< Mulher de Hoje >
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02/1994
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< Usando o Micro em Casa > |
Mês passado terminei a coluna prometendo discutir o uso doméstico do microcomputador. É claro que tenho alguma idéia sobre o assunto. Afinal, tenho micro em casa. Mas acontece que não me considero um caso típico, já que, mesmo em casa, grande parte do uso que faço do micro não é doméstico, mas profissional. Então resolvi perguntar. E, para isso, recorri aos BBS. Vocês sabem o que é um BBS? Bem, as iniciais correspondem a "Bulletin Board System", que significa algo parecido com "Sistema de quadro de avisos". O que, por si mesmo, diz muito pouco. Pior: dá uma idéia totalmente errônea do negócio. Então, tentemos explicar melhor. Computadores podem se comunicar por telefone. E não me refiro aos grandes computadores dos bancos, por exemplo, que estão sempre informando para todas as agências como é pequeno o saldo de nossa conta usando um sistema complicado de linhas telefônicas especiais: me refiro a qualquer micro, desses que se pode ter em casa, e às linhas comuns, que ligam o telefone doméstico ao sistema telefônico público. Como isso é possível? Ora, basta transformar em sons os dados com os quais os computadores trabalham e transmiti-los pelo telefone. Do outro lado da linha, outro computador recebe os sons. Tudo o que é necessário é um dispositivo capaz de transformar os dados em sons, ou "modulá-los", e enviá-los pela linha telefônica. E, ao receber os sons modulados, transformá-los novamente nos dados originais, ou "demodulá- los". Por isso seu nome é "modem", uma abreviação de "modulador/demodulador". Portanto, tudo que é preciso para fazer dois computadores se comunicarem por telefone são dois modems, um em cada computador. E dois telefones ligados à rede pública, naturalmente. Através desse método engenhoso pode-se trocar desde mensagens curtas até longos arquivos contendo programas. Tudo que pode ser gravado em um disco de computador pode ser transmitido via modem. Os modems, já muito populares no exterior, começaram a se difundir no Brasil. Como resultado disso, algumas pessoas resolveram oferecer um interessante tipo de serviço: colocam um computador e uma ou mais linhas telefônicas à disposição de um grupo. Que pode acessar o computador por telefone, transferir arquivos e trocar mensagens. Qualquer pessoa que tenha um micro, um modem e um telefone pode aderir. Alguns cobram uma taxa módica, geralmente muito pequena (afinal, isso tudo custa algum dinheiro) para aqueles que desejam participar. Outros, são gratuitos, mantidos apenas pelo prazer de servir e participar do grupo. Isso é um BBS. De um BBS pode-se receber programas de domínio público e arquivos com informações sobre quase qualquer assunto, mas a idéia básica é a troca de mensagens. Por exemplo: imaginem que eu e a Bruna Lombardi acessamos o mesmo BBS. E vamos supor que ela quisesse sair comigo (na verdade, não vamos apenas supor: vamos torcer desesperadamente por isso). Tudo o que ela teria que fazer era ligar para o BBS e deixar uma mensagem para mim. As mensagens podem ser públicas ou privadas, a critério do remetente. As privadas só podem ser lidas pelo destinatário, as públicas por todos (a da Bruna, naturalmente, eu gostaria que fosse pública: ia matar a turma de inveja). Em mensagens públicas, mesmo sendo destinadas a alguém em particular, todos podem meter o bedelho. O que é ótimo: gera uma interessantíssima troca de idéias sobre os mais variados assuntos. E há também as mensagens sem um destinatário específico: são as mensagens para "All", ou todos. Que servem para saber a opinião do grupo sobre qualquer assunto. Ou para pedir ajuda: se você tem um problema em seu computador e não sabe como resolver, deixe uma mensagem para All relatando a dificuldade. Como em BBS há usuários de todos os níveis, desde principiantes até especialistas, e como todos têm a maior boa vontade em ajudar, muito provavelmente você receberá a solução. E não apenas sobre problemas relativos a informática: por exemplo, recentemente alguém perguntava como usar os correios para importar pequenos objetos. Choveu resposta. Eu costumo acessar regularmente dois BBS, e não acesso mais por pura falta de tempo. Ambos no Rio, onde moro: o CentroIn (Tel. 021-205-0281) e o HotLine (Tel. 021-537-1603). Se vocês quiserem se comunicar comigo, acessem-nos e deixem mensagem para B. Piropo (viu, Bruna?). Mas há BBS espalhados por todo o Brasil. Se você tem computador e deseja aderir, informe-se com algum amigo micreiro. Ou escrevam para cá, que eu dou os números de alguns BBS de sua cidade. Pois bem: recentemente deixei mensagem para All em ambos os BBS perguntando sobre uso doméstico de micros. Vocês vão se surpreender com o resultado. Mês que vem, naturalmente...
B. Piropo |