Pois muito bem: se você está nos acompanhando, agora tem em mãos
um disquete recém formatado - aliás, recém reformatado, já que o
formatamos pela segunda vez - no qual existiam dois arquivos, Teste1.Txt
e Teste2.Txt, que desapareceram com a formatação. Esse súbito desaparecimento
de arquivos já foi fonte de terríveis dores de cabeça: muita gente
boa já desesperou-se ao perceber que arquivos contendo informações
vitais simplesmente desvaneceram-se ao formatar o disco errado.
Um problema sério. E, sobretudo, desnecessário.
Por
que desnecessário? Ora, pense bem: qual a finalidade de se reformatar
um disco? Na imensa maioria dos casos é apenas um meio rápido de
se livrar de seu conteúdo para reutilizá-lo. Um ação corriqueira
quando se precisa de um disco novo: pega-se um disquete usado, reformata-se
e tem-se em mãos um disco “em branco”, com todos os setores disponíveis
para receber novos arquivos. Será que para isso é preciso remover
completamente os dados que formavam os arquivos anteriores?
Aparentemente
a resposta óbvia é que sim, é preciso: afinal, necessitamos justamente
dos setores ocupados pelos velhos arquivos para gravar os novos.
Pois lamento informar que, nesse caso, a resposta óbvia é a resposta
errada. E basta pensar um pouco para descobrir porque. Pois não
é necessário “apagar” as informações contidas em um meio magnético
para gravar outras: basta gravar “em cima” das anteriores. Portanto,
por paradoxal que pareça, para preparar um disco “em branco” para
ser reutilizado não é necessário remover o conteúdo dos setores
onde estavam os arquivos. Basta alterar o diretório raiz e a tabela
de alocação de arquivos, ou FAT. As entradas de diretório são alteradas
para indicar que estão vazias e as da FAT são modificadas para indicar
que o setor correspondente está disponível. E isso é o que basta:
os setores que contêm os arquivos não precisam sofrer alteração
alguma. As informações podem continuar lá, já que tão logo um novo
arquivo venha ocupar os mesmos setores, elas serão substituídas
pelas novas.
Pois
bem: nas primeiras versões do DOS, a formatação era um processo
deveras radical. Pois não somente os setores eram delimitados e
as devidas informações eram gravadas nos setores que constituiam
a FAT, diretório raiz e setor de boot, como todos os demais eram
totalmente sobrescritos. Qual o objetivo disso? Ora, verificar as
condições do meio magnético: durante a formatação, todos os setores
eram preenchidos (com o mesmo byte, o decimal 246, se a informação
interessa; mas poderia ser qualquer outro, evidentemente) e eram,
depois, lidos um a um. E aí vale o velho ditado: escreveu, não leu,
o pau comeu. Que nesse caso significa apenas que a entrada da FAT
correspondente ao setor que armazenava o byte que não foi lido recebe
o código de setor com defeito para evitar que ele seja usado por
algum arquivo. E o mesmo processo ocorria cada vez que se formatava
o disco, não importa que ele já houvesse ou não sido formatado.
Ora,
mas isso, em princípio, somente é necessário na primeira formatação.
Daí em diante, os setores com defeito já estão marcados. Portanto,
desde que essas marcas sejam preservadas, é desnecessário testar
novamente todo o disco e não é preciso sobrescrever os setores que
continham dados.
Pois
bem: a partir da versão 5.0 do DOS, alguma alma caridosa se apercebeu
que seria muito mais inteligente que, quando um disco previamente
formatado fosse novamente submetido à formatação, o sistema preservasse
as informações que ele continha (pelo menos por algum tempo, já
que depois que novas informações fossem gravadas nos mesmos setores,
não daria para recuperar as antigas nem com reza braba; mas a experiência
mostra que na imensa maioria dos casos, percebe-se que se formatou
o disco errado quase imediatamente após se fazer a besteira).
E
assim se fez. Na verdade, fez-se mais: do DOS 5.0 para a frente
permitiu-se que o usuário decida de que modo o disco será formatado:
sobrescrevendo ou não as informações anteriores. E criou-se ainda
uma nova maneira de formatar discos, a formatação rápida.
Como
veremos a partir da semana que vem.
B.
Piropo