< Mulher de Hoje >
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07/1993
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< Na Palma da Mão > |
Você acredita que um computador, com teclado e monitor, caiba na palma da mão? Pois acredite. Agora mesmo estou com um na minha frente. Do tamanho de quatro maços de cigarros deitados lado a lado: vinte e cinco centímetros de largura por dez de comprimento. Fechado, dois e meio centímetros de espessura. Ao se abrir, na parte inferior aparece o teclado. A superior exibe a tela de cristal líquido. Chama-se Pocket PC. E faz jus ao nome: cabe no bolso. Desde, é claro, que o bolso seja grande. Seria isso o máximo da miniaturização em matéria de computadores pessoais? Certamente que não: há alguns pouco maiores que um maço de cigarros e que cabem mesmo, inteirinhos, na palma de sua mão (o Pocket cabe, mas se você tem menos de dois metros de altura, sempre sobra um pouco dos lados). Mas, se não atinge o limite da miniaturização, certamente atinge o da usabilidade. Pelo menos para mim: o teclado é o menor tamanho que me permite digitar com conforto e a tela, com dezoito centímetros de largura por pouco menos de oito de altura, me parece o mínimo exeqüível para exibir vinte e cinco linhas de oitenta caracteres Há cerca de três anos começou a moda dos micros portáteis. Os laptops foram os primeiros dignos do nome, alimentados a baterias e concebidos para serem usados no colo ("lap", em inglês, significa "colo"). A idéia era que se trabalhasse com ele apoiado sobre as pernas. Já vi pessoas fazendo isso, e não achei muito confortável: o ideal é usá-lo mesmo sobre a mesa. Sua maior vantagem é ser transportável. Mas, para uso constante, ainda são relativamente grandes e pesados. Com o tempo, as pessoas descobriram as facilidades que um micro portátil poderia trazer. E começaram a comprá-los aos milhares. A indústria, naturalmente, percebeu o rico filão e se lançou de cabeça na onda, produzindo micros cada vez menores, mais potentes e mais baratos. O resultado disso foi a criação dos notebooks, cujo nome deriva de "agenda", em inglês. Não pela capacidade, mas pelo tamanho, comparável ao de um livro de dimensões médias. São muito mais leves que os laptops: enquanto um destes pesa quase dez quilos, os modernos notebooks pesam pouco mais de três. Mas são extraordinariamente poderosos: muitos deles se equiparam ao que é hoje o topo da linha de micros pessoais: computadores completíssimos, com tela plana colorida, disco rígido de grande capacidade e tudo a que um bom micro de mesa tem direito. Na verdade, nada devem a seus irmãos mais velhos, os grandes e pesados micros de escritório. E custam pouco mais que eles. Foram idealizados como "segunda máquina" para profissionais que viajam e precisam de seus computadores sempre junto a si. Mas se tornaram tão poderosos que conheço muita gente que usa um notebook e mais nada. E trabalham pesado. Eu mesmo estava a procura de um desses. Mas para o fim que tinha em mente, um notebook era demais. Caro demais, grande demais, poderoso demais e com inconvenientes demais. Dos quais os maiores eram justamente o preço, o tamanho, o peso e a duração das baterias, que raramente excede a três horas. Eu precisava de um companheiro inseparável, que andasse comigo para cima e para baixo, com minha agenda de telefones, minhas anotações e meus compromissos. E carregar todo o tempo um trambolho de mais de três quilos não me seduzia. Decididamente, um notebook não. Foi quando descobri o Pocket. Na COMDEX, uma enorme feira de informática que se realiza duas vezes por ano nos EUA. A última foi em Atlanta, e lá, no stand da Prolinear International Corporation, uma firma de Taiwan estabelecida também na California, estava o bichinho. Custou menos de quinhentos dólares (viu, pessoal da Receita Federal?). Cabe na minha pasta, pesa meio quilo e usa apenas duas pilhas comuns, das pequenas. Que duram mais de dez horas. Meu sonho! Foi ver e comprar. É verdade que trata-se de um modesto XT. Mas para o fim a que se destina, chega e sobra: roda qualquer programa que rode em um XT, e afinal, até pouco tempo atrás, o XT era o topo da linha. Não tem disco rígido ou drive de disquete. Nem precisa: pode-se interligar a outro micro e transferir programas e arquivos. Além disso, já vem de fábrica com alguns utilitários e mais um programinha formidável, o Works da MicroSoft, um integrado com um editor de textos, um banco de dados, uma planilha eletrônica e um módulo de comunicações. Não é nenhuma brastemp, é verdade, mas é mais que suficiente para as minhas necessidades. Memória, tem que chegue: um megabyte de RAM e mais um e meio de ROM, onde estão indelevelmente gravados o sistema operacional, os utilitários e o Works. Mas se não der, expande-se: o bichinho aceita até dois cartões de memória e chega a cinco megabytes, mais do que jamais virei a precisar. Pronto: agora, ando pra cima e pra baixo com meu XTzinho de bolso, meu "palmtop", ou micro para ser usado na palma da mão (não se preocupem: minha mão é grande, mas geralmente o uso apoiado sobre a mesa). E estamos nos dando muito bem. Transferi para ele minha agenda, um arquivo de banco de dados de tamanho razoável: quase quinhentos registros. O bichinho nem piscou. Em seu editor de textos, criei um arquivo com as coisas mais urgentes a serem feitas e uma série de anotações que gosto de ter a mão. E ainda uso um dos utilitários do micrinho para gerenciar compromissos. Mas não é só isso: afinal, trata-se de um XT com tudo a que tem direito. Semana passada viajei com ele. Precisei coletar dados, entrevistar pessoas, escrever relatórios. Sem o Pocket, seria uma trabalheira: anotar tudo, trazer para casa, digitar os dados em meu micro de mesa, editar os relatórios e mandar tudo de volta por modem ou FAX. Com ele, foi moleza: os dados entraram diretamente nos arquivos do editor de textos que, mais tarde, foram editados e transformados nos relatórios. Depois, bastou transferi-los para um micro de mesa lá mesmo e imprimi-los. Ao embarcar de volta, o trabalho já estava entregue. Sem contar com esta coluna. Que, naturalmente, foi feita por lá mesmo, no Pocket. Em casa, bastou escrever estes dois últimos parágrafos....
B. Piropo |