< Mulher de Hoje >
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05/1994
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< O Micro Doméstico III > |
Recebi uma carta simpaticíssima da leitora Inês Rego, de Teresina, que se interessou pelo que leu aqui sobre a utilização doméstica do microcomputador. Ela achou particularmente interessante poder movimentar sua conta no banco sem sair de casa e deseja mais detalhes. Além de querer mais informações sobre “programas divertidos e intuitivos”. A Inês também quer saber se pode fazer um curso de inglês usando o micro, ouvindo a pronúncia correta das palavras. Obrigado, Inês, pelo interesse. E desculpe por não mandar a resposta por carta, como você solicitou: é que talvez as informações possam ser úteis a outras leitoras. Então você vai me permitir bater esse papo assim em público. Mas não tem nada não: aqui somos todos uma só família, e conversa de amigo pode ser compartilhada. Primeiro, a movimentação da conta bancária. Você vai precisar, sim, de um modem, um dispositivo ligado ao seu computador e à linha telefônica. É ele que vai permitir ao computador “falar” com o banco e trocar informações. Se você quiser o modem só para isso, pode usar um modelo simples, que vai custar pouco mais de cinqüenta dólares. E não precisa uma linha telefônica especial, só para o modem: ele pode ser ligado à linha telefônica comum, de seu telefone de casa. A ligação do modem em nada atrapalha o uso do telefone - exceto, é claro, durante os poucos minutos diários em que seu computador estiver se comunicando com o banco, quando o telefone estará “ocupado”. Além do modem, você vai precisar de um programa de comunicação. E de ter conta em um banco que ofereça esse tipo de serviço na sua cidade. Eu não tenho a lista completa, mas sei que o Unibanco, por exemplo, oferece. Pelo menos aqui no Rio, com certeza: eu o uso quase todo o dia. No caso particular do Unibanco, ele oferece não apenas o serviço como também o programa de comunicação: um funcionário do banco vai à sua casa e o instala em seu micro. Depois, basta carregar o programa, entrar com sua senha e desfrutar de um conforto que só a tecnologia pode oferecer: de casa eu vejo como é pequeno o saldo de minha conta corrente, poupança e fundos, faço aplicações, transfiro dinheiro de uma conta para outra e, veja só, até pago a pensão alimentícia de minha ex- mulher. Em suma: quase tudo o que eu faria na agência, agora faço em casa. Só apareço no banco para fazer algum depósito eventual e pegar talões de cheque. Quanto ao curso de inglês, assim explícito, confesso que não sei da existência de nenhum. Mas há dezenas de programas que servirão para lhe ensinar inglês do jeito que você pretende. Em geral são programas para crianças cujo objetivo é ensinar enquanto divertem. Eu, particularmente, gosto muito de uma série de programas em CD-ROM da Broderbund, uma firma americana especializada em jogos e programas educativos. São “livros” infantis sonorizados: aparece na tela do computador uma “pagina” de cada vez, com o texto em inglês ou espanhol. Você pode trocar a qualquer momento de um idioma para outro. O computador “lê” o texto através das caixas de som em uma pronúncia perfeita em ambos os idiomas. E se você quiser confirmar a pronúncia de uma palavra, basta destacá-la e ouvi-la novamente. É claro que para isso você vai precisar de um computador um pouco mais sofisticado, aquilo que se convencionou chamar de micro “multimidia”, ou seja, capaz de integrar som e imagens. Ou instalar em seu computador um “kit multimidia”, um pacote contendo um drive para discos CD-ROM, placa de som, alto-falantes e alguns programas que permitem desfrutar da multimidia. Um destes pacotes pode ser comprado no Brasil por pouco mais de quinhentos dólares. Mas vale a pena: as historinhas, além de ensinarem inglês, são divertidíssimas. Finalmente, os “programas divertidos e intuitivos”. Com o advento do CD-ROM e da integração do som e imagem aos micros, surgiram centenas destes programas. Que vão desde joguinhos simples até sofisticadíssimos “adventures”, verdadeiros filmes interativos cuja trama você pode conduzir de acordo com suas respostas às perguntas que lhe são feitas. Mas acho que você vai se interessar particularmente pelas muitas enciclopédias multimídia. A Microsoft publica uma, em CD-ROM: a Encarta. É uma maravilha: os tópicos são ilustrados com som e imagem. Ela incorpora um atlas. Você lê o texto descritivo, vê fotos e ouve o hino nacional de todos os países do mundo, com exemplos sonoros da língua local. Há algumas animações ilustrando os temas que são verdadeiras obras de arte. Como você vê, Inês, um micro pode ser uma fonte de prazer inesgotável. Mas, para o fim que você pretende, infelizmente vai ter que gastar um bom dinheiro. Uma máquina capaz de fazer tudo isso aí de cima, equipada com um modem, vai lhe custar de dois a três mil dólares. Um bocado de dinheiro para gastar em um brinquedo, eu sei. E vai ter que investir algum tempo para aprender a usá-lo. Mas, ao fim e ao cabo, talvez valha a pena: a maquininha vai acabar virando sua amiga de todas as horas.
B. Piropo |