Micro Cosmo
Volte
02/01/95

< Entrando e Saindo >


Já sabemos que, em nossos computadores, quem computa mesmo é a CPU, ou microprocessador. O resto está ali para ajudar. Mas, afinal, o que é “computar”? Bem, um nome mais esclarecedor para definir o que faz um computador é “processar dados”. Ele recebe dados brutos e processa-os, ou seja, modifica-os segundo determinados critérios, transformando-os em um produto final. Que pode ser a planta de uma casa impressa em papel, a previsão da receita de uma empresa para esse ano exibida na tela através da simulação feita por uma planilha eletrônica, ou até mesmo a música de um disco laser tocado em um drive de CD-ROM. No caso da planta, os dados são as linhas que formam as paredes, portas e janelas, introduzidos por nós, provavelmente com um mouse, em um programa “de desenho”. No caso da simulação, os dados são os números correspondentes às receitas e despesas mensais do ano passado, introduzidos na planilha pelo teclado. E no caso da música, os dados são sons digitalizados armazenados no disco laser e lidos diretamente no drive CD-ROM. Os produtos finais foram muito diferentes, como foram diferentes os dados e meios usados para introduzi-los na máquina, mas todas as atividades foram, essencialmente, iguais: obter dados, processá-los e gerar o produto final.

Quem processa os dados é sempre a CPU. Para fazê-lo, ela obedece a instruções. Essas instruções chamam-se “programa”. Portanto, já podemos afirmar que um programa de computador é um conjunto de instruções, executadas seqüencialmente pela CPU. Evidentemente, cada produto final exige um conjunto diferente de instruções para ser gerado: dificilmente você esperaria ouvir sua planilha eletrônica tocar um rock pauleira ou seu programa gráfico executar cálculos simulando cenários de negócios. Por isso existem programas diferentes para gerar produtos distintos: editores de textos para escrever, planilhas eletrônicas para calcular, programas gráficos para desenhar e mais um mundo de outros que permitem fazer as coisas mais exóticas - inclusive joguinhos para jogar, que ninguém é de ferro. Mas todos eles fazem a mesma coisa: recebem dados, processam-nos e os transformam em um produto final.

De onde vêm os dados? Ficando ainda no nosso exemplo, os da planta da casa foram introduzidos por nós usando o mouse. Os da simulação, foram introduzidos pelo teclado. Os da música não foram introduzidos: estavam armazenados no disco e foram simplesmente lidos e processados.

Pois bem: dispositivos como o disco laser, que “guardam” os dados a serem processados, são chamados de “dispositivos de armazenamento”. E dispositivos como o mouse e teclado, usados para introduzir dados no computador, são chamados de “dispositivos de entrada”.

E como o produto final nos foi entregue? A música, pelos alto-falantes das caixas de som ligadas ao micro. A planta da casa, pela impressora. E a simulação, que evidentemente também poderia ter sido impressa, foi simplesmente exibida na tela. Estes dispositivos, através dos quais o micro nos fornece o produto final do processamento dos dados, são chamados dispositivos de saída.

A tecnologia da informática vem evoluindo extraordinariamente, e é cada vez maior o número de porcarias que podem ser penduradas em um micro. Por isso mesmo há os mais variados dispositivos de entrada e saída. Para ficar nos menos exóticos, o rei dos dispositivos de entrada (por enquanto) é o teclado. Mas há outros igualmente comuns, como o mouse. Além de canetas óticas com as quais se pode “escrever” diretamente na tela, scanners que “lêem” imagens impressas em papel e as transferem para o vídeo, microfones (que, quando a difícil tecnologia de reconhecimento de voz evoluir o suficiente, substituirão os teclados e nossos micros ficarão com o jeitão do HAL do “2001, Uma odisséia no espaço”) e mais um mundo de outros. Todos eles com uma coisa em comum: introduzem dados no micro para serem processados.

Os dispositivos de saída mais usados são, de longe, o vídeo e a impressora. Mas há outros, como caixas de som e plotters (uma espécie de impressora especial para o desenho de plantas). Também todos com a tarefa comum de nos apresentar o produto final do processamento dos dados. E existem alguns dispositivos que são ao mesmo tempo de entrada e de saída. O mais comum é o modem, que permite interligar dois micros através de uma linha telefônica: o mesmo modem que recebe os dados do micro remoto pela linha telefônica (dispositivo de entrada) é capaz de enviar os dados gerados no seu micro para o outro pela mesma linha telefônica (dispositivo de saída).

Semana que vem veremos os dispositivos de armazenamento. Hoje, vimos os de entrada e saída. Que também são conhecidos como dispositivos de I/O, o acrônimo de Input/Output (Entrada/Saída, em inglês). Mas, pensando bem, toda essa coluna poderia perfeitamente ser substituída por uma única e genial frase do Millor Fernandes:

“Um computador tem duas operações básicas: o input - tudo o que entra - e o output - tudo o que sai. O que o input e o output fazem lá dentro é todo o mistério da informática”.

Pois é para tentar destrinchar esse mistério, mestre Millor, que humildemente, estamos aqui.

B. Piropo