< Coluna em Fórum PCs >
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26/06/2006
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< Usabilidade III: Windows Vista > |
Nas duas colunas anteriores abordamos sucintamente a evolução das interfaces humano/computador e os conceitos básicos sobre usabilidade. O objetivo da primeira foi mostrar como a interface mudou desde a velha linha de comando até as modernas interfaces gráficas, salientando que só foi possível aumentar a facilidade de uso depois que o hardware ofereceu suporte adequado (ou seja: só se pôde usufruir dos recursos avançados das interfaces gráficas quando o poder de processamento dos computadores pessoais tornou-se suficiente para renovar com a rapidez necessária as telas gráficas de alta resolução usadas por elas). Na segunda descrevemos resumidamente como o desenvolvimento iterativo de projetos utiliza os laboratórios de usabilidade para aperfeiçoar as interfaces e enfatizamos os cinco atributos básicos que, de acordo com os especialistas, caracterizam um alto grau de usabilidade: facilidade de usar, facilidade de aprender a usar, facilidade de lembrar como usar, tolerância a erros e ser agradável de usar. Hoje começaremos a discutir exemplos de como estes conceitos foram aplicados pela Microsoft para aumentar a usabilidade das interfaces de dois novos produtos cujo lançamento está previsto para o início do próximo ano: Windows Vista (nesta coluna) e Office 2007 (na próxima), sucessores de Windows XP e Office 2003 respectivamente. (E aqui cabe um lembrete aos aguerridos usuários de outros sistemas operacionais e pacotes de aplicativos que poderão se frustrar pelo fato desta série de colunas não abordar os “seus” produtos favoritos: o tema desta coluna foi divulgado nos quatro primeiros parágrafos da primeira da série, cuja releitura recomendo àqueles que eventualmente venham a preferir outra abordagem; da mesma forma, comentários do tipo “isto ou aquilo não é novidade porque o sistema tal ou qual já usa a muito tempo” serão, evidentemente, bem-vindos e respeitados, mas vale ressaltar que como iremos discutir a evolução das interfaces de Windows e Office a comparação será feita entre as versões futuras e as anteriores do próprio produto e não de produtos similares sem juízo de valor, ou seja, sem discutir se são “melhores” ou “piores” que os demais) Antes de prosseguir, no entanto, uma observação: longe de mim quaisquer pretensões de aqui discutir todas as mudanças relevantes na interface de ambos os produtos. Mesmo porque, ainda que os esteja usando diariamente na máquina “de produção” (esta coluna, por exemplo, está sendo digitada no Word do Office 2007 rodando sobre o Windows Vista, ambos em edição beta), sou obrigado a admitir que desconheço muitas (provavelmente a maioria) das inúmeras alterações implementadas. Meu objetivo e discutir apenas aquelas que mais chamaram minha atenção seja por implicar alguma mudança radical em relação às versões anteriores, seja por agregar uma evidente melhoria do ponto de vista da usabilidade. Então vamos a elas. Começando por um ponto sobre o qual tenho encontrado alguns comentários em diversos artigos aqui mesmo no ForumPCs discutindo se são mesmo avanços ou se não passam de “refrescâncias”: as radicais alterações na interface “Aero” do Windows Vista. Examinemos as principais. A que mais chama a atenção é o efeito “glass” (vidro), que agrega transparências às janelas e objetos. Repare, na janela de programa mostrada na Figura 1, que é possível vislumbrar o fundo da tela por detrás de suas bordas e barra título, que são levemente transparentes. Assim como é transparente a “Lixeira” (“Recycle Bin”) do próprio Windows (o grau de transparência pode ser ajustado).
Para que serve isto? Tanto quanto me foi dado observar, para nada. Não agrega nenhuma facilidade de uso e em nada amplia a produtividade do usuário. Mas, sem dúvida, é algo que dá prazer de se ver, portanto atinge um dos objetivos da usabilidade: ser agradável de usar. Mesmo porque, se não ajuda, certamente também não atrapalha. (A Figura 1, assim como as demais que ilustram esta coluna, foi capturada da tela desta máquina que vos escreve; como vocês podem perceber, descobri um interessantíssimo programa de captura de telas que, mesmo estando em versão beta e não tendo alguns atributos interessantes de seus concorrentes, apresenta um absolutamente indispensável para ilustrar esta coluna: funciona sobre Vista; chama-se WinSnap e pode ser obtido gratuitamente no excelente sítio < http://www.freewarefiles.com/program_3_40_17705.html > FreewareFiles.com) Outro dos efeitos da Aero são os “Live Taskbar Thumbnails”, pequenas miniaturas da janela do programa que aparecem quando se move o ponteiro do mouse sobre o botão a ele correspondente na barra de tarefas. O efeito é similar ao mostrado na Figura 2 (que é uma montagem; as miniaturas não aparecem simultaneamente como mostrado, mas uma após a outra enquanto o ponteiro do mouse passa de um botão para o vizinho). Uma singularidade: se a janela corresponder a um programa que naquele momento esteja exibindo um filme ou animação, a miniatura mostrará o filme ou animação sendo executado mesmo que o programa se encontre em segundo plano ou minimizado.
Este efeito se conjuga com o “Windows Flip”, que se manifesta ao se acionar o atalho de teclado Alt+Tab. Este atalho, desde as primeiras versões de Windows, permite “alternar entre itens abertos” exibindo em um retângulo situado no centro da tela o conjunto de ícones dos diversos programas que estão sendo executados, mesmo em segundo plano. A diferença é que na interface Aero de Vista a janela que se abre no centro da tela exibe não os ícones, mas miniaturas das janelas dos aplicativos (com o ícone no canto inferior direito) que, como as do “Live Thumbnail”, mostram imagens em movimento se elas assim estiverem sendo exibidas na janela original. Veja o efeito na Figura 3: uma janela retangular, semitransparente, que aparece no centro da área de trabalho exibindo as miniaturas, encimada por um título referente ao item selecionado.
Isto definitivamente implica alguma melhoria na usabilidade, especialmente quando se tem abertas diferentes instâncias do mesmo programa. Poder escolher o aplicativo que se deseja trazer para o primeiro plano examinando detalhes do conteúdo de sua janela facilita bastante a vida do usuário e evita muita perda de tempo (algumas versões de Windows oferecem um “add-on” – o “TaskSwitchPowerToys”, no caso do XP – que permite a exibição de miniaturas de janelas ao se acionar Alt+Tab, mas a interface Aero com suas miniaturas atualizadas em tempo real é sem duvida um passo adiante). Pois no que toca à facilidade de selecionar o programa em que se vai trabalhar a interface Aero de Vista sofisticou ainda mais implementando o “Windows Flip 3D”, uma versão tridimensional do “Windows Flip” acionada através do atalho Windows+Tab (combinando Tab com a tecla Windows situada entre as teclas Alt e Ctrl dos teclados Windows) cujo aspecto é mostrado na Figura 4.
O resultado é a exibição de todas as janelas abertas com um efeito tridimensional no qual, mantendo-se a tecla Windows premida, a cada novo acionamento da tecla Tab muda o ordenamento das janelas, revezando a que aparece em primeiro plano (que, como todas as demais, mostra imagens em movimento quando for o caso). Isto melhora a usabilidade ou é apenas mais uma “refrescância” da Aero? Deixo a decisão por conta de vocês. Mas que é agradável de se ver, não resta dúvida. Evidentemente, para usufruir dos novos atributos da interface Aero é necessário um considerável poder de processamento e uma controladora de vídeo de última geração com um bocado de memória disponível A primeira é que o uso da interface Aero não é indispensável para rodar Vista. Pelo contrário: é uma das muitas opções que se pode (ou não) escolher durante a personalização do sistema. Na verdade, no que diz respeito a hardware, as exigências mínimas para rodar Vista (sem os recursos avançados como a interface Aero) são relativamente modestas: um microprocessador com freqüência de operação de 800 MHz, 512 MB de memória primária (RAM) e um controlador gráfico que suporte a especificação DirectX 9. O que, convenhamos, não é nenhum exagero. A segunda é que o fato da maioria dos usuários domésticos disporem de máquinas capazes de rodar a interface Aero de Vista é uma mera questão de tempo. Afinal, Vista ainda não foi lançado e a tecnologia do hardware continua evoluindo rapidamente (acompanhada de igualmente rápida redução de preços). Se lhe resta alguma dúvida, basta lembrar o que aconteceu quando as interfaces gráficas para a linha PC foram lançadas há pouco mais de dez anos, forçando o desenvolvimento de novos padrões de vídeo e até mesmo a mudança do barramento de dados (alguém lembra dos controladores “VESA local bus” e do lançamento do barramento PCI?). Em resumo: a velha reclamação “eu vou ter que trocar de máquina para rodar o Aero” não se sustenta. Dentro de três ou quatro anos, quando o Vista estiver maduro no mercado, a maioria de nós terá trocado de máquina, com Aero ou sem Aero. Tem sido assim no último quarto de século e não será diferente no próximo: o hardware vem sempre à reboque do software, a máquina “econômica” de hoje era a máquina poderosíssima de cinco anos atrás e, não obstante isso, mantém o mesmo nível de preço das máquinas econômicas. Mas a Aero não é a única nem a mais importante novidade da interface gráfica de Windows que afeta sua usabilidade. Muitas outras foram implementadas. Das quais a mais visível, sem dúvida, é o novo menu Iniciar. Começando por seu novo ícone, um círculo azul exibindo a conhecida “bandeira” de Windows (visível nas figuras 2 e 4). Mas as alterações mais radicais, aquelas que efetivamente afetam a usabilidade, podem ser observadas na Figura 5, que mostra três aspectos do referido menu.
No lado esquerdo da Figura 5 vê-se o novo Menu Iniciar como aparece tão logo acionado, situação na qual não sofreu alterações radicais em relação ao do Windows XP: à esquerda, um painel com a lista de programas abertos mais recentemente encimada por um pequeno conjunto de programas “fixados” no menu Iniciar pelo usuário, tudo isto acima da entrada “All Programs”, correspondente a “Todos os Programas” da versão em português. E, à direita, a lista de entradas do menu Iniciar: “Documents”, “Computer” (sim, acabou aquela bobagem de “Meus documentos” e “Meu computador”) e as demais, habituais e relativas a: painel de controle, ajuda e suporte, rede, itens recentes e coisas que tais. Todas exibindo um comportamento semelhante ao de Windows XP. Mas basta um clique na entrada “All Programs” para perceber a primeira grande mudança: em vez da lista de programas mostrada no velho menu em cascata que encobre o menu Iniciar, ela vem no interior do painel esquerdo do próprio Menu Iniciar (veja o efeito no centro da Figura 5). Um clique em qualquer entrada da lista abre o objeto correspondente: se for um programa, este programa é carregado, se for uma pasta ou outro tipo de “container” (objeto que contém outros objetos), suas entradas aparecem no mesmo painel esquerdo (veja, no lado direito da Figura 5, o resultado de um clique na entrada correspondente à pasta “Microsoft Office” no painel esquerdo do menu Iniciar). Isto afeta a usabilidade porque representa um novo paradigma, mudando significativamente a forma de “navegar” entre os diversos itens do menu “Todos os programas”. Mudança que repercute em praticamente toda a nova interface (que, como veremos, parece querer se livrar dos menus). Mas afeta para melhor ou para pior? Para mim, usuário calejado de Windows, é difícil julgar. Mas posso testemunhar que não demorei muito a me acostumar com o novo paradigma nem senti qualquer dificuldade em seu manejo. Porém, acredito, os efeitos maiores serão percebidos pelos novos usuários, sobretudo no que diz respeito ao aspecto de “facilidade de aprender a usar”. Embora minha longa experiência no uso do paradigma anterior não me torne a pessoa mais indicada para dizê-lo, o novo me parece mais intuitivo. Ainda no que toca à usabilidade e ao novo menu Iniciar, vale reparar nos dois ícones da base do painel direito. O que se parece com um cadeado permite “travar” (“lock”) o computador com um único clique, impedindo seu uso por terceiros enquanto o usuário estiver ausente (exige senha para destravar) enquanto o outro, também com um único clique, leva o computador para o modo “sleep”, um estado de dormência onde o consumo de energia cai ao mínimo. Ambos facilitam a interrupção do trabalho por um período mais curto ou mais longo sem a necessidade de reinicializar a máquina. Outra alteração importante no que toca à usabilidade registrou-se no Windows Explorer. Que mudou completamente de “cara”. Para começar, foram-se os menus. Repare, na Figura 6, o aspecto (na verdade, um dos aspectos possíveis, já que o grau de configuração e personalização do programa permite alterá-lo substancialmente) do Windows Explorer quando aberto para explorar uma pasta. Note que os tradicionais menus dos programas Windows desapareceram, já que quase todas as suas funções podem ser executadas através de uma das muitas barras de ferramentas que foram agregadas ao programa. Mas, se você se habituou tanto aos menus que não sabe mais viver sem eles, Vista oferece a possibilidade de ressuscitá-los: basta um toque na tecla Alt que eles reaparecem (veja-os na montagem na base da Figura 6). Terminado o uso (ou após premir novamente Alt) eles se recolhem, desaparecendo de vista.
Uma inspeção na janela superior mostrada na Figura 6 exibe diversas alterações que afetam diretamente a usabilidade do programa. Repare, na parte inferior da janela, um novo painel, cujo nome em inglês é “Preview Pane” e que representa uma melhoria significativa em relação à velha “barra de status” que substituiu. Sempre que possível ele mostra uma imagem reduzida do item selecionado (no caso de uma planilha eletrônica, por exemplo, aparece uma pequena imagem da planilha como no exemplo da Figura 7; quando Vista não dispõe das informações necessárias para exibir a imagem reduzida, mostra o ícone do programa que gerou o arquivo), o que facilita sobremaneira a identificação do item desejado, sobretudo quando se trata de um arquivo gráfico como o mostrado no “Preview Pane” da Figura 6.
Além disso, quando disponíveis, são mostradas diversas características do arquivo, como data de criação, de modificação, palavras chave e informações contextuais (que variam conforme o tipo do arquivo selecionado; por exemplo, no caso da Figura 6 são exibidas as dimensões da imagem, no da Figura 7 o tamanho ocupado pelo arquivo em disco) e o atalho “Edit” que apresenta o arquivo pronto para a edição no interior do programa que o criou. É verdade que as vantagens do “Preview Pane” somente serão usufruídas em toda sua plenitude quando o Vista e seus programas tiverem atingido um certo grau de disseminação, já que muito dos dados a serem nele exibidos dependem do sistema de classificação e atribuição de propriedades de arquivos, implementado para facilitar o funcionamento do novo motor de busca (“search engine”) incorporado ao Vista, que permite entre outras coisas criar um intrincado conjunto de pastas virtuais contendo atalhos para objetos com determinadas características comuns agrupados a partir de buscas que especificam tais características (note a caixa de dados “Search” próxima ao canto superior direito da janela do Windows Explorer na Figura 6 e a caixa “Start Search” na base do painel esquerdo do menu Iniciar na Figura 5; ambos são vestígios deste poderosíssimo “search engine” incorporado diretamente ao sistema). Mas mesmo sem desfrutar dos benefícios da classificação de arquivos, o “Preview Pane” é uma adição positiva do ponto de vista da usabilidade e representa um enorme avanço quando comparado à “barra de status”.
No Windows Explorer de Vista as funções dos menus foram incorporadas às barras de ferramentas. Veja, na Figura 8, a ação da barra “Views”. Uma diferença essencial entre este tipo de entrada e os menus estáticos é sua interatividade em tempo real: na medida que o cursor deslizante da barra de ferramentas “Views” é deslocado para cima ou para baixo, as alterações vão sendo mostradas na janela do programa. Ou seja: a exibição passa de ícones (“Tiles”) para detalhes (“Details”), desta para lista (“Small Icons”) e para ícones cada vez maiores (“Large” e “Extra Large”) à vista do freguês. Pode-se mesmo parar o movimento entre, digamos, “Large Icons” e “Extra Large Icons” escolhendo o tamanho exato desejado para a miniatura exibida. Mas, do ponto de vista da usabilidade, talvez a alteração que implique maior ruptura com o paradigma clássico do Windows Explorer é a adoção do sistema de navegação denominado “breadcrumb”, desenvolvido a partir da técnica empregada para se deslocar em alguns sítios da Internet. O termo “breadcrumb” significa “migalha de pão” em inglês. E a técnica de navegação derivou seu nome do truque empregado por João e Maria, ou Hansel e Gretel no conto infantil original dos irmãos Grimm, para se orientar na floresta (não, garanto que não é brincadeira, o nome e a origem são esses mesmos): deixar cair migalhas de pão para marcar o caminho. Como isto pode ser usado para navegar em um sistema de arquivos?
Veja, na Figura 9, uma janela do Windows Explorer de Vista exibindo o conteúdo de uma pasta denominada “Futuro” (e, para fins de ilustração, mostrando igualmente o painel de navegação à esquerda do painel principal). Repare, logo abaixo da barra título (que, aliás, já não faz jus ao nome posto que, como se pode notar, não mais exibe o título do Windows Explorer), na caixa de endereços. Ela mostra todo o “caminho” (ou “path”, em inglês) para chegar à pasta. Pois bem: embora a navegação ainda possa ser feita da forma clássica se deslocando nos ramos da estrutura em árvore hierárquica mostrada (apenas parcialmente na Figura 9) no painel esquerdo, no novo Windows Explorer ela é feita preferencialmente usando a técnica “breadcrumb” aplicada à caixa de endereços. Vejamos como funciona. A pasta “Futuro” se encontra na rede, mais especificamente na pasta “POWERPNT”, que armazena minhas apresentações Power Point, da unidade de disco D:, identificada pelo nome “dados(d)” do servidor de arquivos de minha rede doméstica, servidor este que por sua vez é identificado pelo nome “SEMPRONXP”. Por isso o “caminho” mostrado na caixa de endereços é “Network >> SEMPRONXP >> dados(d) >> POWERPNT >> Futuro”. Veja, na Figura 9, que ao lado de cada “etapa” do caminho há um pequeno triângulo negro apontando para a etapa seguinte. Repare, na Figura 10, o que ocorre ao se clicar no triângulo correspondente à pasta “POWERPNT”.
Como se pode ver, seu nome aparece destacado e a lista de pastas nela contida é exibida no formato conhecido por “menu de cortina”. Veja, na Figura 11, o resultado de um clique na primeira entrada, “AIDIS2000”.
A caixa de endereços passa a exibir o novo caminho e o painel da direita agora mostra o conteúdo da pasta “AIDIS2000”, arquivos referentes a uma apresentação em Power Point de um trabalho técnico apresentado em 2000 no Congresso da AIDIS (Asociación Interamericana De Ingeniería Sanitaria). Além da possibilidade de clicar-se no triângulo da caixa de endereços para abrir o menu de cortina, a técnica “breadcrumb” permite clicar sobre o próprio nome da pasta, passando-se diretamente para ela. Veja, na Figura 11, o que ocorre quando, na situação da Figura 10, clica-se diretamente sobre o nome “dados(d)” da caixa de endereços: o foco muda imediatamente para o diretório raiz da unidade de disco D: de meu servidor de arquivos, com a pasta “POWERPNT” ainda selecionada no painel principal.
Apesar do nome estranho, a técnica “breadcrumb” oferece uma forma simples de navegar. Sem esquecer que a qualquer momento pode-se digitar o caminho desejado na própria caixa de endereços, teclar ENTER e saltar diretamente para o destino. Algo aparentemente trabalhoso, porém muito prático quando se deseja ir para o diretório raiz de uma unidade de disco, quando basta entrar com seu designador seguido de dois-pontos (como “C:”). A técnica “breadcrumb” representa uma melhoria em usabilidade? Indiscutivelmente sim. Ela preenche inteiramente todos os critérios de boa usabilidade: é fácil de usar, facílima de aprender a usar, fácil de memorizar e bastante tolerante a erros, posto que nada nela é destrutivo. Além de ser agradável de usar. Vista incorpora ainda diversas outras inovações que, de uma forma ou de outra, afetam sua usabilidade. Talvez a mais importante seja a tecnologia de reconhecimento de voz (“voice recognition”) incorporada ao próprio sistema operacional. Segundo a MS, esta tecnologia permite que o usuário interaja com o computador através de ordens verbais, limitando o uso do mouse e teclado, sem perda de produtividade. Pode-se ditar documentos e mensagens de correio eletrônico nos principais aplicativos e preencher formulários apenas através de comandos de voz, além de operar o próprio sistema operacional simplesmente “dizendo o que se quer”. Algumas razões levaram à não inclusão da discussão do reconhecimento de voz nesta coluna. A primeira é que nosso objetivo aqui é discutir as alterações da interface atual de Windows e como o reconhecimento de voz está integrado no próprio sistema, ele é em si mesmo uma nova interface cuja análise não caberia em uma coluna. A segunda é que a versão beta disponível de Vista está em inglês e não faria sentido analisar uma interface de voz na qual se pode ditar textos inteiros em um idioma que não o original. Por isto a análise deste importante atributo será postergada até que se disponha de uma versão em que o reconhecimento de voz inclua nosso idioma. Há ainda outros pontos que de uma forma ou de outra têm a ver com usabilidade e que não foram discutidos, como o complexo sistema de pastas virtuais acima mencionado e que já abordei na coluna “As pastas virtuais de Windows Vista” aqui mesmo no ForumPCs. Porém, para que a discussão destes pontos seja profícua seria necessário um conhecimento razoavelmente profundo sobre inovações do próprio sistema operacional, do qual ainda não dispomos. Mas os pontos que foram mencionados, a meu ver, são os mais importantes. E ainda resta discutir as mudanças do MS Office 2007. Que ficam para a próxima coluna... B. Piropo |