< Mulher de Hoje >
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09/1992
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< O Banco de Dados da Sogra > |
Alguma vez você já se indagou porque o ramo do conhecimento que lida com computadores se chama "informática"? Pergunto isto porque eu mesmo, na primeira vez que vi o termo empregado com este sentido, estranhei. Naquela época eu nada sabia de computadores. Mas pensava que sabia. Achava que eram máquinas fenomenalmente complicadas, operadas por magos da tecnologia, e só serviam para lidar com números. Eram, pensava eu, enormes máquinas de calcular eletrônicas. Então, porque "informática"?. Mais tarde acabei me interessando pelo assunto. E descobri que, de todas as habilidades dos computadores, a menos usada é justamente sua capacidade de lidar com números. Porque um computador é, sobretudo, um extraordinário instrumento para manejar palavras. Não sabia? Pois é verdade. Um microcomputador (que daqui para a frente vamos tratar com mais intimidade, e chamar só de "micro") pode fazer quase qualquer coisa com palavras. Inclusive, organizá-las das formas mais complexas. E informação nada mais é que um conjunto de palavras organizadas de acordo com um certo critério. Junte as informações (ou "dados") sobre um determinado assunto, e você terá um "banco de dados". Precisa de uma informação? Recorra ao banco e retire seu dado. Ela estará sempre lá, à sua disposição. Por isso o nome "informática". Complicou? Que nada. Aposto que você tem aí mesmo do seu lado pelo menos um banco de dados. Que foi criado por você e que é permanentemente atualizado por você. E, garanto, você usa com freqüência. Não acredita? Pois procure um pouco. Provavelmente ao lado do telefone. Encontrou? Isso, sua agenda de telefones e endereços. Seu banco de dados. Achou a mágica besta e pensa que não é necessário um computador para uma coisa tão simples? Tem razão. Na verdade, tive uma sogra que usava um método muito menos sofisticado: copiava tudo no primeiro pedaço de papel que encontrava - geralmente as costas de um envelope - e enfiava na gavetinha da mesa do telefone. Funcionava: o banco de dados dela era a gavetinha. Mas encontrar um telefone ali dava um trabalho medonho... Já com o micro a coisa é mais simples. Minha agenda tem exatamente 329 entradas (acabei de conferir). Comparar com a gavetinha da sogra é covardia, eu sei. Mas aposto que encontro qualquer telefone muito mais depressa que você, na sua agenda de papel. E com algumas vantagens. Por exemplo: na minha, além dos dados óbvios, como nomes, telefones, e coisas que tais, criei um "campo" ("campo" é o nome que se dá a um tipo de informação) que batizei de "Obs". Pois acontece que tenho péssima memória para nomes. Então, neste campo, escrevo coisas que me ajudem a lembrar de quem se trata. Por exemplo: "Chato que o Plínio me apresentou na festa da Fernanda. Conserta TV.". É claro que este aí figura na minha agenda devido ao segundo atributo, jamais pelo primeiro. Pifou a televisão e esqueci o nome do cara? Mando o micro localizar todos os dados com a palavra "TV". Ou "festa da Fernanda". Ou seja lá como for que me lembre do chato – ele vai aparecer, juntamente com mais meia dúzia, até mesmo se eu procurar pela palavra "chato". Depois, nem preciso discar o número: meu micro está ligado ao telefone. Basta um comando: ele disca e aí é só chamar o chato para consertar a TV. É simples assim. Todo tipo de informação pode ser mantida em qualquer micro, desde um livro de receitas até o catálogo de discos ou filmes de vídeo - listado por diretor, atores, assunto ou o que sua imaginação ditar. E consultado com extrema facilidade. E isto é só um exemplo. Eu mesmo uso o micro principalmente para escrever. Esta coluna está sendo escrita no micro, onde já escrevi dois livros e me preparo para começar o terceiro. Se, daqui há alguns anos, eu precisar consultá-la por algum motivo, basta mandar o micro procurar pelo título e ela aparece na tela em toda sua integridade. E se eu não lembrar do título? Tem nada não: mando procurar pela frase "chato que conserta TV". A coluna vai aparecer em menos de cinco minutos. Experimente fazer o mesmo na sua coleção de revistas... PS: Estou curioso para saber sua opinião sobre a inclusão desta coluna em nossa revista. Que tal escrever para contar? E sugerir assuntos?
B. Piropo |