Micro Cosmo
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18/03/96
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< DIP Switches > |
As informações sobre seus próprios recursos básicos eram fornecidas ao PC por meio de dip switches. Switch, em inglês, significa “interruptor”. E “DIP” é o acrônimo de Dual Inline Package, um tipo de encapsulamento usado nos circuitos integrados cujos terminais se dispõem ao longo de duas linhas paralelas. Um dip switch é um conjunto de minúsculos interruptores montados em um único suporte plástico no qual cada interruptor interliga dois terminais em lados opostos do suporte. Hoje em dia são raros, mas ainda podem ser encontrados em alguns modems e uma ou outra placa controladora ou periférico que necessite de um método simples e barato de configurar parâmetros. Como qualquer outro interruptor, em um dado momento um dip switch só pode estar aberto ou fechado. Ao se energizar o dispositivo onde ele está instalado, uma diferença de potencial elétrico é aplicada entre os terminais conectados pelo dip switch. Se o pequeno interruptor estiver fechado, uma corrente elétrica fluirá entre os terminais. Caso contrário, não haverá corrente. E como é muito fácil detectar a presença de uma corrente elétrica em qualquer circuito, dip switches são a forma mais simples e barata de ajustar (e “memorizar”) a situação de parâmetros de configuração que oscilam apenas entre dois estados (na verdade há ainda uma forma mais simples: os “jumpers”, pequenas peças metálicas com um invólucro de plástico que se encaixam em dois pinos metálicos nas placas de circuito impresso: encaixados, fecham, removidos, abrem o circuito elétrico entre os pinos; porém um jumper nada mais é que uma variante ainda mais barata de um dip switch). A placa mãe de todo PC dispunha de dois blocos de dip switches. Um deles (que desapareceu com o advento do XT) era usado apenas para indicar a quantidade de memória RAM adicional eventualmente presente em placas de expansão de memória. O outro, que permaneceu na placa mãe do XT (embora com algumas funções modificadas) ostentava oito pequenos interruptores. Que eram usados para ajustar e memorizar a configuração da máquina. Por exemplo: o interruptor 1 aberto indicava a ausência, fechado a presença de drives (de disquete, naturalmente; como sabemos, discos rígidos só foram incluidos no XT e drives de disquetes eram opcionais no PC). Quantos? Bem, para descobrir bastava verificar a posição dos interruptores 7 e 8. Se estivessem, respectivamente, aberto e fechado, havia dois drives. Se, ao contrário, ambos estivessem fechados, havia “menos de dois” drives (além destas, quaisquer outras combinações das posições dos interruptores 7 e 8 eram ilegais). Pareceu-lhe uma coisa estúpida usar três interruptores para indicar a presença de no máximo dois drives, quando seria muito mais lógico usar apenas dois, cada um correspondendo a um drive (presente caso o interruptor estivesse fechado, ausente se aberto)? Sinceramente, a mim também. Não faço a menor idéia do porquê deste método desnecessariamente complexo ter sido adotado, mas os caras que conceberam o PC não eram propriamente idiotas e devem ter tido lá suas razões para tal. O fato é que no XT, a primeira evolução do PC, o interruptor número 1 mudou de função (habilitava ou desabilitava o POST) e a posição dos interruptores 7 e 8, em suas quatro possíveis combinações, indicava a presença de um a quatro drives de disquete (o XT aceitava até quatro drives e a presença de no mínimo um era obrigatória). Os demais interruptores configuravam os parâmetros restantes. O número 2 indicava a presença ou não de coprocessador matemático, os de número 3 e 4, em suas quatro combinações possíveis, a presença de 16K, 32K, 48K ou 64K de memória RAM na placa-mãe, e finalmente os de número 5 e 6, também em suas quatro possíveis combinações, os diferentes tipos de monitor de vídeo aceitos pelo PC. Ao ser ligada, a máquina investigava a posição de cada um dos interruptores e se comportava de acordo. Assim, o conjunto de dip switches permitia não apenas “memorizar” a configuração da máquina, como também alterá-la quando necessário. O intrépido micreiro resolveu adicionar um coprocessador matemático para acelerar ainda mais seu valente PC? Pois bastava abrir o gabinete, encaixar o novo chip em seu soquete e, evidentemente, alterar a posição do interruptor número 2 do bloco de dip switches. Porque se esquecesse deste detalhe, a máquina ao ser ligada verificaria a configuração, constataria que o dip switch número 2 indicava a ausência de coprocessador e ignoraria solenemente o novo e reluzente chip recém instalado. O uso de dip switches para memorizar e alterar parâmetros de configuração é simples e barato, mas tem lá seus inconvenientes. Começando pelo fato de que interruptores, mesmo de excelente qualidade, são dispositivos mecânicos sujeitos a falhas: com o tempo, seja pelo excesso de manipulação seja por corrosão das partes metálicas, a possibilidade de contatos defeituosos aumentava. Além disto, por mais que os manuais alertassem, muitos usuários insistiam em manejar os dip switches com seus lapis (na verdade os pequenos pinos de acionamento pareciam feitos sob medida para as pontas dos lápis). E a grafite que se desprendia era um material condutor que acabava por fechar o circuito elétrico de dip switches abertos. Tudo isto, no entanto, era contornável. Havia, porém, um problema insolúvel: o uso de dip switches somente era aceitável se o número de parâmetros de configuração fosse relativamente pequeno. Porque a medida que este número crescia, ajustar para um lado ou para outro uma enorme quantidade de pequenos interruptores espalhados em diversos blocos em uma grande placa de circuito impresso era um pesadelo. E a possibilidade de erros de configuração aumentava exponencialmente. Portanto, enquanto reinaram absolutos sobre nossas escrivaninhas os vetustos PC e XT com toda sua simplicidade, o uso dos dip switches foi perfeitamente aceitável. Mas quando apareceram os AT, a coisa mudou de figura. B. Piropo |