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< Mulher de Hoje >
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06/1995
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< Mulheres nos BBS > |
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Retorno aqui a um tema que já está se tornando recorrente - e nem poderia deixar de sê-lo em uma revista que se chama Mulher de Hoje. Trata-se da presença cada vez mais forte da mulher nos meios micreiros. E volto ao tema porque li em algum lugar (acho, mas não garanto, que foi no caderno Informática Etc. de O Globo, onde as que me acompanham aqui mensalmente podem me encontrar semanalmente para matar as saudades) que a enorme desproporção entre homens e mulheres nos BBS está diminuindo. A relação, que até recentemente era de nove homens para uma mulher, caiu para três para uma, se a memória não me trai. A maioria de homens continua esmagadora, mas a desproporção está cada vez menos brutal. Um BBS, para as que ainda não sabem, é uma espécie de clube (que, ao que parece, está se tornando cada vez menos do Bolinha...) onde os membros não se vêem nem se falam: apenas trocam mensagens através de seus micros ligados às linhas telefônicas. Parece bobagem, coisa de desocupado, mas na verdade é um negócio muito sério - e, sobretudo, agradável de se participar. Mas como eu já falei muito aqui de BBS, não vale a pena entrar em mais detalhes: basta dizer que seu número vem aumentando rapidamente com a explosão de vendas de computadores domésticos e seus usuários são cada vez mais numerosos. Quando eu disse aí em cima que os membros dos BBS nunca se vêem nem se falam, exagerei: é verdade que é perfeitamente possível trocar mensagens durante anos e desenvolver uma sólida amizade com um colega de BBS sem jamais conhecê-lo pessoalmente. Mas o mais comum é que os amigos se encontrem de quando em vez, seja em locais públicos, como bares e restaurantes, em reuniões abertas onde todos são convidados, seja em grupos menores, na casa de um ou outro usuário que resolveu reunir os amigos para um bate-papo. Pois bem: recentemente participei de uma dessas últimas. E, com prazer, percebi que naquela reunião em particular o número de mulheres excedia o de homens. Algo impensável há dois ou três anos, mesmo que se fizesse um esforço na seleção dos participantes dando preferência às mulheres: simplesmente seria impossível encontrar sete ou oito damas que participassem ativamente de um BBS. E quando digo que percebi com prazer a presença das mulheres na reunião, não minto nem exagero. Eu mesmo, particularmente, prefiro conviver com mulheres que com homens: me entendo melhor com muitas amigas que com alguns amigos e, decididamente, convivo muitíssimo melhor com minhas colegas de trabalho que com meus colegas - tanto na engenharia quanto no jornalismo. Sem falar, evidentemente e para dirimir dúvidas eventuais, que me dou muitíssimo bem com minha namorada, uma adorável e mui feminina mulher. Mas essa é uma questão pessoal e sei que há homens que preferiam os BBS nos tempos em que eles eram um feudo incontestavelmente masculino, onde as poucas mulheres eram a exceção que confirmava a regra e andavam meio escondidas pelos cantos, raramente participando da troca de mensagem (sim: você pode passar anos tomando parte em um BBS, apenas lendo e se divertindo com a troca de mensagens públicas entre os demais membros, sem jamais emitir uma mensagem de sua própria lavra; até pouco tempo era exatamente assim que se comportava a maioria das já poucas mulheres que participavam dos BBS). Pois eles se enganam. A presença maciça e ativa da mulher nos BBS é um benefício inquestionável. Por um milhão de razões. A primeira é que o ambiente fica mais ameno. Os cavalheiros, tendo consciência que há damas observando seu comportamento, ficam mais corteses. Como no botequim de esquina onde entrou uma senhorita para comprar drops e a turma pára de cuspir no chão e dizer nome feio, ajeita o cabelo, abaixa o tom de voz e se compõe enquanto a dama está presente, nos BBS tudo fica mais suave quando as meninas participam. Mas não é só isso. Há também um perceptível enriquecimento da galeria de assuntos tratados. Sim, porque não há limites nem restrições - exceto, é claro, aquelas recomendadas pelo bom gosto e boa educação - nos temas das trocas de mensagens. E na medida que a participação das mulheres aumenta, aumenta igualmente o espectro dos assuntos discutidos. Sem contar que mulher tem muito mais imaginação... Portanto, é com prazer que percebo que o número de micreiras aumenta cada vez mais e que vocês estão cada vez mais participativas. Inclusive dos BBS. Pois não se acanhem: venham mesmo. Venham firme e forte. Não somente o ambiente fica muitíssimo mais agradável com a presença de vocês como, eu garanto, vocês serão recebidas com extremo carinho, grande prazer e profunda emoção. Palavra do Piropo.
B. Piropo |