Sítio do Piropo

B. Piropo

< Mulher de Hoje >
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11/1995

< Texto e Imagem >


Eu escrevo este texto e a medida que ele vai sendo digitado aparece, letra a letra, na tela de meu computador. Mais tarde, quando terminar de escrevê-lo, posso imprimi-lo e o resultado será uma página com as mesmas letras, impressas na mesma ordem. E se quiser posso ainda gravá-lo no disco rígido do micro sob a forma de um arquivo que conterá, evidentemente, as mesmas letras gravadas na mesma ordem.

Tanto a tela quanto a folha impressa e o arquivo conterão as mesmas informações. É verdade que o arquivo em disco conterá ainda outros dados que não aparecem na tela ou no papel, os chamados códigos de formatação que servem para informar ao computador o tipo e tamanho das letras, os trechos em negrito ou itálico, o espaçamento entre as linhas e outros detalhes referentes ao formato do texto. Mas as letras estarão todas lá.

Se você usa um micro, provavelmente sabe que além de ser um voraz devorador de números e um formidável auxiliar para redigir e editar textos, ele também é uma ferramenta poderosíssima para trabalhar com gráficos, figuras e desenhos. E há um equipamento, chamado scanner, capaz de capturar uma imagem e exibi-la na tela do computador (esse aparente milagre chama-se "digitalizar" a imagem).

Pois imagine que eu escreva um texto que caiba em uma única tela de meu computador. Depois o imprimo e, com um scanner, capturo sua "imagem" e a exibo na tela. Como o scanner capturou a imagem do texto impresso, o que aparece na tela quando essa imagem é exibida é, evidentemente, igual ao que lá estava quando o texto foi escrito. E não havendo distorções, ampliação ou redução da imagem, para nós, meros mortais, não há como distinguir na tela o arquivo texto de sua imagem. Aparentemente são idênticos.

E para o computador, eles também seriam iguais?

Vejamos. Um texto que ocupa toda uma tela resulta em um arquivo que usará menos de 5K do disco, ou menos de cinco mil bytes (é claro que varia com o programa usado para editar o texto, mas o resultado não se afastará muito disto). Já a imagem em preto e branco desse mesmo texto dificilmente resultará em um arquivo com menos de 1000K, portanto cerca de duzentas vezes maior que o arquivo do texto. Por que tanta diferença? Bem, quando eu digito um texto letra a letra, o computador armazena na memória (e mais tarde, ao gravar o arquivo, transfere para o disco) o código de cada letra ou número, sinal de pontuação, interrogação e tudo o mais que eu digitar e que será exibido na tela. A essas letras, números e sinais dá-se o nome genérico de "caractere". E cada caractere pode ser representado por um byte. Como na tela cabem cerca de trinta linhas e em cada linha há pouco menos de oitenta caracteres, um texto que a ocupe inteira conterá menos de dois mil e quatrocentos bytes. Que, somados aos códigos de formatação, dificilmente resultarão em um arquivo com mais de cinco mil bytes.

E a "imagem" do texto? Bem, ela é formada pelo conjunto das imagens de cada letra. E a imagem de uma letra é representada por um conjunto de pontos. O "desenho" da letra é formado por uma enorme quantidade de minúsculos pontos pretos enquanto o fundo é formado por uma quantidade ainda maior de pequenos pontos brancos (lembre que para o computador não há a noção de primeiro plano e fundo de uma imagem: um ponto é um ponto, não importa se representa a negra letra ou o alvo fundo onde ela repousa). Eu não vou descer aos maçantes detalhes necessários para justificar o cálculo, mas acredite: para representar a imagem de cada letra preta daquele texto sobre fundo branco serão necessários aproximadamente quatrocentos bytes. Como o texto tem pouco menos de duas mil e quinhentas letras, o arquivo que conterá sua imagem terá aproximadamente 1000K. Uma senhora diferença de tamanho entre os arquivos do texto e de sua imagem.

Tá tudo muito bom, tá tudo muito bem, mas enfim por que tanto alvoroço sobre um assunto aparentemente tão pouco importante? Bem, é que para grandes empresas que lidam com imensas quantidades de documentos isso faz uma diferença danada.

Uma das grandes dores de cabeça dessas corporações é o arquivamento de informações. Que geralmente ocupam salas enormes pejadas de imensos arquivos empoeirados prenhes de papeis velhos. Um espaço valioso que poderia ser utilizado para atividades mais nobres. Uma das soluções é a microfilmagem, mas então é preciso arquivar os microfilmes. E a consulta e impressão (sim, por vezes é necessário ter em mãos uma cópia impressa de um velho documento) de microfilmes é um negócio danado de trabalhoso.

Outra solução seria digitalizar os documentos com um scanner e armazenar suas imagens em disco. Assim, eles poderiam ser consultados diretamente na tela de um micro e impressos facilmente em uma impressora quando necessário. O espaço ocupado por toneladas e toneladas de papel seria reduzido à mesa onde repousa o micro. Uma solução que seria perfeita não fosse o imenso espaço em disco ocupado pelas imagens. Na base de 1000K por página, a capacidade e os custos dos discos rígidos necessários para substituir um arquivo de grande porte seriam gigantescos.

Se houvesse uma forma de armazenar apenas o texto dos documentos em arquivos de texto, sem ter que digitá-los novamente, poder-se-ia usar discos muito menores...

Pois não é que há?

Duvida? Então espere até o mês que vem...

B. Piropo