vista”, o “blog” oficial do time de Engenharia do Windows no Brasil, é “o último ‘build’ beta antes da versão RTM (versão final)”. O nome oficial do RC2 é “Build 5744.16384” e as versões disponíveis se limitam aos idiomas inglês, japonês e alemão. Se este é de fato o último “build” (não sei porque não usar o termo “compilação” em vez de “build”, mas quem sou eu para discutir com a MS) antes da versão final, parece que a MS efetivamente cumprirá a promessa de lançar comercialmente o produto para o usuário no início do próximo ano. Se isto ocorrer, estamos realmente muito perto de dispor de um novo sistema operacional. Resta ver como está a nova compilação. Eu tenho rodado o Vista na máquina de trabalho há cerca de um ano procurando me manter atualizado com as novas compilações. Mas a última que eu havia instalado, o RC1 (Release Candidate 1, ou mais especificamente o “Build 5600.16384”), estava tão estável e satisfatória que eu havia decidido me manter com ela até a versão final. Porém, já que voltaria a escrever sobre o Vista, decidi baixar e instalar o RC2. Que veio sob a forma de uma imagem de DVD em alentado arquivo no formato .iso com mais de 2,6 GB. Ao longo deste ano instalei pelo menos cinco diferentes compilações do Vista, algumas “limpas” (sobrescrevendo a instalação anterior), outras apenas atualizando o sistema (e mantendo as configurações da máquina e os programas instalados). Todas funcionaram à contento e foram muito simples. Mas como simplicidade na instalação é uma das vantagens de Vista (que nada têm a ver com aparência) que a MS vem alardeando e como este RC2 já está bastante próximo da versão final, decidi fazer uma instalação “limpa”, ignorando completamente todas as configurações da máquina, para comprovar o grau de simplificação alcançado. Durante a instalação “limpa” de um novo sistema operacional é preciso coletar dois tipos de informação. Um deles tem a ver exclusivamente com as preferências do usuário: em que partição de que unidade de disco ele deseja instalar o sistema, que tipo de instalação fazer, que idioma usar e coisas que tais. Outras, dependem do hardware e da configuração do sistema: características dos periféricos, saber se a máquina está ou não ligada em rede e assim por diante. As primeiras, evidentemente, o sistema não pode “adivinhar” e tem que perguntar ao usuário. Quanto às últimas, quanto menos o usuário for incomodado com elas, mais simples será a instalação. Se, como eu, você vem instalando sucessivas versões de sistemas operacionais desde os tempos do DOS 3.2 quando, a cada nova versão, era necessário formatar manualmente o disco rígido e partir, literalmente, do zero, informando detalhes como endereços de memória, número de interrupção e canal de DMA de cada periférico conectado e agregando seus “drivers” ao sistema, deve ter reparado que a coisa vem se simplificando um bocado ao longo do tempo. E, com a inestimável ajuda da tecnologia “plug-and-play”, o número de informações solicitadas ao usuário vem diminuindo significativamente. Mas mesmo nas versões mais recentes de Windows a instalação ainda exigia a permanência do usuário ao lado da máquina durante grande parte do procedimento para fornecer uma ou outra informação. Pois bem: na instalação de Vista não somente o número de intervenções do usuário foi reduzido ao que me parece o mínimo indispensável como também, inteligentemente, sua participação somente é solicitada no início e ao final do procedimento. Isto significa que é perfeitamente possível iniciar a instalação, fornecer algumas informações básicas e ir tratar da própria vida, deixando a máquina cuidar de si mesma até que a primeira inicialização do sistema solicite as informações remanescentes. Um progresso e tanto. Senão vejamos: inserido o DVD de instalação no acionador, aparece a janela mostrada na Figura 1.
Ela oferece meios de obter informações básicas sobre a instalação (úteis para quem instala pela primeira vez), permite abrir o utilitário “Windows Easy Transfer” que facilita a transferência de arquivos e ajustes de outro computador (como contas de usuário, pastas e arquivos, ajustes de programas, favoritos e ajustes do programa de correio eletrônico, além das mensagens recebidas), traz um atalho que, caso a máquina esteja conectada à Internet, permite verificar a compatibilidade do hardware com o Vista e oferece o botão “Install Now” que inicia o procedimento de instalação. Como a instalação estava sendo feita por um usuário que já tem grande prática na instalação de Vista, em uma máquina cujo hardware estava mais que testado no que toca à compatibilidade e não havia interesse em transferir arquivos ou ajustes (os meus arquivos de dados permanecem armazenados em outra máquina que funciona principalmente como servidor de arquivos), parti diretamente para a instalação. Um clique no botão “Install Now” trouxe à tona a janela da Figura 2:
Esta janela oferece a opção de, caso a máquina esteja conectada à Internet durante a instalação, verificar diretamente no sítio da MS se já há alguma atualização disponível. Evidentemente no caso de versões beta, sempre atuais, sua utilidade é limitada mas poderá ser grande na instalação da versão comercial, sobretudo quando o produto for adquirido no varejo, em DVD. Afinal, especialmente por se tratar de um sistema novo, há uma probabilidade razoável de que alguma atualização já tenha sido liberada entre as datas em que o DVD foi gerado e da instalação, portanto recomendo marcar sempre a primeira opção, “Go online to get the latest updates for installation” (obter as atualizações mais recentes “online” para instalação) exceto se a máquina não estiver conectada à Internet. Neste caso, marca-se a segunda opção “Do not get the latest updates for installation” (não obter as atualizações mais recentes para instalação) mas, após o sistema instalado, recomendo enfaticamente que se faça uma visita ao sítio da MS em busca de atualizações. Escolhida a opção desejada, apresenta-se a janela exibida na Figura 3:
Esta é mais uma decisão que só pode ser tomada pelo usuário: atualização do sistema atual ou instalação “limpa”? Se a instalação está sendo feita em uma máquina rodando, por exemplo, Windows XP, escolhendo-se a primeira opção, “Upgrade” (atualização), preserva-se não somente toda a estrutura de pastas e arquivos de documentos como também os programas instalados e suas configurações, assim como as do próprio Windows (contas de usuários, etc.). Esta será, provavelmente, a escolha preferencial para a maioria dos futuros usuários de Vista (mesmo porque, caso algum dos programas instalados no XP venha a apresentar alguma incompatibilidade com o Vista, sempre se pode apelar para o utilitário “Program Compatibility Wizard” incorporado ao Vista, que resolve a maioria dos problemas deste tipo emulando qualquer versão do sistema desde Windows 95). Mas, como eu estava instalando sobre uma outra compilação do próprio Vista e como desejava justamente testar a instalação “limpa”, escolhi a segunda alternativa. Note, entretanto, que caso o usuário venha a ter alguma dúvida sobre a alternativa a ser escolhida, sempre pode clicar no atalho (“link”) “Help me decide” (ajude-me a decidir), onde lhe serão oferecidas informações adicionais para apoiar sua decisão. Esta, aliás, é uma característica de todo o procedimento de instalação de Vista: em quase toda janela há uma fonte adicional de informações de suporte. Neste ponto a instalação solicita ao usuário mais duas informações indispensáveis (pelo menos para a MS): a chave do produto e sua concordância com as condições da licença de uso (EULA, ou “End User Licence Agreement”). Se a chave estiver correta e o usuário de acordo com a EULA, se verá diante da janela da Figura 4 (na verdade, de uma janela semelhante, correspondente à configuração da máquina onde o Vista estará sendo instalado; a Figura 4 mostra a configuração desta máquina que vos fala).
Esta é a última decisão que o usuário deve tomar nesta fase da instalação: em que unidade lógica (ou seja: em qual partição de que unidade de disco) deseja que seu novo sistema seja instalado. É oferecida por padrão a sugestão mais provável (no caso, como se vê, o “drive C”), mas o usuário pode escolher qualquer outra partição ou unidade, desde possa inicializar a máquina a partir dela. E é só isto. A janela seguinte avisa que estas são todas as informações necessárias e passa a mostrar o progresso da instalação passo a passo. Mas trata-se de uma janela meramente informativa: daí para adiante a participação do usuário é inteiramente dispensável e ele pode simplesmente cuidar de seus afazeres, já que o processo de instalação é razoavelmente demorado (nesta máquina onde esta coluna está sendo digitada, levou cerca de meia hora). Terminada a instalação propriamente dita, a máquina é reinicializada e estará pronta para uso assim que lhe forem fornecidas mais algumas informações indispensáveis. Começando por uma janela onde o usuário deve informar o país onde a instalação está sendo feita, seu padrão de moeda e configuração de teclado. Em seguida são solicitados nome e senha para a “conta” do administrador. Fornecidas estas informações e caso o sistema tenha detectado que a máquina está em rede, deve-se informar se a rede é doméstica, comercial ou se é uma rede aberta (como estas sem fio disponíveis em locais públicos) para que o sistema ajuste a “visibilidade” da máquina em relação à rede. E temos conversado: o Vista está pronto para uso. Como se vê, mais simples, impossível. A participação do usuário, além de mínima (se restringe a cinco ou seis intervenções), é limitada ao fornecimento de informações elementares, ao alcance de qualquer um, por menor que seja sua experiência. E o melhor: funciona. No meu caso particular, fui obrigado a introduzir apenas uma informação adicional: a troca do nome do “grupo de trabalho” de minha rede doméstica. E mesmo assim porque, para dificultar um pouco a vida dos “hackers”, eu não costumo usar nomes sugeridos por padrão (caso em que não necessitaria alterar nada). Até mesmo a presença do segundo monitor (costumo usar dois monitores em cada máquina) foi detectada sem erro e bastou abrir as “propriedades” do vídeo e mandar estender a área de trabalho ao monitor secundário para concluir todos os ajustes. Isto feito, bastou instalar os programas. E os arquivos de dados? Bem, estes, embora nada me houvesse sido perguntado durante a instalação, foram todos preservados. Isto porque, mesmo em se tratando de uma instalação “limpa”, quando o sistema detectava a existência deste tipo de arquivo no disco onde se fazia a instalação, copiava cada um deles em uma estrutura hierárquica de pastas análoga à da instalação anterior, todas elas armazenadas em uma pasta denominada “Windows.Old” no disco de sistema. Desta forma garante-se que nem o usuário mais descuidado ou inexperiente perca um único arquivo de dados. Se precisar deles, lá estarão a sua espera. Se não, basta removê-los. Aconselho guardá-los todos por um bom tempo para se assegurar que nada foi perdido e somente então removê-los. Pois aqui estou eu usando o RC2 de Vista por um dia inteiro. Instalei programas, fiz ajustes para personalizar minha área de trabalho, agreguei “gadgets” à Sidebar e editei toda esta coluna. Até agora, exceto uma pequena instabilidade da rede (à cuja correção me dedicarei amanhã) e uma certa lentidão, natural em versões beta, nada constatei que depusesse contra ela. Parece que vai muito bem, obrigado. O que nos permitirá passar imediatamente à discussão das novidades que o Vista incorpora no campo da segurança. Na próxima coluna, naturalmente. B. Piropo |