< Jornal Estado de Minas >
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16/08/2007
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< A Intel e a Saúde > |
O Intel Editor’s Day é um evento realizado anualmente pela Intel para discutir sua estratégia de negócios e apresentar lançamentos recentes para membros da imprensa especializada. O deste ano, levado a termo há duas semanas em Mogi das Cruzes, SP, comemorou 20 anos de presença no Brasil da Intel e por isso foi batizado de “Bodas de silício”, nome apropriado para quem usa este elemento como principal matéria prima. Quem esperava muitas novidades talvez tenha se decepcionado. Afinal, este foi um ano “toc” e as novidades se acumulam nos anos “tic”. Estranhou? Bem, é que a Intel adotou uma estratégia bienal de desenvolvimento de produtos que batizou de “tic-toc” (na verdade, “tick-tock”, mas meu amor pelos anglicismos não vai tão longe). Nos anos “tic”, os pares, ela se dedica ao desenvolvimento de novas tecnologias e é aí que surgem as novidades. Nos anos ímpares, os “toc”, aperfeiçoa estas tecnologias e seu processo de fabricação. Assim, ano passado, um ano “tic”, foram desenvolvidas as novas arquiteturas que deram origem aos processadores de núcleos múltiplos e à mudança do nome da linha de processadores para “Core”. Este ano, um ano “toc”, a Intel se volta para o aperfeiçoamento destes chips iniciando a fabricação da família de processadores cujo nome de código é “Penryn” que adota basicamente a mesma arquitetura “Core”, porém com alguns aperfeiçoamentos e, a mudança mais importante, emprega pela primeira vez o processo de fabricação de processadores com camada de silício de 45 nm. Para o próximo ano, um ano “tic”, espera-se novidades: a quarta geração da arquitetura Core (nome de código “Nehalem”) com gerenciamento dinâmico de energia, multithreading simultâneo, gerenciamento dinâmico de cores, tudo isso embutido no próprio chip – que terá versões de até oito núcleos. Mas isso é papo para 2008. Mas acontece que até mesmo nos anos “toc” aparecem algumas novidades interessantes no Editor’s Day. Como por exemplo o lançamento de um tipo muito especial de computador portátil estilo “tablet”, o Assistente Clínico Móvel ou MCA (de Mobile Clinical Assistant). Um importante exemplo da incursão da Intel na área da saúde.
O exemplar que examinei era o C5, um Pentium M de 1,3 GHz, 1 GB de RAM e disco rígido de 20 GB fabricado pela Motion Computing rodando Windows XP Tablet Edition (a Intel desenvolveu a plataforma mas cada fabricante pode criar seu modelo). Sua função é facilitar o trabalho das equipes médicas e de enfermagem de grandes hospitais que podem visitar doentes em todas as alas permanecendo conectadas sem fio através do MCA às informações dos pacientes em tempo real. Informações que vão desde o prontuário e histórico médico até características como tipo sanguíneo, alergias, diagnóstico e medicação prescrita. E como o MCA é dotado de reconhecimento de escrita e câmara digital, pode atualizar os dados também em tempo real. Em suma: o MCA é a peça principal de um sistema que permite coletar, recuperar, identificar, verificar e documentar todos os dados relativos ao atendimento ao paciente.
O micrinho foi concebido especificamente para a “frente de batalha” dos grandes hospitais, ou seja, para os médicos e enfermeiras que estão em contato direto com os pacientes. Dispõe de bateria de longa duração, tela sensível ao toque e acesso seguro à rede sem fio, é leve, resistente a quedas e choques, impermeável e fácil de desinfetar. Foi desenvolvido com base nas pesquisas da equipe de sociólogos do Grupo de Saúde Digital da Intel observando as interações entre o pessoal envolvido com os cuidados dispensados a pacientes em grandes hospitais em diversos países do mundo. O equipamento está em plena produção, mas ele sozinho não resolve. Deve integrar-se a um novo modelo de prestação de serviços de saúde com foco no paciente, decisão colaborativa e cuidado especializado. E, sobretudo, depende de uma base de dados que englobe pacientes, hospitais, laboratórios e planos de saúde. Além da implantação de um “hospital digital integrado” com MCAs conectados a servidores que lhes forneçam dados do paciente e adote técnicas como o uso de imagens digitalizadas, tecnologias RFID para identificação de pacientes e coisas que tais. Em suma: toda uma parafernália capaz de tornar mais segura a interação entre a equipe médica e os pacientes.
Por isso, por enquanto, o MCA vem sendo usado apenas em projetos piloto implementados em diversos hospitais, incluindo o El Camino, na Carolina do Norte, EUA, o Salford Royal NHS Foundation Trust, no Reino Unido, o San Francisco Medical Center da Universidade da Califórnia, EUA e o SingHealth’s Changi General, na Ásia. A idéia é desenvolver um sistema integrado de atenção à saúde capaz de facilitar, aumentar a segurança e reduzir os custos de atendimento à saúde. Todas elas ações fundamentais em um mundo onde cresce o peso do segmento de idosos na população, com o conseqüente aumento das doenças crônicas, redução proporcional de profissionais qualificados e custos crescentes. E que necessita urgentemente de novos modelos de atenção à saúde. B. Piropo |