Esta parte é a segunda – e final – de um ensaio sobre a vida no futuro próximo. A primeira parte pode ser encontrada em “Mudando de Ano – Parte I”. |
A festa da prima Júlia fora uma festa de imersão. Ela morava na Suíça já há alguns anos e alem da família deixara muitos amigos no Brasil. Com suas viagens freqüentes, espalhou mais uns tantos em dois ou três continentes. Por isso a festa de imersão reuniu mais de meia centena de convidados dispersos por meio mundo.
Quem já assistiu velhos filmes da televisão pode ter uma idéia do que seja uma festa de imersão. Jornada nas Estrelas, "A Nova Geração", lembra? Quando o Comandante Jean-Luc Picard e sua tripulação queriam espairecer entravam na “sala de jogos” (Holodeck) e criavam um ambiente em realidade virtual. O visitante “tinha a impressão de estar lá”. Pois bem: ao longo dos anos os sensores se aperfeiçoaram, criaram-se meios de reproduzir não apenas as sensações visuais e auditivas mas também tato, olfato e sabor. Resultado: depois de algum tempo era impossível distinguir os ambientes reais dos “ambientes de imersão” virtuais. O usuário não tinha mais a impressão de estar lá: no que concerne aos aspectos sensoriais, para todos os efeitos ele efetivamente estava lá.
No início, devido ao custo elevado, ambientes de imersão foram usados apenas para fins científicos. Assim foram feitas as primeiras explorações de crateras de vulcões ativos e assim foram realizadas as primeiras caminhadas em Marte e no fundo do mar: sensores foram enviados aos locais explorados de onde remetiam dados para a Máquina que os encaminhava aos ambientes de imersão que por sua vez reconstituíam minuciosamente o ambiente real, atenuando e adaptando quando necessário (a temperatura das crateras era reduzida em centenas de graus, a pressão da água do mar ajustada e a atmosfera de Marte, naturalmente, era enriquecida com oxigênio). Depois começaram a usar ambientes de imersão para finalidades médicas: muitas vidas foram salvas graças a intervenções cirúrgicas realizadas com o cirurgião em um hemisfério e o paciente, anestesista e enfermeiros em outro. Depois, com a queda dos custos, estes ambientes passaram a ser usados para fins educacionais e entretenimento: escolas e “teatros de imersão” ganharam seus ambientes onde o visitante despia seu fato, vestia uma roupa especial, semelhante à dos escafandristas do milênio passado, porém muito mais leve, e penetrava no ambiente que desejasse. E, o que era melhor, com o qual poderia interagir. Classes inteiras acompanhavam eventos históricos rigorosamente reconstituídos no local onde ocorreram, assistia-se a peças de teatro do próprio palco e participava-se de eventos esportivos de dentro do campo. Mais tarde, com a produção em massa, os custos caíram e quase toda residência passou a ter seu ambiente de imersão. A roupa especial também foi dispensada: os próprios fatos passaram a incorporar os sensores necessários. Passou-se então a organizar reuniões de imersão em que os participantes podiam ver, ouvir e até mesmo tocar uns nos outros, mesmo que na realidade estivessem a centenas de quilômetros de distância. Primeiro, reuniões de negócios. Depois, sociais. E namoros também, naturalmente. Muitos casamentos foram realizados, consumados e vividos por anos a fio com os nubentes em diferentes continentes.
A festa de Júlia foi de imersão. E ele exagerara um pouco na bebida. Por isso amanhecera tão mal disposto e com as idéias um tanto embaralhadas – mas não a ponto de passar despercebido o fato de que Mário e Daniela pareciam não combinar. E não só pela diferença de idade. Mário era tímido, de pouco falar, ensimesmado. Já Daniela estava no outro extremo do espectro: falante, extrovertida, alegre, sempre com um sorriso nos lábios e um jeito provocativo no olhar. Seu rosto exibia uma beleza suave, traços delicados, aparência frágil, um rosto que parecia não combinar com o corpo. E que corpo! Esbelto porém bem fornido, pernas sensuais que um vestido curto exibia quase inteiras (afinal, em um ambiente de imersão se podia “aparecer” do jeito que se quisesse...), seios pequenos, porém magníficos, moldados por uma blusa de seda que revelava mais do que escondia. Daniela, com seu comportamento exuberante, era uma mulher que chamava atenção em qualquer ambiente. Especialmente em uma festa de imersão onde todos apareciam vestidos livremente mesmo envergando seus fatos.
O homem lembrava-se dela perfeitamente. Mesmo porque Daniela não era mulher que se esquecesse de um dia para o outro. Mas lembrava-se especialmente que durante a festa ela e Mário pareciam ressentidos, mal se falando. Portanto, não estranhou a visita de Mário, a quem tinha sido apresentado durante a festa por um amigo comum e com quem havia mantido uma conversa formal por alguns minutos. Uma conversa sem muito interesse mútuo, apenas para cumprir os deveres sociais de quem havia sido recém apresentado. Falaram sobre suas profissões – Mário era dono de uma bem sucedida empresa ligada ao mercado imobiliário - e trocaram cartões virtuais.
E ali estava ele em frente ao homem em busca de serviços profissionais.
No começo, a conversa fluiu meio sem rumo. Mas conduzido habilmente pelo homem, mais experiente nesse tipo de situação, Mário acabou se abrindo. Achava que Daniela o estava traindo. E isso o deixava especialmente magoado porque na semana seguinte eles comemorariam cinco anos de casamento.
- O que o faz pensar assim, Mário?
- Bem, anteontem ela constava no cabeleireiro. Resolvi passar por lá para fazer uma surpresa e não a encontrei.
O verbo “constar” evoluíra com os anos. Quando Mário disse que a mulher “constava” no cabeleireiro quis dizer que, respondendo a uma consulta sua, a Máquina havia informado que ela lá estava.
O homem entendia um bocado de natureza humana. Afinal, na sua profissão se via de tudo. E percebeu que, naquele contexto, a “surpresa” que Mário queria fazer a Daniela era mesmo a velha e gasta “incerta”. Mas algo não fazia sentido. Perguntou:
- Mas como isso é possível, Mário? A Máquina não se engana. Jamais falhou em localizar um chip RFID...
Chips RFID foram criados no final do milênio passado. Eram do tamanho de um grão de arroz. Emitiam um número de identificação através de radiofreqüência (RFID: Radio Frequency IDentification). Depois, foram aperfeiçoados e não somente encolheram como passaram a ter seu sinal captado por um complexo de satélites semelhante aos usados no antigo GPS (Global Positioning System), porém muito mais preciso e sofisticado.
Concebidos para serem usados em mercadorias para controle de estoque, logo os chips RFID passaram a ser implantados em animais de estimação para fins de identificação. No início do milênio, em 2005, começaram a ser usados para localização de humanos, primeiro em internos do sistema prisional nos EUA e Europa, depois implantados em executivos que desejavam se proteger contra seqüestros. Ultimamente, embora ainda não fosse obrigatório (os governos estudavam esta possibilidade para substituir documentos de identificação), quase todo o mundo tinha um chip RFID implantado para fins de segurança. E a Máquina podia determinar com precisão de centímetros sua localização em qualquer ponto da face da terra. O sistema era infalível. Como falhara com Daniela fazendo-a constar onde não estava?
- Ela nunca quis implantar um chip RFID. Alegava que tinha medo da incisão. Usava seu chip em um pequeno brinco de brilhante. Que deixou no cabeleireiro juntamente com o telefone celular, que também poderia ser usado para localizá-la. Por isso constava lá.
- E onde ela foi? Melhor: onde ela lhe disse que foi?
- Não disse. Quando perguntei, ficou indignada. Retrucou que eu não tinha o direito de invadir sua privacidade. Que se eu confiasse nela como deveria não faria uma pergunta daquelas. Soltou os cachorros em cima de mim e se trancou no quarto. Desde então quase não fala comigo. O senhor deve ter notado isso durante a festa de ontem. Quanto a onde ela foi, estou aqui justamente para que o senhor descubra.
- Mário, talvez você não goste de saber. Não quer deixar isso de lado?
- Não. Eu preciso saber.
O homem coçou a cabeça. Ele nunca entendera direito porque “eles” sempre precisavam saber, mas o fato é que precisavam. Localizar paradeiro de esposas escorregadias era o tipo do trabalho desagradável, particularmente considerando a reação dos pobres maridos quando descobriam onde elas costumavam ir nessas ocasiões. Parecia doer, o que fazia o homem comentar cinicamente com os amigos que chifres, como os dentes, também doem quando nascem. Mas, desagradável ou não, era trabalho e precisava ser feito. Afinal ele era um profissional.
Fez os devidos acertos financeiros e pediu que Mário voltasse na tarde seguinte.
“Bem”, pensou cinicamente, “pelo menos o aluguel está garantido”.
Sozinho, em sua sala, o homem dirigiu-se a sua máquina pessoal. Era uma coisa vagamente parecida com os computadores do passado, embora não tivesse teclado nem mouse. Não havia gabinete. Era pouco mais que uma tela com microfone e alto-falantes embutidos. Tinha também uma câmara de vídeo e podia, em caso de necessidade, obter dados através da leitura labial do interlocutor, mas seu dispositivo de entrada principal era mesmo o microfone.
Os computadores com o aspecto que apresentavam no início do milênio haviam desaparecido há anos. Não que computadores tivessem cessado de existir. Pelo contrário: estavam em toda a parte, em máquinas, utensílios, ferramentas, brinquedos, veículos. Praticamente tudo tinha um ou mais computadores integrados. O desaparecimento deveu-se meramente ao fato de terem sumido de nossas vistas.
A tendência começou no final do milênio passado: aparelhos como televisores, sistemas de som, fornos de micro ondas, telefones celulares, todos tinham computadores embutidos embora não nos déssemos conta disso. Depois, se espalharam e se infiltraram em todo tipo de utensílios e dispositivos. E, com o advento da Máquina, passaram a se comunicar. Havia computadores nas geladeiras que quando o estoque de bebidas chegava a um ponto crítico, comandavam a renovação junto a um supermercado virtual, debitando o valor na conta do usuário. Brinquedos conversavam com as crianças graças a seus computadores e eram usados para fins educacionais. A umidade, temperatura e luz ambiente eram ajustadas por computadores. Enfim: computadores tornaram-se onipresentes. E, na medida que se espalhavam, reduziam seu tamanho. Até que virtualmente desapareceram. E se integraram à Máquina.
Sim, a Máquina...
Lembra da Internet do final do milênio passado? Pois não havia “uma Internet”, havia “a Internet”. Que era formada por centenas de milhares, depois milhões de computadores se comunicando uns com os outros e trocando informações. Nunca houve uma “coisa” chamada Internet, havia um conceito. Uma entidade global, difusa, com tentáculos abarcando todo o planeta, formada por milhões de nós individuais. A Internet era isso.
Pois bem: ela cresceu. No final da primeira década deste milênio já era constituída por centenas de milhões de máquinas de todos os formatos, tamanhos e capacidades, interligadas e se comunicando conosco e entre si a nosso comando. Depois, chegaram a bilhões, incorporadas a quase todos os objetos e passaram a se comunicar sem nossa intervenção, somando suas capacidades de processamento. Este conjunto imenso, formado por dispositivos interligados que vão dos supercomputadores nas universidades e corporações até pequenas unidades embutidas nas geladeiras e câmaras de segurança, é o que hoje conhecemos como “a Máquina”. Algo semelhante ao que se conhecia antigamente como “a Internet”.
A diferença é que a Máquina “pensa”. Hoje, é ela que controla a economia mundial, balanceando a oferta de produtos e serviços, aumentando a produção quando e onde necessário, transportando bens para onde eles fazem falta, em um esquema produtivo tipo “just in time” em escala global. A Máquina governa o planeta. Não do ponto de vista político, naturalmente, mas naquele que realmente conta: o financeiro e econômico, gerindo a produção de bens e serviços. No início, houve protestos aqui e ali, ativistas chiaram, passeatas foram organizadas contra o que chamaram de “ditadura da máquina”. Mas a máquina mostrou-se tão absurdamente eficiente em sua gestão de negócios e finanças que os humanos acabaram se acomodando, os protestos diminuíram e hoje, fora um ou outro contestador que em geral é considerado excêntrico pela maioria acomodada, praticamente desapareceram. O sentimento geral é mais ou menos do tipo “para que nos incomodarmos se a Máquina cuida de tudo?”. E a máquina assumiu o controle.
Mas deixemos de lado as questões filosóficas e voltemos ao homem em seu escritório. Sua máquina pessoal estava, naturalmente, ligada à Máquina. E ele resolveu traçar os caminhos de Daniela dois dias atrás apelando para um artifício que caiu em desuso com a disseminação dos chips RFID: a rede de câmaras de segurança, um recurso muito usado pelas autoridades policiais de antanho para encontrar criminosos.
Câmaras de segurança começaram a surgir no final do milênio passado. Primeiro em bancos e outros locais onde a segurança era essencial. Depois, com a disseminação da violência urbana, passaram a ser encontradas em toda a parte: supermercados, postos de gasolina, lojas de departamento, corredores de edifícios públicos e privados, em suma, para onde se olhasse se via uma delas. Hoje, há centenas de milhões delas espalhadas por todo o canto. Todas, evidentemente, conectadas à Máquina e gravando bilhões de horas de arquivos de vídeo. Para traçar os caminhos de Daniela tudo o que o homem precisava era de um ponto de partida e de uma imagem dela. A Máquina, a tecnologia de reconhecimento de fisionomias e as câmaras fariam o resto. E a imagem poderia ser facilmente recuperada do banco de dados universal.
A tendência de “armazenar tudo” nasceu quando os custos de fabricação de processadores e dispositivos de armazenamento caíram a níveis ridiculamente baixos. Todos ainda lembravam o dia em que um jornal de grande circulação estampou em manchete que o preço de um micropocessador de última geração passou a ser menor que o de uma folha de papel higiênico (sim, de uma folha, não de um rolo). Com isto os custos de processamento e armazenamento de dados passaram a ser quase desprezíveis. Assim, todo e qualquer documento era armazenado permanentemente. E por documento não se entenda apenas cartas, contratos e coisas que tais: do ponto de vista do banco de dados universal, “documento” era qualquer arquivo de dados gerado por um programa. Isso incluía desde trabalhos escolares e anotações em agendas até fotos, imagens, músicas, vídeo, qualquer coisa que pudesse ser digitalizada e armazenada.
Claro que os documentos eram classificados. Havia os documentos altamente secretos a que apenas alguns órgãos governamentais de inteligência poderiam ter acesso. Havia os documentos confidenciais, tanto governamentais quanto empresariais, aos quais apenas os membros selecionados dos governos e das instituições que os criaram poderiam ter acesso após identificação. E havia os documentos particulares, cujo acesso era dado apenas a seu autor ou a pessoas por ele autorizadas. Fora isso, todos os demais documentos eram considerados públicos e passavam automaticamente a integrar o banco de dados universal.
Mas também aqui convém entender que o banco de dados universal não era uma “coisa”, uma entidade física que armazenava dados. Pelo contrário: ele era tão difuso quanto a Máquina. Os dados permaneciam na maior parte do tempo no próprio dispositivo que os gerou. Fotos eram armazenadas indefinidamente nas câmaras, arquivos de sons nos gravadores digitais, documentos escritos nas máquinas individuais onde foram criados e assim por diante. Dispositivos que, naturalmente, estavam permanentemente conectados com a Máquina. O que o banco de dados universal fazia era simplesmente indexá-los usando uma tecnologia que nasceu no final do milênio passado com os sítios de busca na Internet e que foi aperfeiçoada a ponto de recuperar em segundos qualquer documento público armazenado em qualquer dispositivo de armazenamento localizado em qualquer parte do planeta baseado apenas em uma descrição daquilo que se procurava. Era assim que funcionava o banco de dados universal. E foi a ele que o homem recorreu.
Para deixar o telefone celular e o brinco no cabeleireiro Daniela haveria de ter passado por lá há dois dias. O homem consultou o banco de dados universal, recuperou uma imagem do rosto de Daniela, localizou o endereço IP da câmara de segurança do cabeleireiro, entrou com a data e a hora aproximada em que, segundo o relato de Mário, Daniela deveria ter chegado ao cabeleireiro e pediu que a Máquina efetuasse uma busca do rosto de Daniela. Em segundos sua tela mostrou uma imagem de vídeo de Daniela entrando no cabeleireiro. O homem acompanhou a imagem por alguns instantes, viu Daniela dizer alguma coisa a uma atendente, deixar com ela telefone celular e brinco e sair. Comandou nova pesquisa e esperou. Usando a tecnologia de reconhecimento de fisionomia a Máquina pesquisou cada câmara de vídeo nas vizinhanças do cabeleireiro até conseguir identificar Daniela em uma delas. E prosseguiu assim. Como a rede de câmaras de segurança era interligada, todas conectadas à máquina e havia centenas delas ao longo de cada quarteirão, foi possível reconstituir inteiramente o trajeto de Daniela traçando seu caminho de câmara em câmara, até vê-la entrar em um prédio uma dezena de quarteirões distante do cabeleireiro. O homem usou o sistema de localização geográfica e descobriu que era uma loja de departamentos. Ainda através da rede de câmaras de segurança acompanhou Daniela no interior da loja, viu-a dirigir-se a um balcão e, aparentemente, fazer uma encomenda. Depois, acompanhou-a novamente em seu trajeto de volta até o cabeleireiro, viu-a recolher seu brinco e telefone e voltar para casa. A Máquina não perdeu um passo sequer.
Faltava descobrir o que Daniela fora fazer na loja e por que, para fazê-lo, foi preciso enganar Mário.
O homem voltou-se para a tela e ordenou uma comunicação com a loja. A imagem do gerente apareceu em sua frente. O homem identificou-se como secretário de Daniela, forneceu os dados solicitados para confirmar (detetives particulares têm seus truques) e pediu para falar com a balconista que havia atendido Daniela. Em segundos a moça estava em sua tela. Com um pouco de habilidade, muita simpatia e dois ou três sorrisos cativantes descobriu o que Daniela tinha encomendado: uma antiguidade. Um velho computador, daqueles que ainda usavam teclado, mouse e monitor, para enriquecer a coleção de seu marido. Um presente de aniversário de casamento que deveria ser entregue em sua casa dentro de três dias.
O homem deu por encerrada sua tarefa. Usou os arquivos ainda armazenados em sua máquina particular para gravar um vídeo tanto do trajeto de Daniela como de sua conversa com o gerente e a balconista e criptografou a gravação. Saindo do escritório, passou no bar de costume, tomou uma cerveja, jogou um pouco de conversou fora com os amigos de sempre, que algumas coisas não mudam jamais, e foi dormir.
Na manhã seguinte acordou sorridente. A grana do aluguel estava garantida. Naquela tarde mostraria o vídeo que havia gravado para Mário, estragando a surpresa de Daniela mas acalmando o coração de Mário e mitigando o comichão na testa do infeliz.
Ainda com sono, tropeçou até o banheiro, despiu-se, entrou no box. Estava alegre. Queria compartilhar uma paisagem bonita com uma presença virtual ainda mais bonita. Comandou:
- Praia; Búzios; Luana.
E foi deliciar-se com seu banho.
[FIM]
B.
Piropo