Micro Cosmo
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11/09/95
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< Particionando V > |
Já sabemos quase tudo que precisamos sobre particionamento. Faltam apenas alguns detalhes, como por exemplo tomar ciência que o tamanho mínimo de uma partição deveria ser uma trilha, mas como o programa usado para particionar discos rígidos somente aceita dados em Mb e não admite valores fracionários, na prática o tamanho mínimo é 1 Mb. Já o máximo é 2 Gb (2 Gigabytes, ou cerca de 2 bilhões de bytes). Mas nem sempre foi assim. Houve época em que o DOS, o único sistema operacional então disponível para micros da linha PC, nem reconhecia discos rígidos. Portanto não existia o conceito de partições, que só surgiu na versão 2.0 do DOS. E nessa época as partições tinham um tamanho máximo de 16 Mb. Mas então particionar o disco rígido não fazia muita diferença prática, já que o número máximo admitido era uma única partição (parece estupidez aceitar partições e fixar o número máximo em uma, mas é bom não esquecer que o particionamento é obrigatório, pois é ele quem indica ao sistema operacional como atribuir designadores às unidades lógicas). A versão 3.0 do DOS aumentou o tamanho de cada partição para um máximo de 32 Mb, mantendo o número máximo em uma. Somente na versão 3.3 foi introduzido o conceito de partição estendida e o DOS passou a aceitar duas partições, ainda com o máximo de 32 Mb por partição. E foi só depois da versão 4.0 que esse tamanho máximo passou para 4Gb. Meu primeiro disco rígido tinha 40 Mb (enorme para os padrões da época) e foi instalado nos tempos do DOS 3.3. Como aquela versão não aceitava partições maiores que 32 Mb fui obrigado a subdividi-lo em duas: uma primária com 30 Mb que recebeu o designador C e uma estendida, de 10 Mb, que aparecia como drive D. E durante algum tempo fomos muito felizes. Mas não há mal que sempre dure nem bem que sempre perdure: um dia aconteceu o inevitável e precisei de mais espaço em disco (fenômeno que se manifesta cedo ou tarde, independentemente de quanto espaço se disponha: agora, por exemplo, acabo de adicionar um segundo Gb de espaço de armazenamento ao Gb de que já tinha; como vocês vêem, só muda o tamanho - a necessidade de mais espaço sempre existe). Comprei então um segundo disco rígido, igual ao antigo. Mais quarenta megas. Naqueles dias eu já era saliente e resolvi instalar eu mesmo o novo disco. Afinal, a coisa era simples: bastava aparafusá-lo no gabinete, ligá-lo à fonte de alimentação com um cabo de força e à controladora com os cabos de dados (dois, já que era um velho RLL), particioná-lo em uma partição primária e uma estendida contendo uma única unidade lógica cada e formatar as unidades lógicas recém criadas. Uma bobagem que poderia ser feita sem problemas por qualquer beócio. Fato que fez esse aqui se animar. No início, tudo correu bem. A instalação física não deu problema: abrir o gabinete, aparafusar o drive e encaixar os cabos foi moleza. A maior dificuldade foi encontrar os parafusos apropriados. Depois, bastou fechar tudo e rodar o Fdisk, um programinha cuja única finalidade é subdividir um disco em partições e sobre o qual falaremos adiante. E pronto. Agora só faltava formatar. Mas formatar o que? Ora, as duas unidades lógicas criadas no disco rígido que havia acabado de ser agregado ao sistema. As antigas, a primária e a estendida do disco velho que eu conhecia como drives C: e D: respectivamente, já estavam formatadas e nelas eu não precisava mexer. Nem devia: na primária morava meu sistema operacional e meus programas e na estendida quase todos os meus preciosos dados. Percebeu? Notou como eram perigosas as águas nas quais eu navegava? Porque tão logo meu novo disco rígido foi particionado, o sistema operacional redistribuiu os designadores. O drive C: não mudou e continuou sendo a partição primária do disco rígido velho, mas o drive D: agora não era mais o que continha meus dados, mas sim a partição primária recém criada no segundo disco rígido (lembre-se que o sistema começa distribuindo os designadores pelas partições primárias e só depois passa para as unidades lógicas das partições estendidas). O próximo designador, a letra E, que antes não existia, foi atribuído à unidade lógica da partição estendida do disco velho, justamente a que até então eu conhecia como drive D: e continha meus dados. E a unidade lógica criada na partição estendida do drive novo passou a ser o disco F:. Eu, do alto de minha monumental ignorância, havendo agregado duas novas partições com o novo disco, parti do princípio que elas só poderiam ser os drives E: e F:, já que os velhos C: e D: eu conhecia muito bem. E nem titubeei: dado o novo boot, sem nem ao menos executar um comando DIR para ter certeza do que fazia, mandei ver e formatei o drive E:, que eu jurava ser a partição primária do novo disco rígido. Foi assim que, pela primeira vez, perdi todos os meus dados e aprendi o valor de um bom backup. Que, evidentemente, eu não tinha feito. B. Piropo |