Depois da formatação física, tudo o que há no disco rígido são setores.
Trilhas e mais trilhas, uma após a outra, cada uma delas subdividida
em um enorme número de setores. Mais nada. Nenhuma informação ou
tabela que diga respeito à localização dos futuros arquivos no disco
nem espaço reservado para elas, nada que se assemelhe a um diretório,
em suma: nada além de setores e mais setores. Todos, evidentemente,
vazios. Se você comprar um disco rígido novo, provavelmente é assim
que ele chegará às suas mãos (lembre-se que os discos modernos já
vêm de fábrica formatados fisicamente). Mas a você cabe particioná-lo,
ou seja, subdividi-lo em partições.
Neste
ponto, uma advertência: o que vamos discutir nas próximas semanas
é um tanto mais complicado que o conteúdo habitual deste MicroCosmo.
Portanto, esteja preparado. Por outro lado, se você acompanhar com
atenção, garanto que depois que terminarmos com o particionamento
de discos rígidos, pelo menos sobre esse tópico você saberá mais
que muita gente metida a “entender de computador”. Porque, por alguma
razão que jamais compreendi, esse assunto, embora de importância
fundamental, é sempre abordado quase superficialmente na maioria
dos livros sobre informática. Mesmo nos melhores
Então
vamos a ele: particionar, como o nome indica, nada mais é que dividir
um disco rígido em partições. Mas que diabo é uma partição e porque
isso é necessário?
Bem,
uma partição é um “pedaço” do disco rígido. Um pedaço formado por
um certo número de setores contíguos, ou seja, setores sucessivos
de trilhas sucessivas (em outras palavras: não pode haver “buracos”
em uma partição: ela deve começar em um dado setor e se estender
sucessivamente, setor a setor, até o último da partição). Um disco
rígido tem que ser subdividido em no mínimo uma e no máximo quatro
partições. E esse “tem que” é intencional: o particionamento é obrigatório
(logo veremos porque), portanto se você não quiser subdividir seu
disco, será obrigado a particioná-lo em uma única partição que se
estende desde o primeiro até o último setor.
Isso
explica o que é a partição, mas não para que serve. E para entender
isso vamos ter que falar novamente em um assunto que já abordamos
superficialmente, dissemos que é importantíssimo e garantimos que
um dia voltaríamos a falar dele em detalhes: o sistema operacional.
Bem, esse dia ainda não chegou, mas o tema é tão importante que
vamos ter que nos referir novamente a ele mesmo sem dominarmos o
assunto. Se você lembra, dissemos que sistema operacional nada mais
é que um programa. Mas um programa tão importante que controla a
máquina. Por isso, micro algum funciona sem sistema operacional.
E dissemos ainda que se você usa um micro da linha PC, é quase certo
que esteja usando um dentre quatro sistemas operacionais: DOS, Windows
(que não é exatamente um sistema operacional, mas para todos os
fins práticos se comporta exatamente como se fosse), OS/2 ou Windows
NT (mas não somente esses: pode ainda estar usando outro, como o
Unix, por exemplo, ou o Netware).
Além
disso, quando discutimos a distribuição dos arquivos nos disquetes,
dissemos que é justamente o sistema operacional quem cuida desses
detalhes. Em outras palavras: é o sistema operacional que administra
a tabela de alocação de arquivos (ou FAT), gravando os arquivos
no disco e marcando na tabela sua localização.
O
que não dissemos é que há outras maneiras de gerenciar arquivos
além da FAT. A FAT apenas é a mais usada e por isso foi tomada como
exemplo. Na verdade, a FAT representa um “sistema de arquivos”,
ou uma maneira particular de gerenciar arquivos usada pelo DOS (o
sistema operacional mais comum) e por Windows. Mas há outras. Evidentemente
não vamos entrar em detalhes, mas por exemplo o OS/2, além da FAT,
pode usar um sistema de gerenciamento de arquivos chamado HPFS (High
Performance File System, ou sistema de arquivos de alto desempenho)
e Windows NT pode usar um outro chamado NTFS (Next Technology File
System, ou sistema de arquivo de tecnologia futura).
O
problema é que um não se entende com o outro. Ou seja: se um disco
rígido usa um determinado sistema de arquivos para gerenciar a distribuição
de arquivos no disco, um sistema operacional que não “entenda” esse
sistema de arquivos não consegue encontrar os arquivos naquele disco.
Eu
sei que para quem não sabe exatamente o que é um sistema de arquivos
esse negócio parece um tanto complicado demais. Mas tudo bem: semana
que vem voltaremos ao assunto em mais detalhes e então, com certeza,
você irá entender melhor.
B.
Piropo