Micro Cosmo
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21/08/95

< Particionando II >


Semana passada dissemos que existem diversos sistemas operacionais para nossos micros, que são esses sistemas operacionais os responsáveis pelo gerenciamento da distribuição de arquivos nos discos rígidos e que esse gerenciamento pode ser feito de maneiras diferentes, ou seja, usando diferentes “sistemas de arquivos”. E que nem sempre eles se “entendem”.

Vejamos um exemplo. O DOS é um sistema operacional que só sabe cuidar de discos rígidos usando um único sistema de arquivos: o que se baseia na FAT, que já conhecemos. Já o OS/2 é outro sistema operacional. Que também “sabe” usar a FAT, mas sabe usar ainda um outro sistema de arquivos mais aperfeiçoado, o HPFS (um dia, quem sabe, discutiremos um e outro e veremos porque o HPFS é mais aperfeiçoado que a FAT; por enquanto, simplesmente acredite nesse vosso amigo que jamais vos enganaria). Então, se um disco rígido estiver usando o sistema de arquivos baseado na FAT, tanto o OS/2 quanto o DOS seriam capazes de encontrar qualquer arquivo no disco. Mas o que aconteceria se o disco estivesse usando o sistema de arquivos HPFS? Bem. nesse caso o OS/2 saberia localizar arquivos nele, mas o DOS se perderia completamente: para ele, aquele disco pareceria totalmente “embaralhado”.

Pois bem: as partições servem para que possamos usar mais de um sistema operacional em nossas máquinas. Mais nada (se alguém disser algo diferente, por maior que seja a convicção com que o diga, garanto: está enganado; o particionamento serve para isso e com esse fim foi concebido - todo o resto é meramente conseqüência). E mais: embora possamos subdividir um disco rígido em até no máximo quatro partições, só existem dois tipos de partição: principal (ou primária) e estendida.

Agora prepare-se que vou lançar ainda mais confusão em sua mente: você pode ter tantas partições principais quantas queira em seu disco (até o máximo de quatro, evidentemente), mas somente uma delas poderá estar ativa de cada vez. Em contrapartida, somente poderá criar uma partição estendida. Mas ela estará sempre ativa e poderá ser subdividida em tantas unidades lógicas quantas você queira, até um máximo de vinte e duas.

Pronto: agora mesmo é que a coisa complicou...

Então vamos, passo a passo, destrinchar essa complicação toda, começando com o conceito de partição principal e estendida.

Uma partição principal é aquela que pode ser usada para dar o boot, ou seja, carregar os arquivos de um sistema operacional ao se ligar a máquina (é claro que os arquivos do sistema operacional precisam estar gravados nessa partição, ou seja, o sistema operacional precisa ser previamente “instalado” na partição). Embora ela ocupe apenas parte de um disco rígido (sim, pois você ainda se lembra que a partição nada mais é que um “pedaço” do disco rígido), para o sistema operacional, para você e para os programas, a partição principal aparece como se fosse um disco rígido independente, uma “unidade lógica”. E mais: aparece sempre como “drive C:”.

Sim, você entendeu direito: é possível ter até quatro partições principais, mas toda partição principal aparece como drive C:. E é justamente por isso que somente uma delas pode estar ativa de cada vez. Siga adiante que você logo entenderá porque.

Imagine que você queira instalar em seu disco rígido três sistemas operacionais diferentes. Por exemplo: DOS, OS/2 e Windows NT. Imagine ainda que seu DOS usará o sistema de arquivos baseado na FAT, o OS/2 usará o HPFS e Windows NT o NTFS. Seria isso possível?

Mas claro que sim. Particione seu disco rígido em três partições principais, ou primárias. Em uma delas, instale o DOS e sua FAT. Em outra, instale o OS/2 e seu HPFS e na terceira instale o Windows NT e seu NTFS. Pronto. Quer usar o DOS? Pois dê o boot pela primeira partição principal. Ela aparecerá como Drive C. O DOS poderá encontrar qualquer arquivo nela, pois ela usa a FAT e de FAT o DOS entende como ninguém. E as outras duas partições? Bem, lamento, mas para todos os efeitos práticos, enquanto o DOS estiver controlando a máquina, elas não existem. Primeiro, porque como sabemos somente uma partição principal pode estar ativa de cada vez (senão você teria mais de um Drive C:, o que daria uma confusão medonha). Depois, porque mesmo que você pudesse acessá-la com uma outra letra de drive (ou “unidade lógica”), de nada adiantaria, pois elas usam sistemas de arquivo que o DOS não “entende”, e para o DOS apareceriam como discos embaralhados.

Então, para que servem as outras duas partições?

Isso é o que veremos semana que vem...

B. Piropo