San Francisco, CA/EUA - A Intel este ano está cheia de novidades no mercado: acabou de lançar o primeiro Core i5, continua expandindo a família Core i7 e se prepara para o Core i3. Mas o Intel Developer Forum, evento anual em que a empresa discute os rumos da tecnologia com os desenvolvedores de todo o mundo e a imprensa especializada internacional, não é para abordar o que está no mercado mas o que estará nos próximos anos. Por isso o ar de satisfação de Paul Ottellini, presidente e principal executivo da empresa, ao exibir pela primeira vez em público um “wafer” que usa tecnologia de fabricação de circuitos integrados em camada de silício de 22 nm (nanômetros). Não se impressionou? Bem, é que talvez você não saiba que um nanômetro é um submúltiplo do metro que corresponde a um bilionésimo do milímetro e que 22 nm é uma espessura cinquenta vezes menor que a das menores bactérias. E a Intel garante que em menos de dois anos teremos chips de 22 nm no mercado.
E qual a importância disso? Bem, é que quanto mais fina a camada de silício onde são fabricados os transistores que compõem o circuito, menor a resistência elétrica (portanto, menos calor é dissipado e menos energia consumida) e mais transistores cabem no circuito. Repare na foto que mostra o wafer em detalhe e veja que ele é formado por pequeninos quadrados, menores que a unha de seu indicador. São as partes centrais dos processadores e contêm, cada um, a bagatela de quase três milhões de transistores, cada um deles medindo 92 milésimos de um mícron quadrado. E integrarão, além do processador propriamente dito, diversos circuitos auxiliares como memória cache e controlador de memória.
Outro ponto alto do evento foi a tão esperada materialização do Larrabee durante a palestra de abertura do segundo dia do evento proferida por Sean Maloney, Vice-Presidente da Intel e Gerente do grupo de arquitetura. Larrabee, para quem não sabe, é o processador gráfico da Intel. Até agora era mais uma dessas coisas que se sabe que existem mas ninguém jamais viu, como filhote de pombo e cabeça de bacalhau. Pois no IDF 2009 um Larrabee foi exibido em pleno funcionamento, rodando uma versão do jogo “Quake Wars: Enemy Territory”. As características do chip ainda estão cercadas de mistério (até ser mostrado em carne e osso, quer dizer, em silício e “high-k metal-gate”, havia quem não acreditasse em sua existência, jurando que todo o estardalhaço em torno dele era estratégia da Intel contra a investida da concorrente AMD no processamento gráfico). Consta que tem 32 núcleos que rodam simultaneamente rotinas de tridimensionalidade, rasterização e renderização volumétrica. Se é verdade, não sei. Mas sei que vi o bicho rodando e a geração de imagens dinamicamente refletidas em uma superfície líquida que ondulava me deixou deveras impressionado.
Mas o melhor a Intel deixou para o final. No último dia do evento reuniu um grupo de jornalistas em uma sala, fez com que prometessem não revelar o que ali veriam antes do último final de semana e promoveu um espetáculo de televisão para a seleta platéia.
Mas não foi um espetáculo de TV com astros e estrelas. Pelo menos de carne e osso. O grande astro foi um pequeno chip que sequer foi mostrado. Os jornalistas presentes apenas puderam ver e manusear a placa-mãe onde ele será montado. Uma pequena placa quadrada cujo lado é pouco maior que uma caneta, onde mal cabem os módulos de memória e aparece em destaque o soquete no qual se encaixa o astro do show: um exemplar de um processador conhecido apenas pelo nome de código Westmere que, segundo a Intel, já entrou em processo de fabricação e será lançado em alguns meses. Estarão entre os primeiros exemplares comerciais fabricados com tecnologia de 32 nm, têm dois núcleos e usam não somente a tecnologia HyperThread (que faz com que um núcleo se comporte como dois, semi-independentes) como também a “Turbo Boost”, que permite que quando um ou mais núcleos estejam subcarregados, o(s) remanescente(s) aumentem sua frequência de operação para aproveitar a capacidade ociosa. Mas não é isso que os torna especiais. O que fez a Intel exigir tanta discrição foi uma qualidade notável: o Westmere será o primeiro chip da Intel a trazer, no interior do encapsulamento do microprocessador, um processador gráfico independente que faz com que seu desempenho atinja o limite do extraordinário em aplicações gráficas.
Veja a foto da TV em alta definição exibindo dois filmes simultaneamente (uma animação e trechos de seu “making of”), ambos sem qualquer falha. Repare na terceira janela, mostrando o gerenciador de tarefas de Windows aberto na aba “desempenho”. Dá para ver o indicador do uso da UCP, assinalado pela seta? Eu ajudo: dois por cento. Dois filmes, um ocupando quase toda a tela, só drenam dois por cento da capacidade do processador e deixam o resto para as demais tarefas. Como pode? Ora, o trabalho pesado é feito pelo coprocessador gráfico interno. Um espanto. E um mundo de oportunidades para aplicativos gráficos e televisão...
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B.
Piropo