< Jornal Estado de Minas >
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24/03/2005
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HSDPA: um novo padrão > |
Hoje, mesmo na rede de telefonia fixa, está se tornando cada vez mais comum a comunicação tipo voz sobre IP, ou seja, transmissões de conversações telefônicas onde o som é digitalizado, distribuído em “pacotes” de dados que são transmitidos individualmente usando o mesmo protocolo empregado na Internet (IP, ou Internet Protocol) e depois reunidos na outra ponta e reconvertidos no som da voz do interlocutor. E, a julgar pelo que anuncia a Nokia com sua nova tecnologia HSDPA, esta tendência logo se propagará para a telefonia móvel. Segundo a empresa, esse tipo de transmissão, denominada “packet switched traffic”, está prestes a superar a transmissão convencional (“circuit switched traffic) tanto para transportar conteúdo digital em redes de dispositivos móveis quanto para transmitir conversações pessoais em telefones celulares. Ou para combinar diferentes meios e serviços na mesma sessão de comunicações. Uma das tecnologias que emprega o “packet switched traffic” é a HSDPA, acrônimo de High Speed Downlink Packet Access. Uma expressão difícil de traduzir mas fácil de explicar: ela designa um tipo de conexão em que a transmissão dos dados que chegam ao dispositivo móvel se dá em taxa maior do que a usada para os dados que dele saem. Uma taxa que pode chegar a 10 Mb/s (megabits por segundo), cinco vezes maior que a disponível na maioria das redes atuais de terceira geração. O que, para o usuário final se traduz em menos espera e menores tempos de resposta. A tecnologia HSDPA é uma evolução da WCDMA (ou Wideband Code Division Multiple Access, que pode ser interpretado como “CDMA rápida” ou “CDMA banda-larga”). Ela foi padronizada na versão 5 das especificações da tecnologia WCDMA produzida pelo 3GPP (3rd Generation Partnership Project) e é inteiramente compatível com as redes atuais que usam WCDMA. Seu novo método de modulação melhora significativamente a taxa máxima de transmissão de dados da estação para o dispositivo. Uma vantagem não apenas para o usuário mas também para o provedor de serviço telefônico móvel, que poderá “espremer” um número muito maior de transmissões em um único canal. O sistema WCDMA transporta dados através de canais dedicados (DCH, Dedicated Transport Channel) que são multiplexados e transportados por um único canal de rádio. A idéia básica na qual se apóia a HSDPA é acelerar a transmissão entre o ponto de acesso à rede e o dispositivo móvel (e não no sentido inverso), criando um novo tipo de canal, o HS-DSCH (High Speed Downlink Shared Channel) que usa mais eficientemente os recursos da freqüência de transmissão. Assim, um mesmo canal pode servir a diversos usuários e, nos períodos de silêncio de uma conversação, os recursos do canal são postos à disposição dos demais usuários. Além disso a tecnologia recorre a diversos artifícios. Um deles é a possibilidade de adaptar a técnica de modulação e codificação em função da qualidade da conexão. Com isso se consegue a maior taxa possível de transmissão de dados tanto em transmissões com sinal de boa qualidade (próximos da estação transmissora) quanto de má. Outro recurso é apressar a solicitação de retransmissão dos pacotes onde erros foram identificados, fazendo isso diretamente na estação base e não na estação remota. A conjugação desses recursos permite que a transmissão por HSDPA atinja uma taxa de até 10 Mb/s em um canal de 5 MHz. Razões como essas levaram os executivos da Cingular, uma das grandes provedoras de telefonia móvel dos EUA, a anunciar na semana passada que pretendem atualizar seus sistemas adotando a tecnologia HSDPA baseado nos resultados positivos de testes realizados em janeiro ultimo. Quanto aos fabricantes, a LG já exibiu o modelo, ainda sem nome, de seu primeiro telefone celular HSDPA e a Samsung anunciou que estará lançando seus aparelhos no início do próximo ano no mercado americano e provavelmente antes disso no europeu. É esperar para ver. Mas seja como for, não resta dúvida que o transporte de voz e dados por pacotes em altas taxas de transmissão por redes de telefonia móvel já é uma realidade. B. Piropo |