Micro Cosmo
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29/04/96

< Tipos de Setup >


Antes de prosseguirmos, convém abordarmos um assunto que talvez não tenha sido discutido de forma suficientemente explícita, mas cuja compreensão é importante para que posamos entender melhor o setup.

Seguinte: nós sabemos que a partir do lançamento do AT os parâmetros de configuração passaram a ser armazenados em posições de memória de um chip tipo CMOS. Quer dizer: quando a máquina quer “saber” como um determinado parâmetro está ajustado, ela simplesmente consulta a posição de memória correspondente. Por exemplo: vimos que um dos ajustes de meu velho AT determinava se a máquina seria inicializada em 8 MHz ou em 16MHz. Este dado era armazenado em um determinado bit de uma dada posição da memória CMOS. Que, digamos, se valesse zero corresponderia a 8 MHz e se valesse um corresponderia a 16 MHz. Pois bem: sempre que a máquina era ligada, o programa de inicialização do sistema consultava a posição de memória correspondente e verificava o valor daquele bit. Se fosse zero, ajustava a CPU para operar em 8 MHz. Mas se fosse um, inicializava o sistema para operar em 16 MHz. E este procedimento era repetido para cada um dos parâmetros armazenados nas demais posições de memória do chip CMOS.

Já o programa de setup serve apenas para ajustar o valor de cada um destes parâmetros, ou seja, para alterar o valor dos diversos bits das posições de memória do chip CMOS. E ainda assim, como vimos, somente caso fosse necessário. Se nenhuma alteração de configuração fosse feita em toda a vida útil de um micro (hipótese pouco provável porém não impossível), seu setup jamais seria acionado.

Moral da história: o setup serve apenas para alterar, se e quando necessário, o valor dos bits das posições da memória CMOS que correspondem aos parâmetros de configuração. E mais nada. Portanto o fato de ser ou não interativo, permitir ou não o uso do mouse, usar ou não uma tela gráfica, não tem a menor importância. Exceto, é claro, a de tornar seu uso mais ou menos amigável. Mas este uso é tão eventual, que neste caso ser ou não amigável não significa grande coisa. Mesmo porque quem usa um programa destes e se mete a alterar os parâmetros de configuração de sua máquina, em princípio é um usuário experimentado que sabe o que está fazendo e não depende muito da maior ou menor facilidade de uso do programa.

Este circunlóquio veio a propósito de existirem pelo menos três tipos de programas de setup no mercado. E a razão é simples: existem pelo menos três grandes empresas, AMI, Award e Phoenix, que desenvolvem BIOS para micros da linha PC.

O que significa “desenvolver BIOS”? Ora, o que chamamos de BIOS é na verdade um chip de memória ROM que contém pelo menos três itens diferentes: o código de parte das rotinas que manejam os dispositivos de entrada e saída do micro (ou o “Sistema Básico de Entrada e Saída”, o BIOS propriamente dito, que dá nome ao chip), o código das rotinas de inicialização do computador (incluindo o POST) e o código do programa de setup. Portanto, o BIOS nada mais é que um chip de memória ROM onde estão gravados programas. E programas, qualquer um pode desenvolver (desde, é claro, que tenha competência para tal). Por isto tantos desenvolvedores. E cada um desenvolve um programa de setup diferente dos demais. Ora, a finalidade destes programas é tão somente alterar os valores dos parâmetros de configuração. Logo, as diferenças entre eles são meramente perfunctórias (haja Aurélio...).

Portanto, em nossas discussões do setup, usaremos como modelo o setup da AMI (American Megatrends Inc.). Por nenhuma outra razão além de ser o mais comum.

B. Piropo