Sítio do Piropo

B. Piropo

< Jornal Estado de Minas >
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07/07/2005

< Um novo padrão “wireless”: xMax >


As transmissões de dados sem fio estão por toda parte. Vão desde o padrão “Bluetooth” que permite a dois dispositivos trocarem dados no mesmo aposento, passam pelo WiFi que estende o raio de ação até o mesmo prédio e se encaminham para o WiMax, que o amplia até a mesma cidade. Pois bem: a empresa xG Technology LCC, sediada em Sarasota, no Estado da Flórida, EUA, está anunciando mais um padrão de comunicações sem fio em alta taxa (Wireless Bradband Communication) denominado xMax.

Mas em um mundo onde já há tantos padrões, qual a vantagem de criar mais um?

Bem, segundo Joe Bobier, o inventor do padrão, ela está no fato do xMax não exigir um “canal” (faixa de freqüências) exclusivo para transmitir dados. A transmissão é feita em alta taxa (“banda larga”) usando freqüências situadas na faixa conhecida por “sub-GHz”, já ocupada por outros usuários.

Nessa altura dos acontecimentos, se você tem algum conhecimento de telecomunicações deve estar, no mínimo, olhando atravessado e com a pulga atrás da orelha. Porque efetuar transmissões nas freqüências de outros usuários pode interferir com o sinal dos proprietários legais dos canais. O que tanto é inaceitável quanto expressamente proibido.

Não obstante, é exatamente isso que Bobier propõe. E garante que não somente a tecnologia não fere a legislação vigente como também não causa qualquer interferência no sinal que trafega legalmente pelos canais compartilhados.

Mas como isso é possível?

Segundo a xG Technologies (veja FAQ em < www.xgtechnology.com/faq.htm >), esse aparente milagre é fruto de uma tecnologia denominada xGCM (de xG Coded Modulation), que usa um sinal de baixíssima potência para transmitir dados que são captados por uma antena especial. A potência de transmissão é tão reduzida que o sinal transmitido fica abaixo do patamar de ruído normalmente existente na atmosfera. Como os receptores de radiofreqüência que se utilizam dessas faixas são regulados para desprezarem os sinais abaixo deste patamar, não são afetados pelos sinais xGCM.

Na verdade, não fosse assim, seria impossível efetuar transmissões por radiofreqüência, já que a interferência dos ruídos de fundo produzidos pela maioria dos equipamentos eletro-eletrônicos seria insuportável. Por isso as autoridades responsáveis estabelecem limites que impedem essas interferências. A xG Technologies assegura que os sinais xGCM situam-se em um nível de potência cem mil vezes menor que os dos limites estabelecidos pela FCC (a agência reguladora americana) e dez mil vezes menor que o usado pelas emissões da faixa UWB (Ultra WideBand).

O segredo, naturalmente, está na unidade receptora, que segundo a xG Technologies, é cuidadosamente sincronizada com a emissora de sinal. E, compreensivelmente, mais detalhes não fornece, já que a tecnologia ainda se encontra em fase experimental.

O primeiro teste de campo bem sucedido foi levado a termo no último mês de maio, uma transmissão entre pontos distantes uma milha (1.609m) que ultrapassou edificações e outros obstáculos sem perda sensível ou distorção de sinal (veja relato no artigo “ xMax First Long-Range Field Test: a Success” em < www.xgtechnology.com/news.htm >). E, segundo artigo de Peter Judge, na Techworld, a xG Technologies promete para setembro próximo a entrada em operação de uma estação base entre Miami e Fort Lauderdale, na Florida, EUA, que cobrirá um raio de 15 milhas transmitindo dados em uma taxa de 40 Mbits/s com uma potência inferior a um watt usando o canal de 900 MHz, que dispensa licença e é normalmente usado por telefones sem fio.

Não sei se realmente precisamos de um novo padrão. Mas o simples aparecimento de mais um é um bom indicador que a comunicação de dados sem fio é uma tendência irreversível.

B. Piropo